A PAZ DO SENHOR!

LIÇÃO 10 – JESUS E O DINHEIRO - 2° TRIMESTRE 2015(IEAD/PE)

INTRODUÇÃO
Não são poucas as pessoas que interpretando mal o ensinamento das Escrituras sobre o dinheiro entram por dois
extremos, a saber: veem a riqueza como evidência de verdadeira espiritualidade, ou a pobreza como sinal de comunhão
com Deus. Nesta lição veremos o que o AT e NT nos dizem sobre as riquezas e as posses. Destacaremos que por causa da
má compreensão dos judeus dos tempos de Jesus acerca das riquezas, o Mestre fez duros sermões corrigindo essa visão
judaica distorcida. E, por fim, pontuaremos que, a Bíblia não condena a riqueza, mas nos adverte quanto ao
comportamento que não devemos ter em relação a ela.
I – O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O DINHEIRO, RIQUEZAS E POSSES
1.1 Antigo Testamento. O AT nos mostra que a prosperidade material acontece como um resultado de um favor divino
(Pv 10.22; Ec 5.19). Até mesmo os incrédulos enriquecem em decorrência desse favor (Sl 73.3-12). “Essa ideia de
prosperidade vai muito além daquela que é a do simples acúmulo de bens materiais e bem-estar físico (Pv 22.1). Na
verdade a compreensão que se tem no Antigo Pacto é que a prosperidade é, em primeiro lugar, espiritual e em segundo
lugar, material (Pv 13.7). Isso nos faz constatar que há outros valores que o Antigo Testamento revela que, embora não
sendo materiais, são tidos como grandes riquezas, verdadeiros tesouros. Dentre as várias coisas que a Antiga Aliança
mostra como sendo de maior valor do que bens materiais estão, por exemplo, o conhecimento (Pv 3.13; 20.15), a
integridade (SI 7.8; 78.72), a justiça (Sl 15.2; Pv 8.18; 14.34), o entendimento (Pv 15.32; 19.8), a humildade e a paz (Pv
15.33; 18.12; 12.20)” (GONÇALVES, 2011, pp. 19,22 – acréscimo nosso).
1.2 Novo Testamento. “O Novo Testamento tem muita coisa a dizer sobre a riqueza, mas em nenhum lugar ela é
apresentada como algo que deva ser buscado. Em vez disso, quase sempre é apresentada como uma armadilha ou um
perigo” (PIERATT, 1993, p. 148). Possuir bens e ter dinheiro é bom, e a riqueza em si não é má. O que fazemos com ela
pode sim transformar-se em algo danoso. De fato, a Bíblia condena o amor ao dinheiro (I Tm 6.10) e não a aquisição dele
(Ef 4.28; I Ts 4.11). Os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos deixam claro que os bens materiais senão forem
administrados com sabedoria, para benefício próprio, da obra de Deus e do próximo se constituem num tropeço que
poderá impedir o possuidor de entrar no Reino do Céus (Mc 10.23; Lc 6.24; I Jo 2.15; Tg 5.1).
II – A VISÃO JUDAICA E A VISÃO DE JESUS SOBRE O DINHEIRO
2.1 Visão judaica. “A cultura judaica dos dias de Jesus acreditava que riqueza era um sinal de um favor especial de Deus,
e que aqueles que a possuíam deveriam ser tratados com deferência. Esse fato levou os discípulos a verem com assombro
a declaração de Jesus falando da dificuldade de um rico entrar no Reino de Deus (Lc 18.24). Diante disso eles indagaram:
“Sendo assim, quem pode ser salvo?” A crença era que os muitos bens que alguém possuía já era um sinal da salvação”
(GONÇALVES, 2011, p. 76).
2.2 Visão de Jesus Cristo. Jesus explicou que é difícil entrar um rico no Reino dos céus (não impossível, mas difícil).
“Usando um provérbio judeu comum de um camelo ser incapaz de passar pelo fundo de uma agulha para descrever a
dificuldade da entrada dos ricos no reino de Deus. A riqueza pode ser um obstáculo. Os ricos, que têm a maioria das suas
necessidades físicas satisfeitas, frequentemente se tornam autossuficientes. Quando se sentem vazios, eles podem comprar
alguma coisa nova para aliviar a dor que deveria levá-los em direção a Deus. A sua abundância e autossuficiência se
tornam a sua deficiência. As pessoas que têm tudo na terra ainda podem sentir falta do que é mais importante - a vida
eterna” (APLICAÇÃO PESSOAL, 2010, vol. 01, p. 119). Abaixo destacaremos alguns ensinamentos de Cristo sobre as
riquezas:
 Não devemos buscar as riquezas como prioridade, mas o reino dos céus (Mt 6.33);
 Não devemos colocar o coração nas coisas materiais, mas nas espirituais (Mt 6.19-21; Lc 12.34);
 Não devemos ganhar o mundo às custas da alma (Mt 16.26; Mc 8.36);
 Devemos manter uma perspectiva eterna e juntar tesouros no céu “onde traça nem ferrugem corrói, e onde
ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6.19-21);
 Devemos ser ricos para com Deus e não apenas financeiramente (Lc 12.21);
 Devemos ter cuidado com a sedução das riquezas, pois elas podem sufocar a palavra semeada no coração
(Mt 13.22; Mc 4.19; Lc 8.14);
 Devemos ter a nossa vida centrada em Deus e não nas coisas (Mt 6.25-34).
III – O JOVEM RICO E ZAQUEU
O mesmo Jesus que disse ser muito difícil um rico entrar no reino do céu (Lc 18.24,25), acrescentou que “[...] as
coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus” (Lc 18.27). De forma interessante, Lucas registra em
Lc 18.18-24, um rico que aproximou-se de Jesus, mas rejeitou segui-lo quando exortado a vender tudo o que tinha. Em
contra partida, em Lc 19-1-10, encontramos a narração do encontro de Jesus com Zaqueu, que também era muito rico,
porém diferente do primeiro, abraçou a fé em Cristo e recebeu a salvação. Logo, entendemos que riqueza não é sinal de
condenação. Pois, independente da condição social, o homem é pecador e carente da graça de Deus para que possa entrar
no céu (Rm 3.23; Ef 2.8,9; Tt 2.11). Abaixo destacaremos ambos os personagens, suas características e suas atitudes ante
o Mestre:
O JOVEM RICO ZAQUEU O PUBLICANO
Era um príncipe (Lc 18.18) Era um chefe dos publicanos (Lc 19.2-a)
Era muito rico (Lc 18.23-b) Era muito rico (Lc 19.2-b)
Foi ao encontro de Jesus (Mc 10.17) Queria ver quem era Jesus (Lc 19.3)
Disse obedecer a Lei desde a sua infância (Lc 18.20,21) Era tido como um pecador e assim se achava (Lc 19.7,8)
Jesus pediu que repartisse seus bens com os pobres, porém
ele negou-se, mostrando ser avarento e sem compaixão
pelos necessitados (Lc 18.22)
Repartiu metade dos seus bens com os pobres e prometeu
restituir quadruplicado aos que tinha defraudado, agindo
com compaixão pelos pobres e com honestidade (Lc 19.8)
Saiu triste e sem salvação (Lc 18.23) Alegrou-se e recebeu a salvação (Lc 19.6,9)
IV – CONTRASTES ENTRE A RIQUEZA MATERIAL E A ESPIRITUAL
Porque devemos buscar prioritariamente as riquezas espirituais e não as materiais? A Bíblia nos responde, como
veremos a seguir:
RIQUEZA MATERIAL RIQUEZA ESPIRITUAL
Material (Pv 11.7) Espiritual (Ef 2.7; Fp 4.19)
É terrena (Mt 6.19) É celeste (Lc 12.33)
É passageira (Ec 5.10) É eterna (Jo 6.27; I Pe 1.7)
É perecível (Pv 11.7; Tg 1.11) Não é perecível (Mt 6.20)
V – QUAIS OS MALES QUE A BÍBLIA COMBATE QUANTO A RIQUEZA
A Bíblia não condena a riqueza, mas adverte veementemente quanto a práticas nocivas em relação a ela. Abaixo
destacaremos algumas:
MALES SIGNIFICADO REFERÊNCIAS
Avareza Excessivo e sórdido apego ao dinheiro Pv 15.27; Lc 12.15; Rm 1.29; Ef 5.3;
Cl 3.5; Hb 13.5
Orgulho Conceito elevado ou exagerado de si próprio; amor próprio
demasiado; soberba Dt 32.15; Pv 21.4; Jr 9.23; Dn 4.29,30
Desonestidade Falta de honestidade; torpeza; indignidade Lv 19.13; Dt 24.15; Pv 16.8;
Pv 28.20; Hc 2.9; I Co 5.10; 6.10
Egoísmo Amor excessivo ao bem próprio, sem consideração aos
interesses alheios
I Sm 25.1-11; Lc 12.16-21;
II Tm 3.4
CONCLUSÃO
A ideia de prosperidade e riqueza tanto no AT quanto no NT é ensinada como secundária em relação a aquisição
de bens espirituais que são infinitamente superiores. Portanto, não devemos nos sobrecarregar com o dinheiro que pode
nos fazer naufragar, na avareza e no materialismo, mas devemos prioritariamente buscar e acumular os valores
incomensuráveis do Reino de Deus, como nos recomenda o Senhor Jesus Cristo (Mt 6.33).