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LIÇÃO 05 – JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS - 2° TRIMESTRE 2015(EBD Tube)

O Quê? DA LIÇÃO 05 - POR QUE JUDAS? - 2° TRIMESTRE 2015(EBD Tube)

LIÇÃO 05 – JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS - 2° TRIMESTRE 2015(IEAD-PE)

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
LIÇÃO 05 – JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS - 2º TRIMESTRE 2015
(Lc 14.25-35)
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a definição etimológica da palavra discípulo. Também veremos como Jesus
escolheu seus primeiros discípulos/apóstolos, e quais as características de um verdadeiro seguidor do Mestre.
I – DEFINIÇÃO ETIMOLÓGICA DA PALAVRA DISCIPULO
A palavra discípulo do grego "mathetes" significa literalmente: "aprendiz" que é derivado de "manthano" que é
"aprender", e é aludido aos discipulos de Jesus (Jo 6.66; 8.31; 13.35; 15.8; 19.38; Lc 6.17) e especialmente aos doze
apóstolos (Mt 10.1; Lc 22.11) e em Atos 6.1,2,7; 14.20,22,28; 15.10; 19.1 descreve aqueles que creram em Jesus e
confessaram o seu nome. Um discípulo não era somente um aluno, mas um partidário, eram imitadores do seu mestre (Jo
8.31; 15.8) (VINE, 2002, p. 569 – acréscimo nosso). Variantes dessa expressão ocorrem mais de 290 vezes apenas nos
evangelhos e em Atos. Embora a palavra “discípulo” seja encontrada apenas duas vezes no AT (Is 8.16; 19.11), o conceito
era largamente praticado, Josué foi discípulo de Moisés (Êx 24.13; 33.11), Rute aprendeu com Noemi (Rt 1.16-18),
Samuel dirigiu uma escola de profetas (ISm 19.20) e Eliseu foi discípulo de Elias (2Rs 2.1-15). (ADEYEMO, 2010, p.
1252).
II - COMO JESUS CHAMOU SEUS DISCÍPULOS
Não podemos confundir os apóstolos com os discípulos, pois, todo apóstolo foi um discípulo, mas, nem todo
discípulo foi escolhido como um apóstolo. Tornar-se discípulo é bem diferente de tornar-se um aluno, pois, no discipulado,
o seguidor passa a conviver com o seu mestre e a viver como ele (1Pe 1.14-19; 2.15,16; 1Jo 2.3-6) e esse aprendizado é
exercido diuturnamente. Os homens que Jesus chamou para andar perto eram homens simples e comuns, mas que tinham
em suas vidas algo que atraiu o olhar e a atenção de Jesus sobre eles (WESLEY, 2006, p. 7). Analisemos:
2.1 Ele buscou a direção do Pai na escolha (Lc 6.12). Jesus passou uma noite orando em favor dessa sublime causa. Ele
buscou a vontade e a direção do Pai para fazer essa escolha. Ele escolheu os seus discípulos pela orientação do céu.
Devemos submeter a nossa vontade à vontade sábia e soberana de Deus. Os critérios humanos são falhos. As aparências
enganam (1Sm 16.7). Se não seguirmos a vontade de Deus, conforme estabelecida em sua Palavra, podemos fazer escolhas
erradas.
2.2 Ele escolheu homens para andarem com ele (Lc 6.13-16). A palavra “cristão” foi usada originariamente por gentios,
para se referir àqueles discipulos que seguiam a Cristo (At 11.26; 26.28; IPe 4.1 6). Jesus designou os doze apóstolos para
estarem com ele. O que nos qualifica para a liderança não é o ativismo, mas a intimidade com Deus. O ser vem antes do
fazer. Deus está mais interessado em caráter do que em carisma. Jesus chamou os discípulos para estarem com ele. Esse é
o primeiro chamado da liderança. Não podemos cuidar do rebanho se não conhecemos intimamente o Senhor do rebanho.
2.3 Ele chamou homens simples para fazer parte da liderança da igreja (Mt 4.18-22). Jesus escolheu doze homens
totalmente diferentes. Ele não escolheu esses homens porque eram perfeitos ou super-dotados. Jesus investiu neles,
trabalhou com eles, gastou tempo com eles. Ensinou-os, corrigiu-os e amou-os. Depois, revestiu-os com o poder do seu
Espírito (At 2.4). Suas vidas não continuaram sendo as mesmas. Eles foram transformados pelo Espírito de Deus (At 1.8).
III - CARACTERÍSTICAS DE UM VERDADEIRO DISCÍPULO
Discípulos fiéis se caracterizam por qualidades como: a) permanecer na Palavra de Jesus, b) demonstrar fé
inabalável e lealdade a ele, c) ter amor uns pelos outros, e) andar na luz, f) produzir frutos e g) prestar serviço humilde uns
aos outros (Jo 8.31-36; 13.34-35). O discipulado exige também obediência (Lc 6.46). (ADEYEMO, 2010, p. 1252).
Vejamos algumas características do verdadeiro discípulo:
3.1 O verdadeiro discipulo enfrenta os desafios diários (Lc 9.23-27). Jesus falou claramente a respeito do custo do
discipulado (Mc 8.34-38; Lc 14.25-33), salientando que envolveria sofrimento (Jo 12.24-26). Ele convocou seus
seguidores a negar a si próprios, tomar a cruz, colocá-lo acima de todos os outros relacionamentos e assumir uma posição
ao seu lado. O padrão de missão de Jesus como Filho do Homem (Lc 9.22,26) é ser o modelo diário de discipulado. Isso
envolve o mesmo caminho de conquista própria e participação no sofrimento.
3.2 O verdadeiro discipulo renuncia sua própria vida (Lc 9.23-27). Os seguidores de Jesus são convocados a “tomar
sua cruz” dia após dia (Lc 9.23). De acordo com Jesus, tomar diariamente a cruz significa que o discipulado é uma tarefa
extremamente dolorosa, pois significa uma autodoação e um esquecimento de si mesmo. Tomar a cruz quer dizer que a
vida cristã é um morrer diário para si próprio, assim como faz Paulo quando diz: “Dia após dia, morro...” (ICo 15.31).
Mais tarde, Lucas apresenta Simão de Cirene cumprindo literalmente essa convocação de seu Senhor: "... puseram-lhe a
cruz sobre os ombros, para que a levasse após Jesus” (Lc 23.26).
3.3 O verdadeiro discipulo é disponível (Mt 4.18-22). Sempre que tiver oportunidade, o verdadeiro discípulo está
disponível e ansioso por estar com seu líder. Sua disponibilidade demonstra a importância que ele dá ao relacionamento de
discipulado e o Reino de Deus em sua vida. Cada convite para o discípulo verdadeiro é uma oportunidade de crescer e
servir. Podemos aprender mais sobre discipulado observando o relacionamento entre Jesus e seus discípulos. O discipulado
dos doze foi uma resposta pessoal ao chamado de Jesus (Mc 1.16-1 7; Jo 6.60-70) e envolveu o abandono de seus próprios
interesses e confortos (Lc 9.57-62).
3.4 O verdadeiro discipulo ama seu mestre (Mc 3.14; Lc 6 12.13). Jesus cumpriu as palavras da Antiga Aliança que nos
ensinam a amar a Deus acima de tudo (Dt 6.5; Mc 12.30,31). Isso não significa deixar de amar a todos e a tudo, mas sim
amar mais a Jesus. Na medida em que o meu amor por Jesus cresce, cresce também o meu amor pelas vidas ao meu redor,
pela minha família e por mim mesmo (Jo 21.14; Lc 14.26). Marcos 3.14 nos diz que: "os escolheu para que estivessem
com ele". Isto quer dizer que Jesus os chamou para que fossem seus amigos (Jo 15.15). É a palavra no grego
"summathetes" que significa: "discípulo companheiro" ou a expressão "mathetes adelphon" que é: "discipulo irmão"
(VINE, 2002, p. 569). É surpreendente que Jesus precisasse de amigos humanos e os escolheu. "... e chamou para si os
que ele quis..." (Mc 3.13).
3.5 O verdadeiro discipulo é submisso (Mc 10.42-45). No Dicionário submisso quer dizer dócil e servo, o verdadeiro
discípulo reconhece que Deus não aceita menos que um espírito quebrantado e contrito. (Sl 51.17). A falta de submissão é
como um câncer que cresce dentro de alguém, ás vezes a pessoa nem percebe que tem essa doença, mas ele fica quieto, não
dá sinais visíveis, mas num determinado instante estoura e destrói tudo que está por perto. (I Sm. 15.24). Existem três
áreas que mais claramente é manifestada a rebeldia do homem: Em palavras, argumentação e pensamentos.
3.6 O verdadeiro discipulo é fiel e frutifica (Jo 15.7, 8,12). O Aurélio diz que fidelidade significa: “qualidade de fiel;
lealdade, constância, firmeza nas afeições, nos sentimentos; perseverança” (FERREIRA, 2004, p. 894). Dar frutos é
reproduzir a vida de Jesus em nós e em outras vidas. É ser um gerador de discípulos, um consolidador e um pai espiritual.
Um discípulo tem que permanecer na Videira que é Jesus. Assim a seiva, a vida Dele, flui em nós e podemos dar fruto que
também permanecerá. Permanecemos Nele por meio da obediência à Sua Palavra, do amor, da adoração, da oração e da
comunhão com a Igreja.
3.7 O verdadeiro discipulo faz discípulos (Mt 28.19; Jo 15.2). Ser um discípulo implica vinculação pessoal a uma
pessoa em particular que molda toda a vida do discípulo. O aprendiz vive com seu professor, aprendendo ao observar,
ouvir e participar de tudo o que o mestre faz. O aprendizado termina somente quando o aprendiz pode fazer o que o
mestre faz. Essa transmissão de conhecimento e experiência é essencial, pois não existe sucesso sem um sucessor. Um
caminho certo para preparar um sucessor é discipulá-lo (2Rs 2.1-14; 2Tm 1.3-6) (ADEYEMO, 2010, p. 1252). A
maturidade do discípulo está em se tornar semelhante a Jesus tanto em Seu caráter quanto em Suas obras. Nossa missão é
fazer discípulos, mas ninguém pode cumprir esta ordem de Jesus se primeiro não for um discípulo.“Você não será um
discípulo de Cristo até que tenha discipulado outro discípulo” (ADEYEMO, 2010, p. 1039).
3.8 O verdadeiro discipulo é perseverante, humilde e serviçal (Fl 2.5). Jesus, abrindo mão de sua glória e vivendo como
homem, deu-nos o maior exemplo para sermos seus discípulos. Como líder, Ele lavou os pés dos seus discípulos e nos
enviou para sermos como Ele. Servir é uma doação de amor ao Senhor e ao próximo. É Deus quem exalta os servos
humildes. O caminho para um discípulo crescer em autoridade e honra é a humildade e o serviço. O orgulho, egoísmo,
soberba, e altivez não podem pertencer a um caráter semelhante ao de Jesus (Mt 20.28 23.11,12; Mc 9.35; Jo 12.26;
13.12,15; Gl 5.13).
3.9 O verdadeiro discipulo imita seu Mestre (1Co 4.16; 11.1; Ef 5.1; Fl 3.17; Hb 6.12; 13.7). O verdadeiro discípulo do
Mestre tem uma marca, uma característica que o identifica em qualquer parte do mundo, ou em qualquer cultura. São
valores e privilégios inerentes a todos os salvos através da graça do Senhor Jesus Cristo. O verdadeiro discípulo é um
imitador de Jesus (1Co 11.1). Discípulos são também imitadores que tentam agir como seus mestres. Recebemos a ordem
de imitar a conduta dos nossos mestres (2Ts 3.7,9), a fé confiante dos guias espirituais (Hb 13.7) e aquilo que é bom (3Jo
11). Paulo encorajou aqueles a quem levou a Cristo a imitá-lo (1Co 4.16; 11.1; Ef 5.1; Hb 6.12).
CONCLUSÃO
Ser discípulo de Jesus é viver como Ele viveu, andar como Ele andou e imitá-lo em todas as áreas do nosso viver!
Isso é o que significa discipulado: treinar cristãos até que eles se tomem capazes de servir ao reino. Precisamos ensiná-los a
viver corretamente e treiná-los nas armas da guerra espiritual. Muitas vezes, seguir o discipulado de Jesus pode levar ao
sofrimento, mais temos a certeza que isso é para uma finalidade, pois, a luz serve para iluminar, indicar a direção no
escuro. De igual modo, o discípulo precisa ser visível, por isso, o discipulado cristão exige sinceridade, por mais que lhe
seja custoso.

LIÇÃO 05 – JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS - 2° TRIMESTRE 2015(Luciano de Paula Lourenço)

INTRODUÇÃO

A escolha dos doze homens para atuar como apóstolos de Jesus foi um acontecimento central no ministério de Jesus. A escolha foi feita após uma noite inteira em oração (Lc 6:12-16). Ao amanhecer, Jesus chamou a si os seus discípulos. Jesus orava a noite toda antes de tomar uma decisão importante como essa. Ora, se Jesus, sendo o perfeito Filho de Deus, passou uma noite toda em oração ao Pai, para tomar uma importante decisão, quanto mais nós, com nossas fraquezas e nossos fracassos, precisamos orar muito e cultivar uma íntima comunhão com nosso Pai celestial.

Um discípulo era um aprendiz, um estudante. Segundo Leon L. Morris, “no século I, o estudante não estudava simplesmente uma matéria; estudava com um mestre. Há um elemento de ligação pessoal no ‘discípulo’ que falta no ‘estudante’. Do grupo maior de adeptos, Jesus escolheu doze. A esses doze Jesus deu o nome de apóstolos; o termo é derivado do verbo ‘enviar’ e significa ‘uma pessoa enviada’, ‘um mensageiro’”.

A lista dos escolhidos por Jesus para ser apóstolos não é muito impressionante do nosso ponto de vista. A maioria deles deixou pouquíssimas marcas na história da igreja. Jesus escolheu quatro pescadores (Pedro, André, Tiago e João); um coletor de impostos (Mateus); um nacionalista extremado (Simão Zelote); Filipe, que às vezes parecia muito difícil de entender as coisas (João 6:5-7; 12:21-22; 14:8-9); Tomé, que em geral parecia pessimista (João 11:16; 14:5; 20:24-29); Judas, que o traiu, e; três outros, a respeito de quem simplesmente não sabemos coisa alguma. É óbvio que Jesus não levava em conta o sucesso do mundo, a inteligência, etc., como critério importante para ser útil a ele. Jesus preferia operar, naqueles tempos como também agora, através de pessoas perfeitamente comuns.

Os escolhidos foram as pedras fundamentais da Igreja, e sua mensagem encontra-se nos escritos do Novo Testamento, como testemunho original e fundamental do evangelho de Cristo, válido para todas as épocas. O Evangelho concedido a esses escolhidos por Cristo, mediante o Espírito Santo, é a fonte permanente de vida, verdade e orientação à igreja. Isso prova que as escolhas de Deus são muito diferentes daquelas feitas pelos homens. Afinal, Ele olha para o interior das pessoas e não para as aparências, como nós fazemos.

I. O MESTRE

A ênfase que Jesus deu ao ensino ressalta do fato de em geral ser ele reconhecido como Mestre. Ele foi mesmo chamado Mestre, Professor ou Rabi; e tudo isto, traz em seu bojo a mesma ideia geral expressa por Nicodemos quando disse: "Rabi, sabemos que és mestre vindo da parte de Deus" (João 3:2). Jesus a si mesmo se chamava Mestre, dizendo: "Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou" (João 13:13).

1. Seu ensino. Jesus foi o maior Mestre que já viveu. Sua missão era instruir aos outros como conhecer a Deus. Sua mensagem principal era que Deus queria nos amar e nos conhecer. Ele ensinava enquanto andava com os seus seguidores. Ele ensinava em qualquer lugar e a toda hora — no Templo, nas sinagogas, no monte, nas praias, na estrada, junto ao poço, nas casas, em reuniões sociais, em pú­blico e em particular. Ele ensinava em sermões, mas preferia usar uma história ou uma parábola. Ma­teus diz: "Andava Jesus por toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas deles, e proclamando as boas-novas do reino..." (Mt 4:23). Toda a obra de Jesus estava envolvida em atmosfera didática, e não tanto num ar de preleções ardentes, pois observamos que os ouvintes se sentiam à vontade para lhe fazer perguntas, e ele, por sua vez, lhes propunha questões e problemas. “As pessoas ficavam maravilhadas com o ensino de Jesus (Lc 4:22), porque Ele as ensinava com autoridade, e não apenas reproduzia os que os outros disseram. A natureza do seu ensino era diferente – era de origem divina (João 7:16)”.

a) O seu ensino é acessível a todo povo. Ao contrário dos “sabichões” da sua época e dos nossos dias, não queria demonstrar conhecimento, mas tinha por missão fazer com que Deus fosse compreendido pelo povo. Utilizando-se de circunstâncias da vida de seus ouvintes, permitia-lhes enxergar as “coisas de cima”, as realidades espirituais que, se fossem ensinadas em sua profundidade e dificuldade, estariam acima da capacidade de qualquer doutor, como Jesus deixou claro em seu diálogo com o “mestre de Israel” Nicodemos (João 3:9-12).

b) O seu ensino tem uma linguagem acessível, universal. Nunca Jesus fez uso de histórias fantasiosas, de coisas complexas, de enigmas que exigissem capacidade invulgar para decifrá-los. Ele ensinava por Parábolas, ou seja, Ele revelava verdades desconhecidas com base em verdades e fatos conhecidoseram histórias retiradas do cotidiano, do dia-a-dia dos seus contemporâneos, cuja profundidade é mostrada com elementos absolutamente triviais e simples. Ele usava figuras, ou pessoas que todo povo conhecia, tal como a figura de um Semeador que saiu a semear; da Semente que caiu na boa ou na terra ruim; de um Pastor que perdeu uma ovelha; de um Filho que abandonou a casa de seu pai; de uma Moeda perdida por uma mulher; de um Vestido novo que não podia ser remendado com pano velho; de um Pescador jogando sua rede para pescar; de um Construtor que construiu sua casa sobre a areia. Eram dezenas de historias e de figuras sobejamente conhecidas. Isto é uma eloquente demonstração da “simplicidade que há em Cristo” (2Co 11:3).

Ao contemplarmos este modelo de ensino de Jesus, devemos sempre lembrar que na igreja o ministério do ensino deve ser exercido com simplicidade, pois não será a complicação, a erudição excessiva que conferirá profundidade ao ensino, e as parábolas são a prova disto. A mensagem do Evangelho é para todo o mundo, para toda a criatura (Mc 16:15) e, por isso, temos de usar de uma linguagem facilmente acessível, universal, como eram as parábolas.

c) O Seu ensino é completo, ou seja, não se pode acrescentar coisa alguma ao que Ele ensinou. O que foi ensinado e registrado nas Escrituras não pode mais ser acrescido nem tampouco diminuído. Tanto assim é que o Espírito Santo tem por tarefa tão somente nos fazer lembrar o que foi ensinado pelo Senhor Jesus (João 14:26; 16:13-15) - ou seja, não ensina coisas novas -, mas tão somente nos revela o que foi ensinado. Por isso, não podemos permitir “novos ensinos”, “novas doutrinas”, inovações que nada mais são que “doutrinas de homens” (Cl 2:22) ou “doutrinas de demônios” (1Tm 4:1), trazidos por pessoas que querem nos desviar do verdadeiro e único Mestre: Jesus Cristo. Por isso, não podemos crer nestas invenções, uma das principais características dos dias que antecedem à vinda do Senhor (Mt 24:4,5,11,23-26).

2. Jesus ensinava pelo exemplo. O exemplo é essencial para que o ensino tenha eficácia, e Jesus foi, em todos os aspectos, um exemplo como Mestre, demonstrando na prática as verdades que anunciava. Quando lavou os pés dos discípulos, demonstrou a grandeza do serviço humilde, pois apenas os escravos lavavam os pés daqueles que chegavam de viagem nas estradas poeirentas da Palestina. Quando confrontado por seus inimigos em relação ao pagamento de tributos, pegou uma moeda e deu-lhes uma lição importante acerca do respeito ao Estado.

Quando vemos os preciosos ensinamentos de Jesus no sermão do monte, vemos que Ele demonstrou o verdadeiro e profundo sentido da lei e dos profetas, mas, antes mesmo de anunciar tais lições, fez questão de afirmar que havia vindo para cumprir a lei (Mt 5:17). Diante desta afirmativa, não havia como Seus ouvintes deixarem de vincular o que ensinava com o que Jesus vivia e, ao término do discurso, puderam compreender que Jesus dava exemplo, vivia o que ensinava (1Pe 2:21-24), daí porque Seu ensino era “com autoridade”.

Assim falai, assim procedei (Tg 2:12). Na escola secular, o professor pode ser um mero transmissor de conhecimentos. Na igreja é diferente: o professor tem que ser didático e exemplar. Ensinar não é passar conhecimento simplesmente por meio de uma aula expositiva. É muito mais do que isso. Uma lição fica completa quando existe coerência entre o que é “falado” e o que é “vivido”. César Moisés Carvalho, pedagogo e autor do livro Marketing para a Escola Dominical, editada pela CPAD, disse certa vez que o problema de muitos cristãos de nossos dias não é a ortodoxia – saber fazer o que é certo à luz da Bíblia -, e sim a ortopraxia – viver aquilo que sabemos ser o certo à luz da Bíblia. Aqui reside um dos maiores desafios para os que se dedicam ao ensino.

II. O CHAMADO

A expressão "segue-me" é o principal termo para descrever o chamado para o discipulado (Mc 2:14; 8:34; 10:21). Jesus não chamou os discípulos para prioritariamente fazerem um trabalho, mas para um relacionamento. Ir a Cristo, seguir a Cristo, estar com Cristo é mais importante do que fazer a obra de Cristo. Jesus está mais interessado em quem nós somos do que no que fazemos. Relacionamento precede o desempenho. A vida com Cristo precede o trabalho para Cristo. Santidade pessoal precede ministério cristão. Primeiro damos ao Senhor o nosso coração, depois consagramos a Ele tudo o que temos. Inverter esta ordem é o mesmo que trocar a raiz pelo fruto, a causa pelo efeito.

1. Jesus chama cooperadores para fazer a sua obra (1). Os evangelhos registram três ocasiões em que os discípulos foram chamados:

a) A chamada para a salvação. Essa chamada aconteceu na Judeia e está registrada em João 1:35-51. Jesus chamou André e Pedro e estes deixaram as fileiras de João Batista e o seguiram. Mas nessa ocasião, eles ainda voltaram para a Galileia e continuaram com sua atividade pesqueira.

b) A chamada para o discipulado. Essa ocasião é descrita em Marcos 1:16-20, no Mar da Galileia, quando Jesus chamou Pedro e André, Tiago e João para segui-lo. Esse é o chamado para o discipulado. Eles seriam treinados para serem pescadores de homens. Contudo, somos informados em Lucas 5:1-11, que eles ainda voltaram à pescaria no Mar da Galileia. Foi nessa ocasião que Pedro disse para Jesus: "Senhor, afasta-te de mim, porque eu sou pecador". Em outras palavras, estava pedindo para Jesus desistir dele e buscar alguém mais adequado para a grande missão. Mas Jesus não desistiu de Pedro.

c) A chamada para o apostolado. Esse chamado está registrado em Marcos 3:13-21, quando Jesus separou dentre seus discípulos, doze apóstolos para estarem com Ele e para os enviar a pregar e expulsar demônios. Esse foi o chamado para o apostolado.

2. Jesus chama para o seu trabalho pessoas ocupadas (2). Pessoas escolhidas por Deus para uma missão especial normalmente não são pessoas desocupadas e ociosas. O trabalho de Deus exige energia e disposição. O Senhor chamou a Moisés quando ele estava pastoreando as ovelhas no Sinai (Ex 3:1-14). Chamou a Gideão, quando estava malhando trigo no lagar (Jz 6:11). Chamou a Amós quando estava nos campos de Tecoa cuidando do gado (Am 7:14,15). Tirou Davi detrás das ovelhas para colocá-lo no palácio (Sl 78:70-72). Jesus chamou Pedro e André, Tiago e João quando estavam pescando e consertando as suas redes (Mc 1:16,19).

3. Jesus chama para o seu trabalho pessoas humildes (3). Jesus não foi buscar seus discípulos entre os estudantes de teologia das escolas rabínicas nem dentre a elite sacerdotal. Nem mesmo chamou aqueles de refinado saber, ou possuidores de riquezas, mas recrutou-os das classes operárias, no meio dos pescadores. Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios (1Co 1:26,27).

Os primeiros discípulos de Jesus não tinham riquezas, fama nem poder. Isso prova que o Reino de Deus não depende dessas coisas. A causa de Cristo avança não por força nem por poder, mas pelo Espírito Santo (Zc 4:6). A igreja que começou com poucos pescadores e espalhou-se pelo mundo, só poderia ter sido fundada pelo próprio Deus.

4. O custo do discipulado. Jesus deixa bem claro quais são as implicações envolvidas na vida daqueles que aceitam o chamado para ser seu discípulo. Em Lucas 14:25-27 encontramos Jesus sendo seguido por numerosa multidão. Então, Ele repetiu o que já tinha mencionado em Lucas 9:23-25: “E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lc 14:27). Nessas palavras temos o ápice, a consequência de tudo o que veio antes e de tudo o que viria depois, pois em Lucas 14:33 Jesus afirma: “Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”. O que Jesus quis dizer é que como discípulos Seus, nós entregamos a Ele a “escritura” de tudo o que possuímos. Deste momento em diante vivemos conscientes de que somos mordomos do Senhor, e que tudo o que possuímos pertence a Ele.

Temos que renunciar inclusive o inchaço do orgulho, a sede de competição, a busca pelos interesses próprios, a segurança representada pelas posses, pela profissão e pela família, incluindo a própria vida (Lc 14:26), isto é, pelo estilo de vida comprometido com os valores terrenos e passageiros. Se temos que renunciar a tudo, então o que é que sobra? Sobra a cruz, ou seja, a disponibilidade para seguir a Jesus até à morte pela causa da justiça (Lc 14:27). Não sobra nem a boa fama, pois a cruz era a sentença para os que ousavam subverter a ordem criada pelo Império Romano. Jesus morreu como um criminoso.

Essas palavras são duras? Claro que são. Mas esse é o evangelho verdadeiro. Não é esse o evangelho que temos ouvido e visto pelos meios de comunicação, que promete “mundos e fundos” que Jesus nunca prometeu aos seus seguidores. O evangelho verdadeiro exige renúncia!

Você está atrás das bênçãos e das vantagens que esses benefícios efêmeros lhe oferecem? Ou está disposto a tomar a sua cruz? Está disposto a sofrer e morrer pelo evangelho, pelo Senhor Jesus? Você está disposto a seguir a Jesus? Está disposto a continuar seguindo-o? Fez todos os cálculos? Tem assumido o compromisso com Ele? O que Jesus estabelece como requisito para qualquer um de nós sermos seus discípulos é a disposição de renunciarmos a tudo, inclusive a nós mesmos (Lc 9:23,24; 14:27,33). Você está disposto?

Jesus cita duas parábolas para conscientizar sobre o custo de segui-lo (Lc 14:28-32). Na primeira parábola, Jesus diz: “Senta-te e calcula se podes pagar o preço de Me seguir”. Na segunda, diz: “Senta-te e calcula se pode pagar o preço de recusar Minhas exigências”. A lição fica clara. Jesus não deseja seguidores que se precipitam para o discipulado sem pensar naquilo que está envolvido. E fica claro quanto ao custo. O homem ou a mulher que vier a Ele deve renunciar a tudo quanto tem; deve considerar tudo como perda por amor a Ele, de modo que possa entrar na experiência gratificante do discipulado vigoroso. (5)

III. O TREINAMENTO

Os que são chamados à salvação são também convocados para um treinamento a fim de alcançar outros. Disse Jesus: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens" (Mt 4:19). Observe que o tempo do verbo fazer está no futuro. Seguir a Cristo ainda não é ser enviado; isto vem depois. Jesus chama os discípulos para a obra, mas antes os prepara para a obra. É Jesus quem os faz pescadores de homens. Ele é quem os ensina, os equipa, os prepara e os capacita para o trabalho. Eles deixam as redes encorajados pela promessa do Senhor de treiná-los para uma tarefa muito superior à que estavam engajados.

Aqueles discípulos frequentaram a melhor escola do mundo, com o maior mestre do mundo, sobre o mais importante assunto do mundo. O ensino de Jesus não era limitado a uma sala de aula. Ele não era um alfaiate do efêmero, mas um escultor do eterno. Não era um mestre de banalidades, mas o Salvador do mundo. Ele não apenas transmitia informações, mas transformava vidas.

Nessa preparação Jesus andou com os discípulos, comeu com eles, socorreu-os nas suas aflições, exortou-os nas suas dúvidas, encorajou-os em suas fraquezas. Jesus não apenas os treinou com palavras, mas, sobretudo, com exemplo. O exemplo não é uma forma de ensinar, mas a única eficaz.

Simão, o inconstante e covarde, haveria de tornar-se um intrépido apóstolo. João, o filho do trovão, haveria de ser o discípulo amado. Aqueles iletrados pescadores haveriam de revolucionar o mundo. O vaso é de barro, mas o poder é de Deus. Os instrumentos são frágeis, mas a mensagem é poderosa. Os pescadores são limitados, mas a pesca será gloriosa. (4)

IV. A MISSÃO

1. Pregar e ensinar. Jesus não chamou os discípulos para o ócio, mas para o serviço. Chamou-os para um trabalho, um glorioso trabalho: serem pescadores de homens (Mt 4:19). Chamar os pecadores ao arrependimento e oferecer a eles o dom da vida eterna é a mais sublime missão que podemos ocupar na vida.

A mensagem que os discípulos foram desafiados a pregar, não estava baseada em contos humanos, ou em personalidades importantes que a humanidade já teve, mas sim, exclusivamente, baseada no que viram e ouviram de Seu Mestre. Teriam autoridade para falar do perdão, conforme o modelo de perdão que viram n'Ele. Teriam condições de pregar sobre o amor, porque conviveram com quem era o Amor em Pessoa (1João 4:8). Teriam liberdade para desafiar as pessoas a entregar suas próprias vidas pelo Evangelho, com base nas atitudes altruístas de quem deu Sua própria vida por nós (1Co 15:3). Tratava-se verdadeiramente de uma mensagem“cristocêntrica” (centrada na Pessoa e no caráter de Cristo). E é exatamente disso que a humanidade necessita ouvir.

Ganhar almas é o maior negócio deste mundo, o maior investimento. É o mais importante e mais urgente trabalho que se pode fazer no mundo. Pescar pessoas é arrebatá-los do fogo; é tirá-los das trevas para a luz, da casa do valente para a liberdade, do reino das trevas para o reino da luz, da potestade de Satanás para Deus. Engajar-se nesse projeto deve ser a maior aspiração da nossa vida, o maior projeto da nossa história. Quem ganha almas é sábio (Pv 11:30). Quem a muitos conduz à justiça brilhará como as estrelas no firmamento (Dn 12:3).

2. Libertar e curar. A cura divina, tanto para a alma como para o corpo, é uma promessa advinda de Deus (Mt 8:16,17). A Bíblia Sagrada, tanto no Antigo como no Novo Testamento, mostram manifestações de Deus em cumprimento a esta promessa divina. Cristo, em seu ministério terreno, atuou na vida das pessoas curando suas enfermidades (Mt 4:23; 8:16,17). O Senhor também estendeu o ministério da cura divina aos seus seguidores (Mc 16:16-18; Lc 9:2; Mt 10:8). O cumprimento dessa promessa de Jesus é testificado no livro de Atos (At 3:6-10; 14:8-10).

Não se pode deixar de valorizar a cura divina nesta caminhada da Igreja, porém, deve ter como meta a glorificação a Deus (Mt 28:19,20), jamais a promoção humana. Portanto, aqueles que pregam a cura divina não podem esquecer que o maior milagre continua sendo o perdão dos pecados (Mc 2:10-12). Além disso, é bom saber que nem todos são curados. Há exemplo na Bíblia em que apenas uma pessoa, em meio a uma multidão, recebeu essa dádiva, como é o caso do paralítico do tanque de Betesta(João 5:1-8). Isto porque a cura é um ato eminentemente divino eDeus cura a quem e quando lhe apraz.

CONCLUSÃO

Jesus chamou doze homens para estarem com Ele. E não os chamou para um trabalho burocrático ou apenas para uma posição de liderança, mas, sobretudo para um trabalho de ganhar almas, de buscar os perdidos, de arrancar pessoas da morte para a vida. Ganhar almas e vidas para Cristo foi a sublime vocação desses primeiros discípulos.

Lucas relaciona os doze nomes destacando que Judas Iscariotes se tornou traidor (Lc 6:16). Vemos que até mesmo entre os escolhidos para continuar a obra de Jesus havia alguém que iria traí-lo e à sua missão. Devemos, portanto, estar conscientes de nossas convicções pessoais, e ver se estamos dando continuidade ao ministério que Jesus nos delegou ou se o estamos traindo, como Judas fez, em troca de bens circunstanciais. Os rótulos e as aparências não adiantam. Cuidemos para que não ajamos como Judas agiu!

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

LIÇÃO 05 – JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS - 2° TRIMESTRE 2015(Francisco Barbosa)

INTRODUÇÃO

Como crentes, temos consciência do valor que a pregação da Palavra tem para a construção do Reino de Deus. Todavia, quando lemos os Evangelhos, acabamos descobrindo que Jesus, durante o seu ministério terreno, ensinou mais do que pregou. Na verdade, suas pregações, mesmo quando proclamações, eram recheadas de conteúdo pedagógico. Esses fatos nos mostram a importância que o ensino tem para um aprendizado eficiente. Nesta lição, aprenderemos com o Mestre dos mestres como Ele ensinou os seus seguidores e como, dentre eles, formou seus discípulos. [Comentário: Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “ensinar” é “repassar (a alguém) ensinamentos sobre (algo) ou sobre como fazer (algo); doutrinar, lecionar”; “transmitir experiência prática a; instruir (alguém) por meio de exemplos”; “tornar (algo) conhecido, familiar (a alguém); fazer ficar sabendo”; “dar lições a; instruir”; “mostrar (a alguém) as conseqüências ruins de seus atos”; “mostrar com precisão; indicar”. A palavra vem do latim “insigno”, cujo significado é “’pôr uma marca, distinguir, assinalar”. Se houve um título que Jesus sempre aceitou foi o de Mestre (Jo 13.13), numa clara demonstração de que sempre quis ser reconhecido como tal. Isto já nos permite observar como o ministério de ensino se encontra no âmago da missão do Senhor. Lucas, ao sintetizar o ministério terreno de Jesus, no início do livro de Atos dos Apóstolos, disse que Jesus, na Terra, veio “fazer e ensinar” (At 1.1), numa outra prova bíblica de que o ensino foi um dos pilares de todo o ministério terreno de Cristo. De igual maneira, a Igreja, corpo de Cristo que é (1Co 12.27; Ef 4.12), deve dar prioridade ao ensino da Palavra de Deus enquanto o Senhor não vem para arrebatá-la. Nossa pregação deve consistir em “ensino”, afinal, a pregação é a comunicação verbal da Palavra de Deus aos ouvintes. É a transmissão do evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo às pessoas que precisam ouvi-lo. Vemos em 1Co 2.:4, que a pregação não é um simples ato de retórica, um discurso político ou uma estratégia de ensino para transferir conhecimentos. Ela e a "demonstração do Espírito e de poder..."]

I – O MESTRE

1. Seu ensino.  Jesus, o homem perfeito, foi o Mestre por excelência. A maior parte do seu ministério foi dedicada a ensinar e a preparar os seus discípulos (Lc 4.15,31; 5.3,17; 6.6; 11.1,2; 13.10; 19.47). Portanto, o ministério de Jesus foi centralizado no ensino. As Escrituras registram que as pessoas ficavam maravilhadas com o ensino do Senhor (Lc 4.22). Elas já estavam acostumadas a ouvir os mestres judeus ensinando nas sinagogas (Lc 4.20). Porém, quando ouviram Jesus ensinando, logo perceberam algo diferente! (Mt 7.28,29) O que era? Ele as ensinava com autoridade, e não apenas reproduzindo o que os outros disseram. A natureza de seu ensino era diferente - seu ensino era de origem divina (Jo 7.16).  [Comentário: O Rev. Hernandes Dias Lopes esclarece: “Jesus foi o maior mestre da história. Seu nome se alteia acima dos grandes corifeus deste mundo. Sócrates ensinou durante 40 anos. Platão ensinou 50 anos. Aristóteles encheu bibliotecas com a sua erudição. Jesus não deixou nenhum livro, nenhum tratado nem sequer uma página escrita. Não lecionou em nenhuma Universidade, contudo, foi o MAIOR MESTRE do mundo. Jesus revolucionou o mundo com a sua influência e com o seu ensino. JESUS não escreveu palavras no papel, mas gravou-as no coração dos seus discípulos e estes, outrora acovardados tornaram-se verdadeiros gigantes da fé, protagonistas incontestáveis da maior revolução e transformação da história: vidas foram arrancadas do negrume da ignorância; perdidos foram encontrados, enfermos foram curados, cegos viram, surdos ouviram, mudos falaram, os atormentados acharam paz, os enclausurados acharam liberdade, os párias foram dignificados e os homens rebeldes foram reconciliados com Deus. JESUS, O MESTRE veio para mostrar aos filósofos gregos a suprema verdade, veio para vencer o orgulhoso romano e colocar no seu estandarte uma cruz em vez de uma águia, veio para afagar em seus braços os continentes.” http://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/jesus-o-mestre-por-excelencia/#.VT7GLyFViko. William Hendriksen, no Comentário do Novo Testamento (Cultura Cristã), comenta: “Quando Jesus parou de falar, a grande multidão, que fascinada o ouvia, estava em estado de espanto. Em nosso idioma é muito difícil, talvez impossível, reproduzir o exato sabor do pitoresco verbo usado no original para descrever o estado do coração e da mente do povo. As várias versões em português traduzem o termo por “maravilhadas” (Atualizada), “admirou-se” (Corrigida), “extasiadas” (Bíblia de Jerusalém). The Amplified New Testament traz: “estavam atônitos e dominados de perplexa admiração." Essas traduções são todas elas muito úteis. O significado literal do original é “ficaram como que fora de si”. Tem-se sugerido “tirados de seus sentidos”. Compare-se também com o alemão “ser trazido para fora de si” (Lenski, op. cit., p.305) e o holandês “derrotados para fora do campo ”. O tempo do verbo mostra que esse estado de assombro não foi só uma experiência momentânea, mas que durou algum tempo. Poder-se-ia muito bem perguntar: Quais foram algumas das razões desse sentimento de admiração e assombro? Mt 13.54,55 poderia fornecer parte da resposta. Não obstante, com base no próprio sermão e em 7.28 (“não como os seus escribas”), os seguintes temas merecem consideração: a. Ele falava a verdade (Jo 14.6; 18.37). O arrazoado corrupto e evasivo caracterizava os sermões de muitos dos escribas (Mt 5.21 ss.). b. Ele apresentava assuntos de grande relevância, questões de vida, morte e eternidade. Eles com freqüência desperdiçavam seu tempo com trivialidades (Mt 23.23; Lc 11.42). c. Havia sistema na pregação de Jesus. Segundo o Talmude deles comprova, eles com freqüência divagavam sem parar. d. Ele excitava a curiosidade ao fazer uso generoso de ilustrações (5.13-16; 6.26-30; 7.24-27; etc.) e exemplos concretos (5.21—6.24; etc.), como o sermão o revela do princípio ao fim. Os discursos deles eram com freqüência áridos como o pó. e. Ele falava como aquele que amava os homens, como aquele que se preocupava com o bem-estar eterno de seus ouvintes e apontava para o Pai e seu amor (5.44-48). A falta de amor por parte deles é evidente com base em passagens tais como 23.4,13-15; Mc 12.40; etc. f. Finalmente, e este aspecto é o mais importante, pois ele é especificamente declarado aqui (v.28). Ele falava “com autoridade” (Mt 5.18,26; etc.), porque sua mensagem vinha diretamente do coração e mente do Pai (Jo 8.26), daí também vir do mais profundo de seu próprio ser e das Escrituras (5.17; 7.12; cf. 4.4,7,10). Eles estavam constantemente aproveitando fontes falíveis, citando um escriba ou outro. Eles tentavam tirar água de cisternas rotas. Ele extraía de si mesmo, pois era (e é) “a fonte de águas vivas” (Jr 2.13)”. HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Mateus I. Editora Cultura Cristã. pag. 540-541.]

2. Seu exemplo. Jesus ensinou seus discípulos através do exemplo: "Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também" (Jo 13.15). Isso o distanciou dos escribas e fariseus que ensinavam, mas não praticavam o que ensinavam (Mt 23.3). Os discípulos se sentiram motivados a orar quando viram seu Mestre orando (Lc 11.1-4). As palavras de Jesus eram acompanhadas de atitudes práticas. De nada adianta a beleza das palavras se elas não vêm acompanhadas pelas ações (Tg 1.22). O povo se convence mais rápido pelo que vê do que pelo que ouve. Por isso, o Mestre exortou os seus discípulos a serem exemplos (Mt 5.16). [Comentário: Jesus foi o maior especialista na arte de ensinar. Ele é O Mestre. Ensinou com maestria invulgar. Sobrepujou os grandes deste mundo. Foi Mestre em grau superlativo. Dominou com capacidade inigualável todos os recursos pedagógicos. Variava de método de acordo com as circunstâncias e pessoas. Para cada caso, usava um método próprio e adequado. Assim o Comentário Esperança (Editora Evangélica Esperança) comenta Jo 13.15: “Porque eu vos dei um exemplo, para que vós façais como eu vos fiz. Representa uma distorção do evangelho se virmos em Jesus apenas um exemplo, ao qual queremos imitar com nossas próprias forças. Nessa leitura se ignoraria o que Jesus disse em Jo 3.1ss ao sério fariseu Nicodemos sobre a necessidade do novo nascimento. Por outro lado, também não podemos nem devemos negar que Jesus é exemplo. Em consonância, ele próprio está se colocando a seus discípulos como exemplo precisamente em sua função apostólica. Acrescenta-se que no grego a palavra como (kathos - ως - Lê-se Óus) não possui apenas um sentido comparativo, mas também uma conotação de justificativa. Devem fazer como Jesus fez; porém somente podem fazê-lo porque Jesus agiu primeiro dessa forma com eles”. Werner de Boor. Comentário Esperança Evangelho de João. Editora Evangélica Esperança. Ainda o Rev. Hernandes Dias Lopes, esclarece: “Quando Jesus terminou de ensinar o “Sermão do Monte” as multidões ficaram maravilhadas, porque ele ensinava com autoridade e não como os escribas e fariseus. Eric Fromm nos fala de dois tipos de autoridade: 1. autoridade imposta e 2. autoridade adquirida. O elemento mais importante na vida de um mestre é aquilo que ele é em si. Foi isto que levou Emerson a dizer: “O que mais importa não é o que aprendemos e sim, com quem aprendemos.” Mackinney disse que “a vida do mestre é a lição que mais apela ao coração do aluno.” A vida do professor é a vida do seu ensino. Schweitzer disse que “O exemplo não é uma, mas a única maneira de ensinar.” Jesus podia ensinar sobre Mansidão (Mt 5.5) porque ele era manso aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração (Mt 11.28). Jesus podia ensinar sobre humildade (Mt 5.3) porque quando os discípulos discutiam quem era o maior entre eles, Jesus tomou uma toalha e uma bacia e lavou-lhes os pés. Jesus podia ensinar sobre o perdão porque na hora que seus algozes o afligiam na cruz, pede a Deus para perdoá-los e ainda os defende: porque não sabem o que fazem. Jesus viveu aquilo que ensinou, viveu tudo antes de ensinar, e viveu tudo bem mais do que pode ensinarhttp://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/jesus-o-mestre-por-excelencia/#.VT7GLyFViko.]

PONTO CENTRAL
Para ser discípulo de Jesus é preciso renunciar a tudo, tomar a cruz e segui-lo.

SÍNTESE DO TÓPICO I
Jesus é o Mestre por excelência.

CONHEÇA MAIS
*Jesus e os discípulos
"Discípulo era um termo comum no século I para uma pessoa que era um seguidor compromissado de um líder religioso, filósofo ou político. No mundo judaico, o termo era particularmente usado para os estudantes de um rabi, ou mestre religioso. Nos Evangelhos, João Batista e os fariseus tinham grupos de discípulos (Mc 2.18; Mt 22.15,16)."  Para conhecer mais leia Guia Cristão de Leitura da Bíblia, CPAD, p. 69 

II – O CHAMADO

1. O método. Os teólogos têm observado que o método usado por Jesus para recrutar seus discípulos é variado. De fato, a Escritura mostra que algumas vezes a iniciativa do chamamento parte do próprio Senhor Jesus. Enquanto pregava e ensinava, Jesus observava as pessoas a quem iria chamar (Mc 1.16-20). Em alguns casos, o chamamento veio através da indicação do Batista (Jo 1.35-39). Houve também pessoas que se ofereceram para serem seguidoras de Jesus (Lc 9.57,58,61,62). E, finalmente, existiram os que foram conduzidos até Jesus por intermédio de amigos (Jo 1.40-42,45,46). Dessa forma, todas as classes foram alcançadas por Jesus. E foi dentre esses seguidores que Jesus chamou doze para serem seus apóstolos (Lc 6.13-16).  [Comentário: Ainda o Comentário Esperança (Editora Evangélica Esperança): “Jesus passou a noite vigiando em oração. Mais de uma vez Lucas salientou essa necessidade íntima que o Redentor tinha de orar. Contudo os termos aqui utilizados contêm uma ênfase muito especial. A palavra “vigiar por toda a noite” ocorre unicamente aqui. A escolha dessa expressão incomum, bem como a forma verbal analítica (imperfeito e particípio), destacam a persistência determinada e incessante dessa vigília noturna. A expressão “oração de Deus” (προσευχή του Θεού - Lê-se - prosef̱chí̱ tou Theoú), é também única no Novo Testamento. Essa formulação não designa nenhum pedido peculiar, mas um estado da mais profunda devoção na presença santa e direta de Deus, uma invocação que transita para a mais íntima comunhão com Deus. Durante essa noite Jesus apresentou a Deus sua obra no estágio decisivo em que ingressara naquele momento, aconselhando-se com ele. Durante essa longa luta de oração, por toda a noite, Jesus provavelmente havia apresentado todos os seus discípulos individualmente a seu Pai, para que o Pai designasse aqueles que o Filho deveria tornar emissários da salvação. O que será que os discípulos, que haviam se ajuntado em grande número em torno de Jesus, sentiram quando Jesus, como um general, chamou um por um do meio deles, até que ficasse completo o número dos doze? “Simão”, começou ele. Com quanta expectativa cada novo nome era aguardado! Com que estremecimento cada um ouvia, então, o chamado do próprio nome. Dentre o grupo de discípulos “ele escolheu os doze”, “aos quais também chamou de apóstolos”. Isso é significativo. Os demais discípulos aceitaram que esses doze obtivessem uma posição especial do Senhor. O Redentor os havia escolhido em virtude de ordem divina. Deus é soberano. Os discípulos não têm outra opção a não ser obedecer a esse Senhor extraordinário. “Chamou-os a si”. Ele os “ordenou” para duas finalidades. 1) Primeiramente, devem estar junto dele. Devem perseverar com ele em suas tentações até chegarem ao Getsêmani; afinal, devem tornar-se testemunhas dele até os confins do mundo (At 1.8). Precisavam conhecer suas “horas silenciosas”, conviver com ele no dia-a-dia, observar seu trabalho, obter uma visão dos mistérios de sua sabedoria de educador, e até mesmo familiarizar-se com os objetivos de sua ação. 2) O segundo aspecto é que eles partilharão de sua autoridade. Dessa maneira ele providencia, de certo modo, pernas e pés, línguas e lábios que levem adiante sua obra. Mateus relata a convocação e o credenciamento dos apóstolos em uma ocasião (Mt 10.1ss), e Lucas o faz em dois trechos, mais precisamente como segue: de acordo com Lucas, o primeiro passo de Jesus foi nomeá-los, provavelmente para que passassem a ser seus alunos de modo especial. Isso aconteceu aqui em Lc 6.12-16. A capacitação é relatada em Lc 9.1-6, onde Jesus lhes confere a autoridade para servir como apóstolos. O relato mais preciso indica que esse deve ter sido o processo. Mateus reúne em uma só ocasião as duas ações de Jesus. Isso tem a ver com sua característica de enfatizar tão-somente o aspecto doutrinário e fundamental. Dessa forma o Redentor obteve, portanto, um grupo de auxiliares para sua obra. Ele, o maravilhoso canal da poderosa benignidade de Deus, fora multiplicado por doze. Quanto ao título “apóstolo”, cf. o exposto no Comentário Esperança, Marcos, sobre Mc 3.13-19, bem como Jo 17.18; 20.21; At 1.8. Essas passagens não devem levar à conclusão que a tarefa dos apóstolos consistia tão somente em ser testemunhas de Jesus. O próprio nome expressa mais, cf. 2Co 5.20: “Somos mensageiros de Cristo… e rogamos que vos reconcilieis com Deus.” Com a escolha dos doze estava organizada a obra de Jesus. Passou do estágio de fenômeno local e isolado para o estágio de instituição que abrange e cuja intenção arrebata povos e épocas. A obra do Senhor obteve um solo histórico firme e uma perspectiva clara para o futuro, com todas as suas esperanças e todos os seus perigos.Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.”]

2. O custo. Jesus deixa bem claro quais são as implicações envolvidas na vida daquele que aceitasse o chamado para ser seu discípulo. Tornar-se discípulo é bem diferente de se tornar um simples aluno. No discipulado, o seguidor passa a conviver com o mestre, enquanto na relação professor-aluno essa prática não está presente. O aprendizado acontece diuturnamente, e não apenas durante algumas aulas dadas em domicílio ou numa sala. Quem quiser segui-lo deve, portanto, avaliar os custos. Seguir a Cristo envolve renúncia, significa submissão total a Ele. Jesus lembrou as pessoas desse custo, pois não queria que o seguisse apenas por empolgação (Lc 14.25-27). Muitos querem ser discípulos mas não querem renunciar nada. Às vezes precisamos sacrificar até mesmo o nosso relacionamento religioso na família, abrir mão de algumas coisas para seguir a Jesus. O que o Mestre está requerendo de você? [Comentário: Anthony Lee Ash em O Evangelho Segundo Lucas (Editora Vida Cristã), escreve: “Quem se qualifica como discípulo?” (vs. 26,27,33). Essas palavras foram ditas em vista da paixão de JESUS que estava próxima e deveriam separar o verdadeiro discípulo dos seguidores indiferentes. O primeiro teste do discipulado se referia aos parentes mais próximos (cf. 18:29). Jesus apoiava o amor familiar, mas mesmo este precisa ser subordinado ao amor a Deus. Aborrecer é um termo duro, mas o paralelo em Mateus 10:37 indica que significa “amar menos” (também Gn 29:30; Dt 21:15). Além da família, a pessoa precisa amar a sua própria vida menos do que ama Jesus. Vida abrange todos os interesses mundanos, até mesmo o nosso próprio ser (cf. Jo 12:25). (27) A cruz, sugerindo um criminoso desprezado seguindo para a sua morte terrível, amplia a idéia de aborrecer a própria vida (veja 9:23). É preciso estar disposto, se necessário, a sofrer um destino assim horrível por causa de Jesus. Essas palavras teriam ainda maior significado para os cristãos depois da crucificação e ressurreição de Jesus (cf. G1 2:20; 6:14). Anthony Lee Ash. O Evangelho Segundo Lucas. Editora Vida Cristã. pag. 235.]

SÍNTESE DO TÓPICO II
Jesus chamou doze discípulos para estar com Ele.

III-O TREINAMENTO

1. Mudança de destino. No treinamento dado aos discípulos, a cruz ocupa um lugar central nos ensinamentos do Mestre (Lc 9.23; 14.27). A cruz de Cristo aparece como um divisor de águas na vida dos discípulos. Uma mudança de rumo ou destino. A vida com Cristo é cheia de vida, na verdade vida em abundância (Jo 10.10). Mas por outro lado, é uma vida para a morte! Quem não estivesse disposto a morrer, não poderia ser seu seguidor autêntico. A cruz muda o destino daquele que se torna seguidor de Jesus. Ela garante paz e vida eterna, mas somente para aqueles que morrerem para este mundo.  [Comentário: O Comentário Bíblico de William Barclay esclarece: “Jesus estabelece as condições do serviço daqueles que o seguem. (1) Negar-se a si mesmo. O que significa isto? Um grande erudito dá o significado seguinte: Pedro uma vez negou a seu Senhor. Disse: "Não conheço esse homem." Negar-nos a nós mesmos quer dizer: "Não me conheço a mim mesmo." É ignorar a existência de si mesmo. É tratar o eu como se não existisse. Quase sempre tratamos a nós mesmos como se nosso eu fora com muito o mais importante do mundo. Se queremos seguir ao Jesus devemos destruir o eu e nos esquecer de que existe. (2) Tomar sua cruz. O que significa isto? Jesus sabia muito bem o que significava a crucificação. Quando era menino de uns onze anos, Judas o Galileo tinha encabeçado uma rebelião contra Roma. Tinha atacado ao exército real em Séforis (capital da Galiléia), que estava a uns seis quilômetros de Nazaré. A vingança dos romanos foi rápida e repentina. Queimaram a cidade integralmente; seus habitantes foram vendidos como escravos; e dois mil rebeldes foram crucificados com o passar do caminho para que fossem uma terrível advertência para outros que queriam fazer o mesmo. Tomar nossa cruz significa estar preparados para enfrentar coisas como esta por nossa fidelidade a Deus; significa estar dispostos a suportar o pior que um homem nos possa fazer pela graça de ser fiéis para com Deus. BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Lucas. pag. 106.]

2. Mudança de valores. Lucas mostra Jesus instruindo os Doze antes de enviá-los em missão evangelística (Lc 9.1-6) e, posteriormente, enviando outros setenta após dar-lhes também instruções detalhadas (Lc 10.1-12). Para chegar a esse ponto, muitas coisas precisaram ser mudadas na vida desses discípulos.  Uma delas, e muito importante, foi a mudança de mentalidade dos discípulos. Jesus mudou a forma de pensar deles. Seus discípulos não poderiam mais, por exemplo, possuir uma mente materialista como os gentios, que não conheciam a Deus (Lc 12.22,30). Quem conhece a Jesus de verdade não fica preocupado com o amanhã, com as coisas deste mundo, pois sabe que Ele, o Bom Pastor, supre cada uma das nossas necessidades. [Comentário: Quanto a isso, Matthew Henry em seu Comentário Matthew Henry Novo Testamento (Editora CPAD), esclarece o seguinte: “O Senhor os exorta a não ficarem apreensivos com os cuidados perturbadores e desconcertantes pelas coisas necessárias para a manutenção da vida: Não estejais apreensivos pela vossa vida, v. 22. Na parábola anterior Ele havia nos dado aviso contra o ramo da avareza do qual os ricos estão em maior perigo; ou seja, uma complacência sensual quanto à abundância dos bens deste mundo. Agora os seus discípulos poderiam pensar que não estavam correndo este risco, pois eles não tinham fartura nem variedade em que pudessem se gloriar. Portanto, o Senhor aqui os adverte contra um outro ramo da avareza, ao qual eles estão mais sujeitos à tentação, o de terem apenas um pouco neste mundo (que, na melhor hipótese, era o caso dos discípulos, muito mais agora que haviam deixado tudo para seguir a Cristo), sentindo uma ansiosa solicitude pelas coisas que são necessárias para a manutenção da vida: “Não estejais apreensivos pela vossa vida, seja pela preservação dela, se estiver em perigo, ou pela provisão que deve ser feita para ela, seja de comida ou de roupas, o que comereis ou o que vestireis” . Esta é a advertência que o Senhor havia enfatizado, Mateus 6.25 e versículos seguintes. E os argumentos usados aqui são em boa parte os mesmos, tendo como propósito o nosso encorajamento para lançarmos todo o nosso cuidado sobre Deus, que é o modo correto de nos tranquilizarmos. Uma busca excessiva e ansiosa das coisas deste mundo, mesmo das coisas necessárias, não é algo que convenha aos discípulos de Cristo (w. 29,30): “A despeito daquilo que outros façam, não pergunteis o que haveis de comer ou o que haveis de beber. Não andeis inquietos com preocupações confusas, nem vos canseis com trabalhos constantes. Não vos apresseis em perguntar o que haveis de comer ou beber como os inimigos de Davi que vagueavam buscando o que comer (SI 59.15) ou como a águia que, de longe, descobre a sua presa, Jó 39.29. Que os discípulos de Cristo, portanto, não apenas trabalhem pelo alimento, mas peçam-no a Deus todos os dias; que eles não tenham mentes duvidosas; me meteorizesthe - Não sejam como os meteoros no ar, que são lançados aqui e ali por todo vento; não subam ou caiam, como eles, mas mantenham uma constância em si mesmos; sejam equilibrados e firmes, e tenham seus corações fixos; não vivam em suspense cuidadoso; não deixem que suas mentes fiquem continuamente perplexas entre a esperança e o medo, permanecendo sempre angustiados”. Que os filhos de Deus não fiquem apreensivos; porque: (1) Isto seria agir como os filhos deste mundo: “Porque os gentios do mundo buscam todas essas coisas, v. 30. Aqueles que só buscam os cuidados do corpo, e não os da alma, só para este mundo, e não para o porvir, não olham além daquilo que comerão e beberão; e, não tendo um Deus totalmente suficiente para buscar e em quem confiar, eles se sobrecarregam com cuidados ansiosos sobre estas coisas. Mas isto não vos convém. Vós, que fostes chamados deste mundo, não deveis vos conformar com este mundo, nem andar no caminho deste povo, Isaías 8.11,12. Quando os cuidados excessivos dominam a nossa vida, devemos pensar: “O que sou eu, um cristão ou um pagão? Batizado ou não batizado? Sendo um cristão batizado, será que devo me igualar aos gentios, unindo-me a eles naquilo que buscam?” (2) É desnecessário que eles estejam apreensivos com os cuidados pelas coisas necessárias para o sustento da vida; porque eles têm um Pai no céu que sempre cuida deles, que toma conta deles: “Vosso Pai sabe que necessitais delas, e considera isto, e suprirá todas as vossas necessidades de acordo com as riquezas da sua glória. Pois Ele é o vosso Pai, que vos fez sujeitos a estas coisas; portanto, Ele mesmo usará sua compaixão e suprirá todas elas. Vosso Pai, que vos sustenta, vos educa e reserva uma herança para vós, portanto, Ele cuidará para que não vos falte nada”. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa.Editora CPAD. pag. 625-626.]

SÍNTESE DO TÓPICO III
Jesus escolheu seus discípulos e os treinou para todo trabalho na seara.

IV - A MISSÃO

1. Pregar e ensinar. Já foi dito que o ministério de Jesus consistia no ensino da Palavra de Deus, na pregação do Evangelho do Reino e na cura dos doentes (Mt 4.23; Lc 4.44; 8.1). No texto de Lucas 9.1,2, vemos Jesus enviando os doze: "E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios e para curarem enfermidades; e enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos". "Pregar" é a tradução do verbo grego kerysso, que possui o sentido de "proclamar como um arauto". Jesus treinou seus discípulos com uma missão específica - serem proclamadores da mensagem do Reino de Deus. Proclamar o Evangelho do Reino ainda continua sendo a principal missão do Corpo de Cristo! Quando a Igreja se esquece desse princípio, ela perde o seu foco.  [Comentário:  Jesus anunciou o Reino pregando a Palavra de Deus e curando os enfermos. Se Ele tivesse se limitado a pregar, as pessoas poderiam imaginar o seu Reino com um caráter apenas espiritual. Por outro lado, se tivesse curado sem pregar, talvez elas não percebessem a importância espiritual da missão de Jesus. A maioria dos ouvintes esperava um Messias que traria riqueza e poder à nação judaica; o povo preferia os benefícios materiais ao discernimento espiritual. A verdade sobre Jesus é que Ele é o Deus encarnado, tem duas naturezas: uma divina e outra humana; possui espírito, alma e corpo; a salvação que Ele oferece é tanto para a alma quanto para o corpo. Qualquer ensino que enfatize a salvação da alma à custa do corpo ou o contrário distorce as Boas Novas de Jesus Cristo. Russell Norman Champlin escreve em sua Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia (Vol. 5) (Editora Hagnos): “A grande abundância de referências ao ensino e à pregação demonstra o papel primordial dessas funções, no Novo Testamento. O texto de I Cor. 1:18,21 mostra-nos que, no conceito dos gregos incrédulos, a pregação era uma «tolice». Eles preferiam a sabedoria filosófica. Porém, através da pregação do evangelho é que a salvação é outorgada aos homens. O trecho de Rom. 10:14,15 mostra que o pregador é uma figura necessária dentro do modus operandi de Deus, para anunciar a mensagem de Deus aos homens. O próprio Senhor Jesus deixou-nos o exemplo, tendo sido ele o supremo pregador”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 367]

2. Libertar e curar. O Evangelho de Cristo provê tanto a cura para a alma como também para o corpo. O Evangelho de Mateus revela com clareza que o Senhor Jesus proveu tanto a cura como a libertação para todos aqueles que se achegavam a Ele com fé e contrição (Mt 8.16,17). Frank Stagg, teólogo americano, observa que embora a obra redentora de Cristo tenha o seu centro na cruz, Ele já era redentor da doença e do pecado durante o seu ministério terreno. Os discípulos, portanto, precisavam levar à frente essa verdade a todos os locais. [Comentário: Russell Norman Champlin em O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo (Editora Candeias), escreve: «ELE MESMO tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças». Profecia messiânica, que se acha em Is. 53:4. A citação foi tirada do hebraico, porque a LXX interpreta essa profecia como referência ao pecado. No grego a expressão é enfática. O Messias, Cristo Jesus, veio com a finalidade de aliviar (ευκολία - Lê-se - ef̱kolíá) o sofrimento humano. Esse versículo tem recebido diversas interpretações: 1. Refere-se ao ministério espiritual do Messias, ao levar o pecado do mundo. O texto de Isaías aborda exatamente isso, e a LXX reflete isso na tradução. 2. Segundo o uso de Mateus, indica apenas as doenças físicas. A profecia, pois, expõe outro aspecto do ministério de Cristo; sem mencionar aqui a expiação pelo pecado. 3. Refere-se a ambas as coisas — o pecado e as enfermidades e doenças —, provavelmente considerando as doenças como resultantes do pecado, ou então com ligação direta ao pecado; o Messias veio para tratar da enfermidade espiritual e física da natureza humana. Provavelmente o autor do evangelho concordaria com esta interpretação. Essa doutrina tem recebido várias interpretações exageradas, como: 1. A cura física está incorporada na expiação pelo pecado, e assim sendo, nunca é da vontade de Deus que seu povo adoeça. É verdade que, no fim, a expiação terá o efeito de eliminar as enfermidades físicas, mas isso só ocorrerá da transformação operada na ressurreição. Não é menos ridículo dizer que a morte física é agora eliminada pela expiação, isto é, a morte no presente. A morte física geralmente -e resultado das doenças. A expiação também elimina a morte na raça humana, mas isso só será total após o arrebatamento e depois do milênio (I Cor. 15:24-26). A expiação eliminará finalmente as doenças, mas dizer que isso ocorre no presente é exagerar a doutrina. O próprio Paulo sofreu fisicamente. (Ver II Cor. 12:7). Paulo nunca atingiu a perfeição nesta vida (Fp. 3:12). João declarou enfaticamente a permanência do pecado (I João 1:8), e somente o equivoco pode levar as pessoas a pensar de outro modo. Enquanto permanecer o pecado, permanecerão as enfermidades. 2. Outros abusam desse versículo, dizendo que Jesus sofreu de esgotamento espiritual por haver carregado os nossos pecados e doenças em oportunidades como esta. Não há que duvidar que algumas vezes ele sofreu de esgotamento físico e mental. Ver Marc. 5:30, quando dele saiu poder, ao curar; ver também Luc. 22:44 e Marc. 15:21. Finalmente, seria um erro não notar que este versículo (além de ensinar certas doutrinas) mostra principalmente a simpatia e o espírito de misericórdia de Jesus para com a raça humana. Jesus não operou milagres para mostrar sua divindade, ilustrar as doutrinas, etc. , mas para aliviar o sofrimento humano, porquanto, como homem, participou desses sofrimentos e simpatizou com os homens. O versículo demonstra, mais do que qualquer outra coisa, a compaixão de Jesus. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 342. Ainda cito William Barclay em seu Comentário Bíblico: “Sem dúvida, tinha ensinado e pregado, e certamente se teria encontrado com seus acérrimos (Insistentes) adversários. Agora tinha chegado a tarde. Deus deu aos homens o dia para trabalhar e a noite para o descanso. A tarde é o momento quando se deixa de lado o trabalho e começa o repouso. Mas não era assim para Jesus. No momento em que ele também necessitava o descanso, viu-se rodeado das clamorosas necessidades humanas e sem egoísmo, sem protestar, com uma generosidade divina, saiu ao encontro dos homens. Enquanto houvesse uma alma necessitada, não haveria descanso para Jesus. Esta cena traz à mente de Mateus certas palavras de Isaías (Isaías 53:4) onde se diz que o Servo de Deus levou nossas enfermidades e sofreu nossas dores. O discípulo de Cristo não pode procurar descanso quando ainda há quem necessita ajuda e saúde; e o mais estranho é que seu cansaço desaparecerá e sua fraqueza se fortalecerá quando usar suas energias para ajudar a outros. De algum modo, quando chegarem as demandas, também virá o poder. E sentirá que pode seguir adiante por amor dos outros quando por si mesmo não daria mais nenhum passo”. BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Lucas. pag. 335.]

SÍNTESE DO TÓPICO IV
A missão dos discípulos era pregar o Evangelho do Reino a todos.

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta lição sobre a importância que o ensino tem na formação do caráter cristão. Jesus ensinou os seus discípulos, mas não os ensinou de qualquer forma nem tampouco lhes deu qualquer coisa como conteúdo. Ele lhes ensinou a Palavra de Deus. Mas até mesmo o ensino da Palavra de Deus, para ter eficácia, precisa ser acompanhada pelo exemplo, valer-se de recursos didáticos eficientes, firmar-se em valores e possuir um objetivo claro e definido. Tudo isso encontramos com abundância nos ensinos de Jesus. Ao seguir seus ensinos, temos a garantia de que o hiato existente entre o professor e o aluno, entre o educador e o educando, desaparecerão. Dessa forma teremos um ensino eficiente. [Comentário: Há uma frase atribuía da à Confúcio que diz: “A palavra convence, o exemplo arrasta”. Influenciar na vida das pessoas que estão ao nosso redor exige muito esforço, ideias e riscos, mas isso não poderia ser diferente. Aceitemos ou não, somos influenciados uns pelos outros. Não há como viver de modo independente, pois tentar viver uma vida isolada não seria natural. Além do que conduziria à insanidade. Em se tratando de ensinar pelo exemplo, Jesus é o mestre por excelência porque ensinou as verdades eternas e Ele era, é e será esta própria verdade. Jesus é o mestre por excelência porque foi o exemplo vivo de seus ensinamentos. Jesus amou seus alunos e lapidou-os, preparou-os para a vida, valorizou-os e fez deles uma bênção para o mundo: PEDRO = pedra bruta – pregador poderoso. JOÃO, FILHO DO TROVÃO – discípulo do amor. Que possamos, destarte, como Paulo em 1Co 11.1, afirmar: “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo” ou numa melhor tradução: Sigam o meu exemplo como eu sigo o exemplo de Cristo!]. NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Abril de 2015