A PAZ DO SENHOR!

LIÇÃO 09 – AS LIMITAÇÕES DOS DISCÍPULOS - 2° TRIMESTRE 2015(EBD Tube)

O Quê? DA LIÇÃO 09 - DEUS USA OS FALHOS - 2° TRIMESTRE 2015(EBD Tube)

LIÇÃO 09 – AS LIMITAÇÕES DOS DISCÍPULOS - 2° TRIMESTRE 2015(Francisco Barbosa)

INTRODUÇÃO
Os discípulos de Cristo demonstraram, em certos momentos da vida, exclusivismo, egoísmo, imaturidade, bairrismo, etc. Eles erraram quando se esperava que acertassem (Lc 9.40,41). Jesus censurou tais comportamentos e corrigiu o grupo, mas não abandonou os discípulos. 
Nesta lição, veremos como, em diferentes circunstâncias, os discípulos agiram de forma oposta àquilo que o Senhor lhes havia ensinado e como Jesus os conduziu à maneira certa de agir. Esses fatos demonstram que os seguidores de Cristo não eram super-homens, mas, sim, seres humanos que viviam suas limitações e, como tal, dependiam de Deus para superá-las. Esses exemplos servem para nos orientar em nossa jornada de fé a fim de que possamos cultivar as verdadeiras virtudes cristãs. [Estamos analisando o terceiro evangelho, no entanto, em Mateus 10.1, encontramos o relato onde Jesus dá autoridade àqueles que ele havia chamado para ser seus discípulos. Com base no título desta lição, que tipo de autoridade era esta e para que servia? Neste mesmo capítulo, nos versículos 24-25, Jesus afirma que “o discípulo não está acima do seu mestre” e que “basta ao discípulo ser como o seu mestre”. Aos discípulos bastava serem iguais a Jesus! (1Co 11.1; Gl 4.19). Segundo João 8.31, um discípulo é alguém que permanece na palavra do seu Mestre Jesus, tem amor aos outros discípulos (Jo 13.35) e dá muito fruto (Jo 15.8), até chegar à maturidade, à plenitude de Cristo (Ef 4.13). Como e em que grau a jornada daqueles discípulos foi marcada por estas características? E a nossa? Por que os discípulos não puderam expulsar o espírito mudo? Qual era a sua limitação? Qual tem sido a nossa limitação?]. Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?

I - LIDANDO COM A DÚVIDA
1. A oração e a fé. Logo após acalmar a tempestade no mar da Galileia, Jesus perguntou aos seus discípulos: "Onde está a vossa fé?" (Lc 8.25). Essa não foi a única vez que o Senhor censurou os discípulos por não demonstrarem a fé necessária em Deus. Quando viu a inoperância dos discípulos frente a um menino endemoninhado, Ele disse: "Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei ainda convosco e vos sofrerei?" (Lc 9.41). Há algo em comum nestas passagens bíblicas - elas se relacionam com a vida devocional dos discípulos. A timidez mostrada durante a travessia do mar (Lc 8.25) e a falta de autoridade para expelir o demônio do garoto eram frutos de uma vida devocional pobre. Pouca oração, pouco poder! Nenhuma oração, nenhum poder! As passagens paralelas de Mateus e Marcos demonstram tal princípio (Mt 8.23-27; 17.14-20; Mc 4.35-41; 9.14-29). [Este mesmo acontecimento tem paralelo em Marco 9.14-29. Nesta perícope, Jesus afirma ao pai daquele jovem: “Se tu podes crer...” A questão pode ser compreendida como “Foi por isso que você disse?” A exclamação de Jesus capta as palavras duvidosas desse pai. A questão que decide o assunto não é poder de Jesus, mas a fé do homem! A declaração de Jesus em relação à fé não nos concede a liberdade de presumir a respeito da bondade de Deus ao pedir irresponsavelmente coisas egoístas. Nosso desejo deve estar de acordo com a vontade de Deus (1Jo 5.14,15). A fé daquele pai havia estremecido e ele estava consciente dessa imperfeição. Portanto, ele pede a Jesus para afastar toda a dúvida e conceder-lhe a fé inquestionável! Oramos pedindo que a nossa fé seja aumentada? Seja inquestionável?].

2. A Palavra de Deus e a fé. Se a falta de oração traz incredulidade, por outro lado, a falta de conhecimento da Palavra de Deus produz efeito semelhante. É isso o que mostra a história dos dois discípulos no caminho de Emaús (Lc 24.13-35). No mesmo dia em que ressuscitou, o Senhor apareceu a dois deles quando se dirigiam para a aldeia de Emaús, cerca de 12 quilômetros de Jerusalém. Depois de dialogar com eles, Jesus percebeu o quanto eram  incrédulos. O Mestre reprovou a incredulidade dos discípulos e os chamou de néscios, isto é, desprovidos de conhecimento ou discernimento (Lc 24.25).  Atualmente,  também, muitos  que se dizem discípulos, estão sem conhecimento, discernimento e fé no mover de Deus. Que o Senhor Jesus encha os nossos corações de fé para que possamos viver e pregar a sua Palavra. [Os fatos narrados em Lucas 9, a partir do versículo 37, vêm logo depois de “Reunindo os doze, deu-lhes poder (dunamis) e autoridade (exousia) sobre todos os demônios e para curarem enfermidades” de Lc 9.1! Repare que os discípulos não foram bem sucedidos, nessa delegação de poder e autoridade: "E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam". "E Jesus, respondendo disse: Ó geração INCRÉDULA E PERVERSA"! (...) Jesus nos mostra no verso 41, que a nossa autoridade deve ser baseada em duas coisas de suma importância: com relação à incredulidade temos a , com relação a perversidade, devemos andar em SANTIDADE. A mensagem central desse episódio que é contado pelos 3 evangelhos sinóticos: Mateus 17,14-20; Marcos 9,14-29 e Lucas 9,37-43, é a questão da fé. Isso é evidente em Mateus, quando os discípulos perguntam por que não puderam expulsar aquele demônio. Jesus, nesse momento, responde: Por causa da fraqueza da vossa fé, pois em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te daqui para lá, e ela se transportará, e nada vos será impossível" (Mateus 17,20).].

PONTO CENTRAL
Como seres humanos, somos limitados e imperfeitos. Entretanto, uma vez seguindo a Jesus, podemos ter fé.
SÍNTESE DO TÓPICO I
A intensidade da vida de oração mostra a qualidade de uma vida devocional. Enquanto que a Palavra de Deus produz fé viva

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Alguns fatos marcam o capítulo 9 de Lucas. (1) A falta de poder dos discípulos para expulsar o demônio; (2) a falta de capacidade dos discípulos em compreender o caminho do calvário de Jesus Cristo; (3) o orgulho dos discípulos; (4) a intolerância dos discípulos em relação a outros que não andavam com eles. Portanto, sugerimos, para o domínio desses quatro episódios citados e desenvolvidos ao longo da lição, a leitura e o estudo dos respectivos versículos do capítulo 9: vv.37-43; vv.44,45; vv.46-48; vv.49,50.

CONHEÇA MAIS
*Os setenta
"Outro grupo notável eram os setenta que Jesus enviou para preparar o terreno para Ele nas cidades que visitaria em seu caminho para Jerusalém (Lc 10.1). Se os doze discípulos espelham as doze tribos de Israel, então talvez esses setenta espelhem os anciãos que Moisés designou para assisti-lo na liderança da nação de Israel (Nm 11.16,24,25)." Leia mais em Guia Cristã da Bíblia, CPAD, p. 70.

II - LIDANDO COM A PRIMAZIA E O EXCLUSIVISMO 
1. Evitando a primazia. Lucas registra que "suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior. Mas Jesus, vendo o pensamento do coração deles, tomou uma criança, pô-la junto a si" (Lc 9.46,47). Os discípulos precisavam de uma lição a respeito de humildade. O exemplo de Jesus ao tomar uma criança, foi excelente e, com certeza, eles puderam ver o quanto eram egoístas e ambiciosos.  O adjetivo comparativo meizon, traduzido como "maior", nesse texto, mantém o sentido de "mais forte que". A ideia aqui é de primazia! Quem é o primeiro? Quem é o mais forte? Quem é o mais apto?  Pensamentos assim não refletem a mente de Cristo, mas uma mente mundana e secularizada. Infelizmente, muitos problemas nas igrejas são causados por leigos e clérigos que querem exercer a primazia. Em Cristo Jesus, todos são iguais. Não somos superiores ou inferiores a ninguém. [Os discípulos de Jesus tinham dificuldades em conviver com o sucesso, imaginário no caso, do outro. A disputa deles tem a ver com a incapacidade de se respeitar o outro e em se admirar o outro e de se entender que cada um tem um lugar no Reino de Deus, em função de suas habilidades e em função da necessidade do Reino. Os samaritanos odiavam os judeus porque estes cultuavam em Jerusalém; eles detestavam o sectarismo judeu. Por esta razão, não cooperaram, como mandava a hospitalidade, com os discípulos de Jesus que recolhiam donativos para a viagem. A sua intolerância os cegou para ver o Messias. Os judeus odiavam os samaritanos porque eles, no passado, tinham se envolvido em casamentos mistos (com não judeus) e agora não podiam ser aceitos na comunidade dos filhos de Abraão. Os discípulos se tornaram escravos deste mesmo sentimento. A sua intolerância os levou a agir contra suas próprias convicções espirituais. Eles eram crentes, o que prova que mesmo os mais crentes, como Pedro, Tiago e João, os mais íntimos de Jesus, podem se tornar intolerantes, violentamente intolerantes. O caminho para o reino dos céus se dá mediante a simples confiança e dependência de uma criança, e o caminho para a grandeza acontece através da humildade de uma criança expressa pelo serviço modesto].
2. Evitando o exclusivismo.  Jesus também combateu o exclusivismo que se revela através da mentalidade de um grupo fechado (Lc 9.49,50). A razão dada pelos apóstolos para barrarem a ação daquele homem foi que ele não fazia parte do grupo. Jesus mostra que o fato de expulsar os demônios pela autoridade do seu nome e partilhar das mesmas convicções dos apóstolos credenciava aquele homem a exercer o seu ministério. Embora não fizesse parte do grupo dos Doze, partilhava da mesma fé. Não se trata, portanto, de validar crenças e práticas sectárias ou heréticas, mas sim de não permitir que o exclusivismo religioso nos cegue de tal forma que só venhamos a enxergar o nosso grupo.  [João, discípulo de Cristo, em uma de suas andanças encontrou um homem que expelia demônios usando o nome de Jesus. Este homem não era um dos seguidores de Jesus no mesmo sentido que eram os apóstolos e outros comissionados para aquele trabalho (Lucas 9.1-2; 10.1-12). João, talvez inspirado por um espírito de partidarismo como o de Josué (Números 11.16-30), proibiu o homem de continuar sua obra. Talvez, por causa do ensino sobre receber alguém em nome de Jesus, ele lembrasse do homem que, aos seus olhos, estava usando este nome sem merecê-lo e portanto não devia ser acolhido. Ele pede o parecer de Jesus sobre sua ação (Marcos 9.33-38; Lucas 9.46-49). Ironicamente João estava agindo como os escribas que anteriormente se opuseram a Jesus apesar da evidência da ação do Espírito Santo na realização de exorcismos (Marcos 3.22). Agora ele se opunha a um homem que tinha evidência de ter fé em Jesus e que estava fazendo o que alguns apóstolos não tinham conseguido um pouco antes (Marcos 9.18,28). O Mestre ensinou que o comportamento de João, que representava o dos doze, era errado (Marcos 9.39-40). "Quem não é contra nós, é por nós" diz Jesus. Se aquele exorcista usava o nome de Jesus, deveria ter sido considerado como amigo por João e não como inimigo ou concorrente. Os discípulos de Cristo não precisam tomar "posições" com respeito aos homens; os homens é que precisam tomar uma posição com respeito a Jesus. O sentimento de rivalidade e de competição não é compatível com o caráter de servo que Jesus ensinou aos seus seguidores. Ser seguidor de Jesus é aprender a reconhecer que nem tudo tem de ser feito a nosso modo. Se o exorcista estava a favor de Jesus, deveria ser incentivado e não criticado; deveria, se necessário, ser instruído com maior exatidão sobre o caminho do Senhor (Atos 18.24-19-7). Ele não era como os sete filhos de Ceva (Atos 19.13-16), mas parecia ser alguém com uma boa atitude espiritual. Este texto tem sido usado para ensinar que não importa a doutrina que alguém prega, desde que fale de Jesus: uma espécie de relativismo espiritual, onde um espírito meio ecumênico e meio eclético é transportado ao texto bíblico. Dizem: "Não importa se ele está pregando certo ou errado, mas se está falando de Jesus, devemos considerá-lo como irmão". Este modo de pensar é incentivado pelas Bíblias onde este texto recebe o título: "Jesus ensina tolerância e caridade". O texto não ensina nada disto! Ensina que devemos saber reconhecer apoio a Cristo e fé nele, mesmo quando a pessoa não é claramente identificada com Jesus. É um texto que manda abrir os olhos para ver o apoio à causa de Cristo e não um texto que manda fechá-los ao desvio da verdade. Nada podia ser declarado sobre a salvação deste exorcista (Mateus 7.21-23), nem ainda sobre todos os seus motivos interiores (Filipenses 1.15-18). De qualquer forma, ele não era neutro em relação a Jesus, mas estava do lado dele, pois "quem não está contra, está a favor" e vai evidenciar este fato com atos de verdadeira fé (Marcos 9.41).].

SÍNTESE DO TÓPICO II
Jesus rechaçou a ideia de primazia e de exclusivismo para aqueles que professam a fé cristã.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"Um argumento irrompe entre eles [os discípulos] sobre quem é o mais importante. Jesus tinha acabado de predizer seu sofrimento e morte sacrificais. As aspirações mundanas dos discípulos por posição e prestígio exprimem que eles não compreenderam seu ensino sobre a abnegação e a humildade. Aspirando por elevadas posições, eles caem na armadilha do orgulho e do ciúme" (ARRINGTON, French L. Lucas. In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.379). Tal comentário, inspira-nos a perguntar: "Abraçamos a causa do Evangelho por amor ou por vantagens e prestígios?"; "Será que um verdadeiro discípulo de Cristo pode se livrar facilmente de uma vida de renúncia e de sofrimento por Ele?"; "Para quem serve o Evangelho?"; são as perguntas obrigatórias a serem feitas nos dias de hoje.

III - LIDANDO COM A AVAREZA
1. Valores invertidos. No relato de Lucas, Jesus acabara de incentivar seus discípulos a dependerem do Espírito Santo (Lc 12.12) quando um homem que estava no meio da multidão falou: "Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança" (Lc 12.13). Essa solicitação estava na contramão dos ensinos de Cristo e por isso recebeu a censura dEle: "Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?" (Lc 12.14). Enquanto Jesus ensinava a se evitar uma atitude legalista e materialista, esse homem age de forma diametralmente oposta àquilo que fora ensinado. Ele estava preocupado com a herança! Como muitos fazem hoje, não estava preocupado em seguir os ensinos de Cristo, mas usá-lo como trampolim para alcançar seus objetivos - a satisfação material. [Quando o homem pediu a Jesus que arbitrasse a disputa da herança, ele se recusou, fazendo a pergunta: “Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós?” (Lucas 12:14). Ele estava simplesmente dizendo que não era seu propósito acertar querelas de propriedade. É certo que o homem tinha entendido mal a meta da missão de Jesus. O Senhor poderia ter deixado isso assim, mas não o fez. Jesus acrescentou uma advertência: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lucas 12:15). Que declaração forte! “Tende cuidado” ‒ mas o Senhor não ficou numa única declaração de perigo; ele acrescentou outra ‒ “guardai-vos”. E qual era o perigo contra o qual ele estava advertindo tão duramente? Avareza. Ela é o assunto de muitas advertências bíblicas (Marcos 7:22; Romanos 1:29; I Coríntios 5:10-11; 6:9-11; Efésios 5:3, 5; Colossenses 3:5; I Timóteo 6:10; II Pedro 2:14). Um pecado sobre o qual as Escrituras advertem tão frequentemente tem que ser muito espalhado. Será que somos cegos a este erro em nossas próprias vidas? A avareza é um desejo desordenado por coisas. Vemos e queremos. Coisas materiais tornam-se mais importantes para nós do que o Senhor, motivo pelo qual a avareza é chamada idolatria (Efésios 5:5; Colossenses 3:5). Daí a cobiça leva a outros pecados. A vida consiste de bem mais do que obter e possuir simplesmente coisas. Ao invés disso, Deus quer que nós desfrutemos uma vida plena, completa e equilibrada, e Ele fez provisões através de sua Palavra para que nós nos realizássemos dessa forma. Ele prometeu suprir todas as nossas necessidades (Fp 4.19) e prometeu satisfazer os desejos de nosso coração (Sl 37.4). Mas Ele também quer que tenhamos nossas prioridades claras: “Buscai primeiro o Reino de Deus”. Desse modo – com todas suas promessas e prioridades aplicadas equilibradamente em sua vida – “e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (mt 6.33)].
2. Evitando a ansiedade. Logo a seguir, Jesus profere um dos mais belos ensinamentos sobre como deve ser a vida de um verdadeiro discípulo (Lc 12.22-34). Jesus ensina a respeito das preocupações da vida. Como discípulos de Cristo não podemos viver ansiosos pelas coisas desta vida. Precisamos aprender a confiar em Deus, nosso provedor.  As palavras de Jesus também revelam duas maneiras de se enxergar o mundo - mostra como "os gentios do mundo" (Lc 12.30) entendem a realidade à sua volta e como os seus discípulos deveriam agir diante das mesmas circunstâncias. São duas cosmovisões totalmente diferentes e opostas entre si. Enquanto uma interpreta a realidade da vida tomando por base os valores meramente materiais, a outra a vê a partir de valores absolutos e espirituais. [Compramos coisas que não podemos pagar. Logo, devemos tanto dinheiro que não podemos pagar nossas dívidas. Provérbios 22:7 adverte que quem pede emprestado se torna um escravo do emprestador. O crédito fácil é um tirano. Como o peixe que abocanha a isca do anzol, somos atraídos por coisas materiais e pela nossa obsessão de tê-las agora mesmo. Não podemos pagá-las, mas não importa. Apenas cinco pagamentos facilitados, ou um cartão de plástico. Mas a satisfação instantânea tem seu preço, e é alto. A raiz do problema: a avareza ‒ queremos o que queremos, e faremos coisas erradas para conseguir. Permitimos que nosso emprego interfira com o serviço a Deus. Tornamo-nos tão devotados à nossa carreira e a GANHAR MAIS e mais dinheiro que não temos tempo para ensinar, estudar, orar ou adorar. Deus nos manda trabalhar (2 Tessalonicenses 3:10), mas ele não quer que façamos de nosso trabalho um ídolo. Ele não quer que esposas negligenciem sua responsabilidade principal de dirigir o lar (Tito 2:5; I Timóteo 5:14) para se devotarem a uma carreira. A raiz do problema: avareza ‒ queremos o que queremos ‒ e faremos um deus de nosso trabalho para conseguir. Murmuramos e nos queixamos a respeito do que não temos. “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as cousas que tendes” (Hebreus 13:5). É fácil olhar em volta e ver nossos vizinhos e colegas com mais do que temos e então sentir-se privado. Sentimos que ficaríamos contentes se tivéssemos apenas mais uma quinquilharia, mas quando a conseguirmos, logo desejaremos mais alguma coisa. O problema é nossa atitude, não nossa posição financeira. “Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda” (Eclesiastes 5:10). Se não estamos contentes com o que temos agora, não ficaremos contentes com coisa nenhuma. A raiz do problema: avareza ‒ queremos o que queremos ‒ e nos sentimos despojados se não conseguimos. Jesus simplesmente disse: “... a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lucas 12:15). Coisas materiais não são tudo o que a vida é. Nada realmente valioso, desejável ou duradouro pode ser comprado. O Senhor poderia ter parado aqui, porém não o fez. Jesus e uma Disputa de Herança:  Jesus e uma Disputa de Herança: O Perigo da Avareza (Lucas 12:13-34) http://www.estudosdabiblia.net/d52.htm].

SÍNTESE DO TÓPICO III
Não podemos inverter os valores da vida, pois viver ansiosamente, de modo materialista, vai na contramão de uma vida forjada no Evangelho

IV - LIDANDO COM O RESSENTIMENTO (Lc 17.3,4)
1. A necessidade do perdão. Jesus sabia quão maléficos são a falta de perdão e o ressentimento. De fato, a Bíblia mostra que a raiz de amargura é um mal que deve ser evitado a qualquer custo (Ef 4.31). A falta de perdão é vista como uma raiz que produz brotos extremamente maléficos (Hb 12.15). No terceiro Evangelho, Jesus nos ensina que a forma correta de se manter livre desse veneno é possuir uma atitude pronta a perdoar. "Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe; e, se pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe" (Lc 17.3,4). [No sermão do (Mt 6.14, 15), Jesus durante sua ministração, deu uma grande ênfase sobre a importância da necessidade de perdoar. Entre todos os pontos destacados por Jesus na oração dominical, sem dúvida alguma, a necessidade de perdoar é o que teve mais relevância, pois este tipo de preocupação se encontrava indispensável em seu discurso. A Bíblia diz: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mt 5. 23-24). “Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só” (Mt 18. 15). “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo... não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo” (Ef 4.25-27). “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai a vós” (Cl 3. 13). Em outras palavras... Deus está dizendo: Não aceito o culto de um coração magoado; Trate logo a ferida; Não espalhe o veneno da amargura; Vá à pessoa que te magoou, Perdoe... Perdoe... Perdoe...O Rev Hernandes Dias Lopes, escreve: “O perdão é o melhor remédio para a saúde emocional. O perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente, a alforria do coração, a cura das emoções. Perdoar é lembrar sem sentir dor. Perdoar é zerar a conta e não cobrar mais a dívida. O perdão é ato de misericórdia e manifestação da graça. O perdão é absolutamente necessário. E isso, por várias razões: 1. O perdão é necessário porque temos queixa uns dos outros. Nós não somos perfeitos, não viemos de uma família perfeita, não temos um casamento perfeito, não temos filhos perfeitos nem frequentamos uma igreja perfeita. Consequentemente, nós temos queixas uns dos outros. Na verdade, nós decepcionamos as pessoas e as pessoas nos decepcionam. Nossas fraquezas transpiram em nossas palavras e atitudes. Sem o exercício do perdão ficamos entupidos de mágoas e a mágoa gera raiz de amargura no coração. Não somente isso, a amargura perturba a pessoa que a alimenta e contamina as pessoas ao redor.  2. O perdão é necessário porque fomos perdoados por Deus. Quem é receptáculo do perdão precisa transformar-se em canal do perdão. Aqueles que retêm o perdão ao próximo fecham-se para receber o perdão de Deus. Não existe uma pessoa salva que não tenha sido perdoada. Na verdade, no céu só entrarão os perdoados. Logo, é impossível ser um cristão sem exercitar o perdão. Devemos perdoar assim como fomos perdoados. Como Deus nos perdoou devemos nós também perdoar uns aos outros. Quando compreendemos a enormidade do perdão recebido por Deus, não temos mais motivos para sonegar perdão ao próximo. Nossa dívida com Deus era impagável e Deus no-la perdoou completamente. Não fomos perdoados por mérito, mas por graça. Perdão não é reinvindicação de direito, mas o clamor solícito da misericórdia.  3. O perdão é necessário porque por meio dele restauramos relacionamentos feridos. A Bíblia não oculta o perigo devastador da mágoa dentro da família e da igreja. Exemplos como Caim e Abel, José e seus irmãos, Absalão e Amnon retratam essa amarga realidade. Há pessoas feridas dentro do lar e também na assembleia dos santos. Há pessoas doentes e perturbadas emocionalmente porque um dia foram injustiçadas por palavras impiedosas e atitudes truculentas. Há pessoas prisioneiras de traumas e abusos sofridos na infância. Há indivíduos que não conseguem avançar vitoriosamente rumo ao futuro porque nunca se desvencilharam das amarras do passado. O perdão destampa esse poço infecto. Espreme o pus da ferida. Cirurgia os abcessos da alma. Promove uma assepsia da mente e proclama a libertação das grossas correntes do ressentimento. O perdão constrói pontes no lugar que a mágoa cavou abismos. O perdão passa o óleo terapêutico da cura, onde o ódio abriu feridas. O perdão promove reconciliação onde a indiferença quebrou relacionamentos. O perdão expressa o triunfo da graça, onde o ódio mostrou a carranca do desprezo. 4. O perdão é necessário para experimentarmos plena felicidade. Uma pessoa que nutre mágoa no coração não é feliz. O ressentimento é autofagia, é autodestruição. Guardar mágoa é a mesma coisa que o indivíduo beber um copo de veneno pensando que o outro é quem vai morrer. Nenhum calmante químico pode aquietar uma alma desassossegada pela mágoa. Nenhum prazer deste mundo pode aliviar a dor de um coração ferido pelo ódio. A mágoa produz muitas doenças. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente. Mas, o perdão traz cura completa para o corpo e felicidade plena para a alma”. http://hernandesdiaslopes.com.br/2012/07/perdao-a-cura-para-os-relacionamentos-feridos/#.VWOOIdK4TIU].
2. Perdão, uma via de mão dupla. Jesus também mostrou que o perdão é uma via de mão dupla (Lc 6.37). Quando ensinou sobre o perdão na oração do Pai Nosso, Jesus foi categórico em dizer que quem não perdoa também não será perdoado: "Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas" (Mt 6.15). Não há dúvidas de que há muitos cristãos com doenças psicossomáticas simplesmente porque não conseguem perdoar. Guardam ressentimentos na alma como quem guarda dinheiro em banco! James Dobson, famoso psicólogo cristão, disse que daria alta a oitenta por cento de seus pacientes se eles conseguissem perdoar ou se sentissem perdoados! [Ainda o Rev Hernandes Dias Lopes: “A Bíblia diz que Deus perdoa os nossos pecados e deles não mais se lembra. Diz ainda, que devemos perdoar assim como Deus em Cristo nos perdoou. O que significa perdoar e não mais se lembrar? Significa, porventura, amnésia? Absolutamente não! Deus não tem amnésia. Deus sabe tudo e jamais fato algum é apagado da sua memória. Mas, então, o que a Bíblia quer dizer que Deus perdoa e esquece? Significa que Deus nunca mais cobra outra vez aquilo que ele perdoou. Deus nunca mais lança em nosso rosto aquilo que confessamos e abandonamos. Assim, também, quando a Bíblia diz que devemos perdoar como Deus e esquecer, não significa que os fatos que nos machucaram serão apagados da nossa memória. Isso é impossível e nem mesmo depende de nós. As coisas vêm à nossa memória querendo nós ou não. Perdoar e esquecer significa lembrar sem sentir dor; significa nunca mais cobrar da pessoa perdoada a mesma dívida. O perdão é uma necessidade fundamental da vida. É impossível ter uma vida saudável emocional, física e espiritualmente sem o exercício do perdão. Quem não  perdoa não pode orar. Quem não perdoa não pode trazer sua oferta ao altar. Quem não perdoa não pode ser perdoado. Quem não perdoa adoece fisicamente. Quem não perdoa é entregue aos verdugos e flageladores da consciência. O perdão é até  mesmo uma questão de bom senso. Quando guardamos mágoa de alguém, acabamos  nos tornando prisioneiros dessa pessoa. Ela nos escraviza e nos mantém em cativeiro. Quando nutrimos mágoa de alguém, esse alguém nos perturba continuamente. Se vamos nos assentar para tomar uma refeição, essa pessoa tira o nosso apetite. Se vamos sair de férias, essa pessoa pega carona conosco. Perdoar é a única maneira de quebrar essas correntes e ficarmos livres. O perdão deve ser ilimitado. Jesus nos ensina a perdoar até setenta vezes sete. Essa cifra não é literal. Ela aponta setenta vezes o número sete, o número da perfeição. O perdão é ilimitado, pois é dessa forma que Deus nos perdoa. Jesus deixou esse fato claro na sua parábola do credor incompassivo. Aquele servo que recebeu um perdão de dez mil talentos não perdoou seu conservo de uma pequena dívida de cem denários. Dez mil talentos é seiscentas mil vezes mais que cem denários. Aquele que havia recebido um perdão seiscentas mil vezes maior negou-se a perdoar alguém que lhe devia uma dívida seiscentas mil vezes menor. O rei, então, lhe entregou aos verdugos até que ele “pagasse” a dívida impagável. Um homem precisaria trabalhar cento e cinqüenta mil anos para adquirir dez mil talentos recebendo o salário de um denário por dia. A nossa dívida com Deus é impagável. Por isso, o perdão de Deus é ilimitado. E Jesus foi enfático em afirmar que se não perdoarmos, não seremos perdoados: “Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão” (Mt 18.35).  O perdão é o caminho da cura das feridas. É a ponte de reconciliação das relações quebradas. O perdão é o remédio divino para os relacionamentos enfermos. O perdão é o bálsamo do céu para aqueles que andam machucados e feridos pela mágoa. Hoje é tempo de perdoar. Hoje é tempo de pedir perdão. Hoje é tempo de restaurar relacionamentos dentro da nossa casa e da igreja, a fim de vivermos uma vida plena, maiúscula e abundante”.http://hernandesdiaslopes.com.br/2007/09/perdoar-e-lembrar-sem-sentir-dor/#.VWON4dK4TIU].

SÍNTESE DO TÓPICO IV
O perdão é uma necessidade humana, pois como uma via de mão dupla, à medida que perdoamos ao próximo, o nosso Deus  igualmente nos perdoa.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"Jesus de Nazaré, argumenta Hannah Arendt, foi 'o descobridor do papel do perdão no reino dos assuntos humanos'. Pode ser muito afirmar que Jesus descobriu o papel do perdão social, visto que os profetas e sábios antes dEle também estavam cientes deste fenômeno, mas Ele claramente transformou o seu significado e significação de um modo que causou um efeito profundo na história humana.
Se examinarmos os livros do Novo Testamento em ordem aproximadamente cronológica, mais uma vez identificaremos uma trajetória que nos leva a pensar no perdão de um modo que transcende as metáforas puramente legais ou financeiras. Marcos, o mais antigo dos Evangelhos, claramente liga a chegada de Jesus com a previsão dos profetas hebreus referente à promessa de perdão e à vinda do Messias. Diferente das introduções mais longas dos outros Evangelhos, Marcos cita os profetas e em seguida declara que João Batista 'apareceu' e proclamou um batismo de arrependimento para (ou em ou voltado para) o perdão de pecados (Mc 1.4) [...]. Em resposta ao antagonismo dos escribas levantado contra Ele, Jesus anuncia que 'todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda sorte de blasfêmias, com que blasfemarem', exceto contra o Espírito Santo (Mc 3.28,29)" (SANDAGE, Steven J.; SHULTS, F. Leron. Faces do Perdão: Buscando Cura e Salvação. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, pp.137-38).

CONCLUSÃO
 Ao estudarmos as limitações dos discípulos, alguns fatos ficam em evidência. Observamos que a incapacidade para enfrentar Satanás em Lucas 9.40 é justificada em Mateus 17.20 pela falta de fé; a incredulidade dos discípulos no caminho de Emaús (Lc 24.13-35) é justificada pela falta de conhecimento das Escrituras (Lc 24.25-27); o desejo por grandeza e primazia (Lc 9.46-48) é uma consequência de terem se amoldado à cultura do mundo, e a falta de perdão existe por não se reconhecer a natureza perdoadora do Pai celestial. [Nos episódios estudados, vimos uma sequência de falhas no comportamento dos discípulos. Primeiro, no monte da transfiguração, Pedro sugeriu igualar Jesus com Moisés e Elias, fazendo uma tenda para cada um. Enquanto isso, os discípulos que ficaram ao pé do monte não conseguiam libertar um menino possesso, por lhes faltar a oração e o jejum. Em seguida eles passaram a discutir qual seria o maior no reino e queriam proibir um homem de expulsar demônios em nome de Jesus, por não andar com eles. Agora Tiago e João querem matar os samaritanos que se recusam a receber Jesus. A competição para ser o maior no reino não terminou nos dias dos discípulos, continua hoje, mascarada em campanhas religiosas alardeando homens como “O maior pregador do mundo”, “O mais versado nas Escrituras” ou “O mais poderoso servo de Deus”. Lideranças que se intitulam “Apóstolos”, “Bispos”, que na verdade não passam de homens arrogantes, numa guerra de vaidades sem paralelo até mesmo entre os incrédulos. A resposta de Cristo a tudo isso é: “Vocês não sabem de que espécie de espírito são”.]. NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Maio de 2015

LIÇÃO 09 – AS LIMITAÇÕES DOS DISCÍPULOS - 2° TRIMESTRE 2015(Luciano de Paula Lourenço)

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos das limitações que os discípulos de Jesus apresentavam. Conquanto privilegiados eram em ter o maior Mestre da história da humanidade ao lado deles de forma tão intima e imediata, eles não eram perfeitos. Percebemos isso quando lemos as quatro narrativas do Evangelho de Jesus Cristo, o qual mostra que eles eram homens rodeados de imperfeições e limitações. Aprenderam, sim, com o Mestre dos mestres e nunca mais foram as mesmas pessoas, mas não deixaram de ser humanos com todas as suas limitações.

Às vezes se imagina que a fé cristã para ser genuinamente bíblica deve anular todas as fragilidades humanas, eliminar todos as suas limitações. Mas não é assim que a coisa acontece, nem tampouco é isso o que ensinam as Escrituras Sagradas. É verdade que Deus trabalha com homens, porém, homens imperfeitos, limitados e que constantemente estão dependendo dEle. Em nossa caminhada espiritual não dá para fingirmos superioridades espirituais ou coisas semelhantes. Somos humanos, isto é, somos limitados em nossas ações. Por isso, a partir da realidade da vida de alguns discípulos e da maneira como Jesus tratou com eles, algumas lições podem ser aprendidas por nós.

I. LIDANDO COM A DÚVIDA

1. A oração e a fé. No dia seguinte (Lc 9:37) à experiência gloriosa do cume do monte da transfiguração, Jesus se deparou com uma situação característica daqueles que querem fazer a obra de Deus de qualquer maneira: improficuidade. Lucas 9:37-43 mostra a incapacidade angustiante dos discípulos de tratar de um caso de possessão demoníaca. O contraste é marcante. De um lado, temos aqueles que se regozijavam na luz de Deus no cume da montanha, e, do outro lado, aqueles que estavam sendo derrotados pelos poderes das trevas na planície. Aqueles discípulos que há pouco tempo tinham recebido poder sobre os demônios (Lc 9:1), agora estão derrotados diante deles (Lc 9:40). Será que houve algum fracasso na vida espiritual deles?

O certo é que agora os discípulos de Jesus estavam no vale cara a cara com o diabo, sem capacidade espiritual, colhendo um grande fracasso. Diante da incapacidade espiritual dos discípulos, o pai do menino possesso, clamou a Jesus em alta voz, explicando sua necessidade. Aquele menino, filho único, de tempos em tempos era possesso por um demônio. E agora o pai completa o seu sofrimento dizendo que rogara aos discípulos que lidassem com o demônio, mas que, infelizmente, eles não puderam. Há algumas lições importantes que podemos extrair desse episódio: (1)

a) no vale há gente sofrendo o cativeiro do diabo sem encontrar na igreja solução para o seu problema (Lc 9:39).

Aqui está um pai desesperado (Mt 17:15,16). O diabo invadiu a sua casa e está arrebentando com a sua família. Está destruindo seu único filho. Aquele jovem estava possuído por uma casta de demônios, que tornavam a sua vida um verdadeiro inferno. No auge do seu desespero o pai do jovem correu para os discípulos de Jesus em busca de ajuda, mas eles estavam sem poder.

A Igreja tem oferecido resposta para uma sociedade desesperançada e aflita? Temos confrontado o poder do mal?  A Igreja hoje está cheia de conhecimento, mas conhecimento apenas não basta, é preciso revestimento de poder. O reino de Deus não consiste de palavras, mas de poder.

b) no vale há gente desesperada precisando de ajuda, mas os discípulos estão perdendo tempo, envolvidos numa discussão infrutífera (Mc 9:14-18).

Os discípulos estavam envolvidos numa interminável discussão com os escribas, enquanto o diabo estava agindo livremente sem ser confrontado. Eles estavam perdendo tempo com os inimigos da obra de Deus em vez de fazer a obra.

A discussão, muitas vezes é saudável e necessária. Contudo, passar o tempo todo discutindo é uma estratégia do diabo para nos manter fora da linha de combate. Há crentes que passam a vida inteira participando de retiros e congressos, mas nunca entram em campo para agir. Sabem muito e fazem pouco. Discutem muito e trabalham pouco.

Os discípulos estavam discutindo com os opositores da obra de Deus (Mc 9:14). Discussão sem ação é paralisia espiritual. O inferno vibra quando a igreja se fecha dentro de quatro paredes, em torno dos seus empolgantes assuntos. O mundo perece enquanto a igreja está discutindo. Há muita discussão, mas pouco poder. Há multidões sedentas, mas pouca ação da igreja.

c) no vale os discípulos estão sem poder para confrontar os poderes das trevas (Lc 9:40; Mc 9:18; Mt 17:16). Por que os discípulos estão sem poder?

- Os discípulos não oraram (Mc 9:28,29). Não há poder espiritual sem oração. O poder não vem de dentro, mas do alto. Pouca oração, pouco poder. Nenhuma oração, nenhum poder.

- Os discípulos não jejuaram (Mc 9:28,29). O jejum nos esvazia de nós mesmos e nos reveste com o poder do alto. Quando jejuamos, estamos dizendo que dependemos totalmente dos recursos de Deus.

- Os discípulos tinham uma fé tímida (Mt 17:19,20). A fé não olha para a adversidade, mas para as infinitas possibilidades de Deus. Jesus disse para o pai do jovem: "Se tu podes crer; Tudo é possível ao que crê" (Mc 9:23). O poder de Jesus opera, muitas vezes, mediante a nossa fé.

2. A Palavra de Deus e a fé. “Se a falta de oração traz incredulidade, por outro lado, a falta de conhecimento da Palavra de Deus produz efeito semelhante. É isso o que mostra a história dos discípulos de Emaús” (Lc 24:13-35). Um desses discípulos chamava-se Cléopas, mas o outro ninguém sabe o seu nome. O Senhor Jesus, no mesmo dia que ressuscitou apareceu a esses dois discípulos quando se dirigiam para a aldeia de Emaús. Depois de dialogar com eles, Jesus percebeu o quanto eram incrédulos. Jesus passa a indicar que a raiz do problema é que eles não tinham absorvido aquilo que se ensina nas profecias bíblicas. Os profetas tinham falado com clareza suficiente, mas as mentes de Cléopas e do seu companheiro não tinham sido suficientemente alertas para captar aquilo que queriam dizer. Jesus reprovou a incredulidade dos dois discípulos e os chamou de néscios, isto é, desprovidos de conhecimento ou discernimento (Lc 24:25).

Jesus, então, dá a aqueles dois discípulos um estudo bíblico sistemático. Moisés e todos os profetas formaram o ponto de partida, mas Ele também passou para as coisas que se referiam a Ele em todas as Escrituras. Lucas não dá indicação alguma de quais passagens o Senhor escolheu, mas torna claro que a totalidade do Antigo Testamento era envolvida. Aqueles dois discípulos tinham ideias erradas daquilo que o Antigo Testamento ensinava, e, portanto, tinham ideias erradas acerca da cruz.

As ideias erradas daquilo que o Antigo Testamento ensinava, também, estavam impregnadas na mente dos onze apóstolos. A dúvida é um mal terrível que impregna a mente das pessoas, causando-lhes incredulidade, quando lhes falta o conhecimento da Palavra de Deus. Os apóstolos fugiram quando Jesus foi preso no Getsêmani (Mc 14:50); estiveram ausentes no Calvário (exceto João); não compareceram diante de Pilatos para reivindicar o seu corpo para o sepultamento; estiveram ausentes no seu sepultamento; não acreditaram na mensagem da sua ressurreição (Mc 16:11-14). Marcos nos informa que eles não deram credito ao testemunho de Maria Madalena (Mc 16:9-11) e não creram no testemunho dos dois discípulos que estavam de caminho para o campo (Mc 16:12,13). Jesus, então, aparece a eles quando estavam à mesa e censura-lhes a incredulidade e dureza de coração (Mc 16:14).

Muitos hoje estão como esses discípulos, não acreditam na ressurreição; não acreditam que Jesus virá outra vez; muitos, não acreditam mais em Deus, não acreditam que as Escrituras é a Palavra de Deus. Infelizmente, muitos têm se apostatado da fé. Isso é lamentável!

II. LIDANDO COM A PRIMAZIA E O EXCLUSIVISMO


1. Evitando a Primazia. Certa feita, enquanto Jesus se preparava para enfrentar o calvário, os discípulos estavam preocupados em saber quem era o maior (Lc 9:46-48). Isso revelava a ideia errada que eles tinham de Jesus. Para eles Jesus era um Messias-Rei dominador, um libertador de Israel, e eles, de algum modo, iriam participar de um poder dominante. E, na luta pelo poder, veio a competição pela supremacia. Quem manda mais? Certamente os discípulos foram tentados pelo orgulho espiritual. Certamente eles foram tentados a usufruir o poder que Jesus tinha lhes dado. Diante disso, Jesus entendeu que eles precisavam de um tratamento de choque.

Jesus lhes apresentou uma parábola viva. E usou para essa lição um elemento inesperado para eles. Jesus tomou uma criança e, certamente, a colocou no colo e lhes ensinou: “Qualquer que receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me recebe não recebe a mim, mas ao que me enviou; porque aquele que entre vós todos for o menor, esse mesmo é grande” (Lc 9:48). A criança, além de ser o símbolo da despretensão, da fraqueza e da dependência, era o símbolo da pureza de fé, da humildade e principalmente da falta de hipocrisia, isto é, da sinceridade e da transparência. Naqueles dias, a criança não tinha qualquer valor na sociedade, assim como os escravos. E a lição ensinada acabava com qualquer pretensão: o menor é o maior. Quem acolhe os pequenos, humildes e sinceros acolhe Jesus e a Deus Pai que o enviou!

A ambição humana não vê outro sinal de grandeza senão coroas, status, riquezas e elevada posição na sociedade. Porém, o Filho de Deus declara que o caminho para a grandeza e o reconhecimento divino é devotar-se ao cuidado dos mais tenros e fracos da família de Deus.

2. Evitando o exclusivismo. Novamente Jesus corrige os seus discípulos, agora acerca da intolerância e do exclusivismo estreito (Lc 9:49,50; Mc 9:38-41). João proíbe um homem que expulsava demônios em nome de Cristo, pelo simples fato de não fazer parte do grupo apostólico, de não estar lutando alinhado com eles. Na teologia de João, somente o grupo deles estava com a verdade; os outros eram excluídos e desprezados. João pensava que apenas os discípulos tinham o monopólio do poder de Jesus. O homem estava fazendo uma coisa boa, expulsando demônios; da maneira certa, em nome de Jesus; com resultado positivo, socorrendo uma pessoa necessitada. Contudo, mesmo assim, João o proíbe.

De igual modo, hoje, muitos segmentos religiosos tem a pretensão de serem os únicos que servem a Deus. Pensam e chegam ao disparate de pregarem com altivez como se fossem os únicos seguidores fiéis de Jesus e batem no peito com arrogância, como se fossem os únicos salvos. Muitos, tolamente, creem que Deus é um patrimônio exclusivo da sua denominação. Agem com soberba e desprezam todos quantos não aderem à sua corrente sectária. Muitos chegam até mesmo a perseguir uns aos outros, e se engalfinham em vergonhosas brigas e contendas, como acontecia na igreja em Corintos (1Co 6:7). Esse espírito intolerante e exclusivista está em desacordo com o ensino de Jesus, o Senhor da Igreja. Na verdade, muitas pessoas que não faziam parte dos doze demonstraram, algumas vezes, uma fé mais robusta em Jesus do que eles (cf. Mc 7:28,29; 15:42-46; Mt 8:10).

Jesus, então, repreende os discípulos e acentua que quem não é contra Ele, é por Ele (Lc 9:50). A lição que Jesus ensina é clara: não podemos ter a pretensão de julgar os outros nem de considerar-nos os únicos seguidores de Cristo, pelo fato de essas pessoas não estarem em nossa companhia, em nossa denominação.

Obviamente, Jesus não está dizendo que os hereges, os heterodoxos e aqueles que acrescentam ou retiram parte das Escrituras devam ser considerados os seus legítimos seguidores. Jesus não está ensinando aqui o inclusivismo religioso nem dando um voto de aprovação a todas as religiões. Jesus não comunga com o erro doutrinário; antes, o reprovou severamente. Jesus não aprova o universalismo nem o ecumenismo. Não há unidade espiritual fora da verdade. Contudo, Jesus não aceita a intolerância religiosa. Não podemos proibir nem rejeitar os outros pelo simples fato de eles não pertencerem ao nosso grupo.

Certa vez, no Antigo Testamento, Josué pediu a Moisés para proibir Eldade e Medade que estavam profetizando no campo. Ele exclama: “Moisés, meu senhor, proíbe-lhos”. Mas Moisés lhe responde: ”Tens tu ciúmes por mimTomara todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito” (Nm 11:26-29). Moisés ensina aqui que devemos evitar o exclusivismo.

III. LIDANDO COM A AVAREZA (Lc 12:13-21).

Segundo o dicionário Aurélio, avareza é o “excessivo e sórdido apego ao dinheiro; esganação”. A avareza é um pecado perigoso, pois facilmente conduz a outros pecados, como a mentira e a desonestidade. Jesus disse: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12:15). O valor de uma pessoa não consiste no valor de seus bens. Esse ensinamento pode ser ridicularizado por alguns que amam o dinheiro. E infelizmente essa foi a reação de alguns líderes religiosos diante das Palavras de Jesus (Lc 16:14). Curiosamente, hoje, os “pregadores da riqueza” fazem o mesmo. Igualmente zombam dos verdadeiros servos de Deus, que combatem a exagerada “teologia da prosperidade” e pregam a verdade revelada na Palavra de Deus.

Certa feita, Jesus ainda estava no meio da multidão, ensinando o povo a ter cuidado com os religiosos, quando alguém levantou uma questão: alguém pediu que Jesus fosse o juiz num caso de divisão de herança - “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança” (Lc 12:13). Essa solicitação estava na contramão dos ensinos de Cristo e por isso recebeu a censura dEle: “Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?” (Lc 12:14). Enquanto Jesus ensinava a se evitar uma atitude legalista e materialista, esse homem age de forma diametralmente oposta àquilo que fora ensinado. Ele estava preocupado com a herança.  Segundo a Bíblia de Estudo Nova Versão Internacional, esse pedido feito a Jesus não era algo estranho:

A lei, em Dt 21:17 promulgou a regra genérica de que um filho mais velho receberia o dobro da porção de um filho mais jovem. As disputas sobre tais questões eram em geral dirimidas pelos rabinos. Esse pedido que o homem fez a Jesus era egoísta e materialista…Jesus então lhe responde com uma Parábola a respeito das consequências da ganância”.

Como bem sabemos, a divisão de uma herança é sempre um problema, pois nesse momento aparecem a usura e a avareza. Com certeza, muita gente pensa: “Ah! Tudo estaria resolvido se aparecesse agora alguma herança”. Será que esse não é o desejo de alguns de nós nesse momento? Mas aí é que está o engano. É um erro pensar assim, pois a partir desse momento é que começam os conflitos e as dificuldades entre os herdeiros. Jesus foi muito claro quando disse: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12:15).

Jesus, então, contou a seguinte parábola: “a herdade de um homem rico tinha produzido com abundância. E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens, para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? ” (Lc 12:16-20).

Irmãos, a vida não nos pertence! Os bens não nos pertencem! Nem a vida nem os bens são nossas propriedades; são apenas um empréstimo! Desta feita, de que adiantam os bens acumulados? As riquezas não podem atender as maiores necessidades da vida e nem mesmo nos libertar da ansiedade. Elas não são garantia de vida, porque a vida é um presente de Deus, do qual temos que prestar conta a qualquer momento.

Observe que Jesus chama o homem da parábola de louco. Ele foi chamado de louco não porque estivesse cometendo algum crime, escândalo, roubo ou adultério, mas porque era avarento, voltado somente para sua riqueza. Ele pensava que a alma se alimenta de cereal. Ele foi considerado um pecador tão perigoso quanto aquele que mata, rouba e adultera. Em outras palavras, esse homem era materialista ou ateu, como tantos que existem hoje em nossa sociedade, vivendo como se Deus não existisse.

Portanto, devemos entender que o dinheiro ou os bens não oferecem qualquer segurança, porque de um momento para o outro seu possuidor pode ser surpreendido com o chamado de Deus. Onde você tem depositado sua confiança? Nas suas posses? Nos seus bens? Desejo que sua segurança esteja totalmente depositada em Jesus Cristo!

Ao aceitarmos Jesus, podemos não nos tornar milionários, mas aqueles que aceitam tomar a cruz e segui-lo, certamente encontrarão a verdadeira riqueza, a riqueza espiritual, as quais Deus nos dará na eternidade: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam” (1Co 2.9).

IV. LIDANDO COM O RESSENTIMETNO (Lc 17:3,4)

“Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe; e, se pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe”.

1. A necessidade de perdão. Na vida cristã não há somente o perigo de ofender outros. Há também o perigo de nutrir rancores, de se recusar a perdoar quando alguém que nos ofendeu pede perdão. É isso que o Senhor trata aqui em Lucas 17:3,4.

O perdão é uma necessidade vital para nossa alma, para nosso bem-estar. Mas o perdão não é fácil. É fácil pregar um sermão sobre o perdão até se deparar com alguém para perdoar. Mas Jesus Cristo nos informa e nos ensina que se eu não perdoar não posso orar; se eu não perdoar não posso adorar; se eu não perdoar não posso ofertar; se eu não posso perdoar eu não posso ser perdoado; se eu não perdoar, eu adoeço fisicamente, emocionalmente, espiritualmente; se eu não perdoar a minha alma, a minha vida será entregue aos verdugos da consciência e eu ficarei cativo e prisioneiro sem paz.

O perdão é uma terapia para a alma, um tônico para o coração, uma condição indispensável para a saúde emocional e física. Muitas enfermidades deixariam de existir se aprendêssemos a terapia do perdão. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente. O perdão é o remédio necessário que tonifica o coração para caminharmos pela vida sem amargura. Sem perdão a vida torna-se um fardo insuportável e a alma fica prisioneira do ódio e da vingança. Sem perdão somos destruídos pelos nossos sentimentos.

Aliás, o perdão não é simplesmente uma questão de ação, mas de reação. Jesus ilustra isso no sermão do monte (Mt 5:39-41). Ele diz que quando uma pessoa nos ferir a face direita, devemos voltar-lhe a outra face. Quando a pessoa nos forçar a andar uma milha, devemos ir com ela duas milhas. Quando uma pessoa procurar nos tirar a capa, devemos dar-lhe também a túnica. O que, na verdade, Jesus estava ensinando? Ele não estava falando de ação, mas de reação.

O que representa essas três figuras alistadas por Jesus?  Primeiro, quando uma pessoa nos fere no rosto, ela agride a nossa honra. Segundo, quando uma pessoa nos força a fazer o que não desejamos, ela agride a nossa vontade. Terceiro, quando uma pessoa nos toma as vestes pessoais, ela agride o nosso bem mais íntimo e sagrado. Jesus, então, realça que mesmo que os pontos mais vitais da vida sejam atingidos - como a honra, a vontade e os bens inalienáveis -, devemos reagir transcendentalmente, ou seja, com perdão.

O perdão é a transcendência do amor, é vencer o mal com o bem. Perdoar é tratar o outro não como ele merece, mas segundo a misericórdia exige. O perdão não é a execução da justiça, mas o braço estendido da misericórdia. Perdoar é abrir mão dos seus direitos. Perdoar é colocar o outro na frente do eu. Perdoar é não se ressentir do mal, mas vencer o mal com o bem, abençoando o próprio malfeitor.

2. Perdão, uma vida de mão dupla. “... Perdoai e sereis perdoados” (Lc 6:37). Aqui, Jesus mostra que o perdão é uma via de mão dupla.

Você já percebeu que na palavra perdoar tem a palavra doar? Quem perdoa está doando alguma coisa. De certa forma misteriosa, o perdão de Deus depende de nosso perdão. O que Jesus ensinou na oração do Pai Nosso? Duas vezes ele fala sobre o perdão. Em Mateus 6:12 Ele diz assim: “perdoa as nossas dividas, assim como nós perdoamos”. Depois no versículo 15 ele diz: “se, porém, não perdoardes aos homens vosso pai celestial também não vos perdoará”. Portanto, se eu não perdoar, eu também não recebo perdão de Deus. É uma via de não dupla.

Quer consubstanciar este texto? Então leia Mateus 18:23-35, que fala sobre “a parábola do credor incompassivo”. Sabe qual é a conclusão desta parábola? Se vós não perdoardes as ofensas dos vossos irmãos, vosso pai celestial também não vos perdoará - “Assim vos fará também meu pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (Mt 18:35). Então, de certa forma o perdão de Deus depende do nosso perdão. Se você quer perdão de Deus, aprenda a liberar perdão para aquele que tem apedrejado você.

Quanto eu perdoo eu me pareço com Deus. Em Mateus capitulo 5, a partir do versículo 44, você vai entender. Jesus disse: “eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do pai que está nos céus...”. Aqui eu tenho a real compreensão que quando eu perdoo eu me pareço com Deus. Todo filho recebe uma herança genética do pai. Você não se parece com Deus quando você ora. Mas, quando você perdoa você se parece com Deus. Portanto, para que você seja filho do vosso Pai que está no Céu, tem que saber perdoar.

CONCLUSÃO

“Ao estudarmos as limitações dos discípulos, alguns fatos ficam em evidência. Observamos que a incapacidade para enfrentar Satanás em Lucas 9:40 é justificada em Mateus 17:20 pela falta de fé; a incredulidade dos discípulos no caminho de Emaús (Lc 24:13-35) é justificada pela falta de conhecimento das Escrituras (Lc 24:25-27); o desejo por grandeza e primazia (Lc 9:46-48) é uma consequência de terem se amoldado à cultura do mundo, e; a falta de perdão existe por não se reconhecer a natureza perdoadora do Pai celestial” (LBM. CPAD. p. 69).

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com