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LIÇÃO 01 – O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - 2° TRIMESTRE 2015 (EBD Tube)

O Quê? DA LIÇÃO 01 - LUCAS INSPIRADO - 2° TRIMESTRE 2015 (EBD Tube)

LIÇÃO 01 – O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - 2° TRIMESTRE 2015 (Francisco Barbosa)

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

O Evangelho de Lucas é um dos livros mais belos e fascinantes do mundo. De fato, o terceiro Evangelho se distingue pelo seu estilo literário, pelo seu vocabulário e uso que faz do grego, considerado pelos eruditos como o mais refinado do Novo Testamento. Mas a sua maior beleza está em narrar a história da salvação (Lc 19-10). O autor procura mostrar, sempre de forma bem documentada, que o plano de Deus em salvar a humanidade, revelado através da história, cumpriu-se cabalmente em Cristo quando Ele se deu como sacrifício expiador pelos pecadores (Jo 10.11). Deus continua sendo Senhor da história e o advento do Messias para estabelecer o seu Reino é a prova disso. Lucas mostra que é através do Espírito Santo, primeiramente operando no ministério de Jesus e, posteriormente na Igreja, que esse propósito se efetiva. [Comentário: Lucas, o médico amado, não foi um apóstolo nem tampouco foi uma testemunha ocular da vida de Jesus, todavia deixou uma das mais belas obras literárias já escritas sobre os feitos do Salvador e os primeiros anos da comunidade cristã. Homem crente, cheio do Espírito do Senhor, com ampla visão da necessidade da obra, Lucas empregou seus dons ligados à palavra escrita para proclamar o que sabia a respeito de Jesus Cristo. Ele fora evangelista, pastor e chamado de “médico amado”, um tratamento afetivo que lhe dispensa Paulo em Cl 4.14. Seus pais eram de origem grega. Provavelmente converteu-se com a pregação de Paulo. Por ter amplo vocabulário e dom da comunicação, ao escrever o terceiro Evangelho e Atos, Lucas oferece-nos maior quantidade de informações históricas do que qualquer outro autor do Novo Testamento. Lucas é o autor do terceiro Evangelho e do livro de Atos (At 1.1-5). Os dois livros mostram uma similaridade de estilo. O escritor foi um companheiro de viagem de Paulo (At 16. 10-17).  E os dois documentos são dirigidos à mesma pessoa: Teófilo. O evangelho de Lucas foi escrito por volta do ano 60 d.C.] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!


1 - O TERCEIRO EVANGELHO

1. Autoria e data. Lucas, "o médico amado" (Cl 4.14), a quem é atribuída a autoria do terceiro Evangelho, é citado no Novo Testamento três vezes. Todas as citações estão nas epístolas paulinas e são usadas no contexto do aprisionamento do apóstolo Paulo (Cl 4.14; Fm 24; 2 Tm
4.11). Embora o autor do terceiro Evangelho não se identifique pelo nome, isso não depõe contra a autoria lucana. Desde os seus primórdios, a Igreja Cristã atribui a Lucas a autoria do terceiro Evangelho. A crítica contra a autoria de Lucas não tem conseguido apresentar argumentos sólidos para demover a Igreja de sua posição. A erudição conservadora assegura que Lucas escreveu a sua obra (aproximadamente) no início dos anos sessenta do primeiro século da era cristã.  [Comentário: O Evangelho Segundo Lucas (em grego: Τὸ κατὰ Λουκᾶν εὐαγγέλιον; transl.: To kata Loukan euangelion) é o terceiro dos quatro evangelhos canônicos. Ele relata a vida e o ministério de Jesus de Nazaré, detalhando a história dos acontecimentos de Seu nascimento até Sua Ascensão. O autor é tradicionalmente identificado como Lucas, o evangelista. Certas histórias populares, como o Filho Pródigo e o Bom samaritano, são encontrados somente neste evangelho. A obra tem uma ênfase especial sobre a oração, a atividade do Espírito Santo, a alegria e o cuidado de Deus para com os pobres, as crianças e as mulheres. Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus, mas volta sua atenção especialmente para a humanidade dEle, com Sua compaixão para com os fracos, os aflitos e os marginalizados. Com base em Lucas 1.1-4 e Atos 1.1-3, é evidente que o mesmo autor escreveu ambos Lucas e Atos, dirigindo os dois ao "excelentíssimo Teófilo", possivelmente um dignitário romano. A tradição desde os primeiros dias da igreja foi que Lucas, um médico e companheiro próximo ao Apóstolo Paulo, escreveu tanto Lucas e Atos (Colossenses 4.14; 2 Timóteo 4.11). Isto faria de Lucas o único gentio a escrever um dos livros da Escritura. De acordo com o prefácio do livro, o propósito de Lucas é relatar o início do Cristianismo, enquanto procura o significado teológico da história. A erudição cristã tradicional tem datado a composição do evangelho para o início dos anos 60 d.C., enquanto a alta crítica data para décadas mais tarde do século. Irineu, um dos pais da Igreja, já citava o Evangelho Segundo Lucas em seus escritos, por volta do ano 180 d.C. Alguns intérpretes argumentam a favor de uma data entre 75 e 85 d.C., afirmando que algumas passagens de Lucas pressupõem a destruição de Jerusalém, fato ocorrido em 70 d.C. (ex. 19.43; 21.20, 24). Mas essas passagens falam daquilo que era costumeiro quando um exército sitiava uma cidade da época, e não se podem acrescentar novas conclusões além daquilo que foi profetizado por Jesus. Jesus profetizou que as políticas em vigência levariam à ruína da nação no devido tempo. Alguns poucos críticos argumentam a favor de uma data no século II, mas parece não haver boas razões para isso. Com as informações que dispomos a data mais razoável é no início dos anos 60.] 

2. A obra. Lucas era historiador e médico. Ele escreveu sua obra em dois volumes (Lc 1.1-4; At 1.1,2). 0 terceiro Evangelho é a primeira parte desse trabalho e é uma narrativa da vida e obra de Jesus, enquanto os Atos dos Apóstolos compõem a segunda parte e narram o caminhar espiritual dos primeiros cristãos da Igreja Primitiva.  [Comentário: Muitos acreditam que o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos originalmente constituíam uma obra de dois volumes, compostos em grego koiné, que os estudiosos chamam de Lucas-Atos. O Evangelho de Lucas é único por ser uma narração meticulosa -- uma "exposição em ordem" (Lucas 1.3) compatível com a mente médica de Lucas -- muitas vezes dando detalhes que as outras narrativas omitem. A história de Lucas da vida do Grande Médico enfatiza o seu ministério - e compaixão – aos gentios, samaritanos, mulheres, crianças, cobradores de impostos, pecadores e outros considerados marginalizados em Israel. O estilo de Lucas é o mais literário de todos eles. Graham Stanton avalia a abertura do Evangelho de Lucas como "a frase mais refinada de todo o período pós-clássico da literatura grega". Linguisticamente, o Evangelho de Lucas divide-se em três seções. O prefácio (1:1-4), escrito num bom estilo clássico. O restante do capítulo 1 e o capítulo 2 têm um sabor nitidamente hebraico. É tão marcante que certo número de estudiosos chegou à conclusão de que aqui temos uma tradução de um original em hebraico. A partir de 3:1, Lucas escreve num tipo de grego helenístico que relembra fortemente a Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento. O vocabulário é extensivo e Lucas utiliza 266 palavras (além dos nomes próprios) que não são achados noutras partes do Novo Testamento. O estilo do Evangelho constantemente lembra a septuaginta. As citações do Antigo Testamento de Lucas são comumente tiradas daquela versão, e normalmente o autor emprega as formas de nomes próprios achadas ali. Às vezes a linguagem de Lucas contém hebraísmos e, às vezes, aramaísmos. Além disso, sua linguagem é mais semítica nalguns trechos do que noutros. Esses fatos parecem melhor explicados como sendo a reflexão das fontes de Lucas.Texto extraído de http://pt.wikipedia.org/wiki/Evangelho_segundo_Lucas

3. Os destinatários originais. O doutor Lucas endereçou seu Evangelho a Teófilo, certamente uma pessoa importante que devia ocupar uma alta posição social, sendo citado como "excelentíssimo". Pode se dizer que além deste ilustre destinatário, Lucas também escreveu aos gentios. O terceiro Evangelho pode ser classificado como sendo de natureza soteriológica e carismática. Soteriológica, porque narra o plano da salvação, e carismática porque dá amplo destaque ao papel do Espírito Santo como capacitador do ministério de Jesus Cristo. [Comentário: Tal como Marcos (mas ao contrário de Mateus), o público alvo é a população de gentios de língua grega, assegurando aos leitores que o cristianismo não uma seita exclusivamente judaica, mas uma religião mundial. O Evangelho de Lucas é especificamente endereçado a Teófilo (Lucas 1:3), cujo nome significa "aquele que ama a Deus". A maneira mais natural de entender a expressão é que Teófilo ("θεόφιλος" (Theóphilos), neles citado, significa "amigo de Deus", "amado por Deus" ou "amando a Deus" em grego clássico.) é uma pessoa de verdade e o mecenas de Lucas, provavelmente pagando os custos da publicação do livro, sendo por isso a ele dirigido. O adjetivo "excelentíssimo" significa que Teófilo era uma pessoa de posição. Teófilo, no entanto, era mais que um publicador. A mensagem desse evangelho visava à instrução não só daqueles entre os quais o livro circularia, mas também dele próprio (Lucas 1:4). O fato do evangelho ser dirigido a Teófilo não reduz nem limita seu propósito. O livro foi escrito para fortalecer a fé de todos os crentes e para reagir aos ataques dos incrédulos. Foi apresentado para substituir relatórios desconexos e infundados a respeito de Jesus. Lucas queria demonstrar que o lugar ocupado pelo gentio convertido no reino de Deus baseia-se nos ensinos de Jesus. Queria recomendar a pregação do evangelho ao mundo inteiro. Texto adaptado, com alguns acréscimos, de:http://pt.wikipedia.org/wiki/Evangelho_segundo_Lucas. Não se conhece a verdadeira identidade de Teófilo e há variadas conjecturas e tradições sobre quem poderia sê-lo: O Easton's Bible Dictionary, considerando que Lucas se refere a Teófilo com o mesmo honorífico que Paulo se dirige a Félix, supõe que Teófilo era uma pessoa importante, possivelmente um oficial romano. Segundo John Wesley, o honorífico era usado para os governadores romanos. Teófilo seria um personagem importante de Alexandria. Teófilo seria o patrono de Lucas, a quem ele dedica o livro, segundo Matthew Henry. Albert Barnes comenta sobre a hipótese de que Teófilo não seria o nome de uma pessoa, mas teria o significado literal de "amigo de Deus", ou um homem piedoso, porém rejeita esta hipótese por causa do tratamento honorífico. Teófilo provavelmente seria um grego ou romano convertido, um amigo de Lucas, que havia pedido um relato sobre os eventos, e havia recebido uma carta privada, que ele mesmo publicou.http://pt.wikipedia.org/wiki/Te%C3%B3filo_(B%C3%ADblia)

SÍNTESE DO TÓPICO I
Lucas, o médico amado, é o autor do terceiro Evangelho, que foi endereçado a Teófilo, um gentio.


 A fé cristã não se trata de uma Lenda ou fábula engenhosamente inventada. São fatos históricos.

II-OS FUNDAMENTOS E HISTORICIDADE DA FÉ CRISTÃ

1. O cristianismo no seu contexto histórico. Lucas mostra com riqueza de detalhes sob que circunstâncias históricas se deram os fatos por ele narrados. Vejamos: "E, no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, e Herodes, tetrarca da Galileia, e seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da província de Traconites, e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias" (Lc 3.1,2). Esses dados têm um propósito claro: mostrar que o plano da salvação no cristianismo pode ser localizado com precisão dentro da história. A fé cristã, portanto, não se trata de uma lenda ou fábula engenhosamente inventada. São fatos históricos que poderiam ser testados e provados e, dessa forma, podem ser aceitos por todos aqueles que procuram a verdade.  [Comentário: Todo cristão deve buscar na História da Igreja as origens para a defesa de sua fé, já que o Cristianismo é uma religião histórica e apela para os fatos da história como argumento comprobatório de sua veracidade. O ambiente histórico em que Cristo surgiu cooperou de modo colossal para a disseminação do evangelho. Dentro desse período três povos merecem destaque pela sua rica contribuição: os Judeus, os Romanos e os Gregos. A longa referência cronológica de Lucas começa com o ministério de João Batista, provavelmente cerca de 27 a 29 d.C. Diz-se que um tetrarca era um rei sem importância. Lucas cita Herodes Agripa como tetrarca da Galiléia. É dito, ainda, de dois sumos sacerdotes, Anás e Caifás. Os judeus tinham um só sumo sacerdote por vez. Anás tinha sido deposto pelos romanos, que, para o seu lugar, escolheram Caifás, seu genro. Os romanos cuidavam para que Caifás exercesse as funções oficiais, porém muitos judeus ainda consideravam Anás o verdadeiro sumo sacerdote e sua influência era grande por traz do genro.] 

2. Discipulado através dos fatos. A palavra grega katecheo, traduzida como "informado" ou “instruído" no versículo 4, deu origem à palavra portuguesa catequese. Esse vocábulo significa também: doutrinar, ensinar e convencer. Nesse contexto possui o sentido de "discipular". Lucas escreveu o seu Evangelho para formar discípulos. O discipulado, para ser autêntico, deve fundamentar-se na veracidade dos fatos da fé cristã. Nos primeiros versículos do seu Evangelho, Lucas revela, portanto, quais seriam as razões da sua obra (Lucas 1.1-4). O terceiro Evangelho foi escrito para mostrar os fundamentos das verdades nas quais os cristãos são instruídos. [Comentário: A fé cristã está bem fundamentada. Mas, quais são exatamente os fundamentos? Isso é um pouco mais difícil. Há uma série de maneiras de se responder a esta pergunta. Poderíamos olhar para a história da igreja e o que o povo de Deus sempre acreditou. Poderíamos olhar para os antigos credos e confissões da igreja. Poderíamos olhar para os maiores temas da Bíblia (por exemplo, a aliança, o amor, a glória, a expiação) e as passagens mais importantes (por exemplo, Gênesis 1, Êxodo 20, Mateus 5-7, João 3, Romanos 8).]

SÍNTESE DO TÓPICO II
A veracidade dos fatos narrados por Lucas pode ser comprovada peta história.

CONHEÇA MAIS
*Como o Evangelho de Lucas
Retrata a Cristo
“No Evangelho de Lucas, Cristo é retratado como o Homem Perfeito e de grande empatia. A genealogia é rastreada desde Davi e Abraão até Adão, nosso antepassado comum, apresentando-o, deste modo, como alguém da nossa raça”. Para conhecer mais leia Introdução ao Novo Testamento. CPAD, pág 77

III-A UNIVERSALIDADE DA SALVAÇÃO

1. A história da salvação. A teologia cristã destaca que Lucas divide a história da salvação em três estágios: o tempo do Antigo Testamento; o tempo de Jesus e o tempo da Igreja. O terceiro Evangelho registra as duas primeiras etapas e o Livro de Atos, a terceira (Lc 16.16). No contexto de Lucas a expressão a "Lei e os Profetas" é uma referência ao Antigo Testamento, onde é narrado o plano de Deus para o povo de Israel. A frase "anunciado o Reino de Deus" se refere ao tempo de Jesus que, através do Espírito Santo, realiza manifesta o Reino de Deus. O tempo da Igreja ocorre quando o Espirito Santo, que estava sobre Jesus, é derramado sobre todos os crentes.  [Comentário: O Evangelho de Lucas testemunha uma proposta de libertação e salvação universal, se estende a todos e a tudo, não porque o povo judeu a recusou, mas porque está no plano libertador e salvífico do Deus da vida favorecer toda a humanidade e toda a biodiversidade. O plano libertador-salvífico, segundo o evangelista Lucas, começa com o movimento de Jesus Cristo, no evangelho, e continua no livro de Atos dos Apóstolos sob a ação do Espírito Santo prolongando-se na(s) Igreja(s) – comunidades de fé, amor e esperança - pelo mundo afora. No plano teológico da obra de Lucas, o tempo da promessa é o Primeiro Testamento, o tempo de Jesus é o evangelho e o tempo da(s) Igreja(s) está em Atos dos Apóstolos. Assim Lucas apresenta uma visão unitária de um único projeto de libertação-salvação, querido pelo Deus da Bíblia, para o ser humano de todos os tempos e testemunhado em sua plenitude em Jesus de Nazaré por meio do dom e da presença do Espírito Santo nas comunidades cristãs. A cristologia de Lucas revela Jesus como eminentemente compassivo-misericordioso (Lc 7,13; 10,33; 15,20), Salvador de todos (Lc 2,32), curador de todas as doenças (Lc 19,5; 15,2); acolhedor dos samaritanos (Lc 10,29-37; 17,11-19); acolhedor amoroso das mulheres (Lc 8,2-3; 23,49) e praticamente da “comunhão de mesa” com pecadores ao sentar-se à mesa e comer junto com eles (Lc 5,29-30; 15,2; 19,7). O templo e a cidade de Jerusalém como lugares exclusivos de salvação ou revelação são superados. O povo de Israel, segundo Lucas, não é mais o “povo eleito” por excelência. Basta perceber a prioridade que Lucas dá aos samaritanos e aos gentios. Lucas nos alerta que o lugar por excelência da revelação de Deus é a pessoa de Jesus. O Menino Jesus é reconhecido como “bendito” (Lc 1,42); na sua humanidade “visita” o seu povo e toda a humanidade (Lc 1,68.78; 3,6). Deus, em Jesus, visita amorosamente o povo e dá início, assim, a um tempo de salvação, paz, reconciliação e perdão. http://www.ihu.unisinos.br/noticias/517759-evangelho-de-lucas-teologia-da-historia]

2. A salvação em seu aspecto universal. O aspecto universal da salvação, revelado no terceiro Evangelho pode ser facilmente observado pelo seu amplo destaque dado aos gentios. O próprio Lucas endereça a sua obra a um gentio, Teófilo (Lc 1.1,2). A descendência de Cristo, o Messias prometido, vai até Adão, o pai de todos, e não apenas até Abraão, o pai dos judeus (Lc 3.23-38). Fica, portanto, revelado que os gentios, e não somente os judeus, estão incluídos no plano salvífico de Deus (Lc 2.32; 24.47). Destaque especial é dado para os samaritanos (Lc 9.51-56; 10.25-37; 17.11-19). Há ainda outras particularidades do Evangelho de Lucas que mostram o interesse de Deus por toda a humanidade, especialmente os pobres e excluídos (Lc 19-1-10; 7.36-50, 23.39-43; 18.9-14). [Comentário: A genealogia de Lucas difere da que está em Mt 1.2-17, começando com Adão, ao invés de Abraão. Vemos a largura desse grande amor de DEUS na universalidade da salvação acerca da qual Lucas escreve. A própria palavra “salvação” está ausente de Mateus e Marcos e ocorre uma só vez em João. Lucas, no entanto, empregou soteria quatro vezes e soterion duas vezes. Além disto, emprega o termo “Salvador” duas vezes (e duas vezes mais em Atos), e empregou o verbo “salvar” mais frequentemente do que qualquer outro Evangelista. Lucas nos conta que a mensagem do anjo dizia respeito aos homens em geral, e não a Israel especialmente (2:14). Faz a genealogia de Jesus remontar até Adão (3:38), o progenitor da raça humana, não parando em Abraão, o pai da nação judaica (conforme faz Mateus). Conta-nos acerca dos samaritanos, como, por exemplo, quando os discípulos queriam invocar fogo contra eles (9:51-54), ou na bem conhecida parábola do Bom Samaritano (10:30-37), ou na informação de que o leproso agradecido era desta raça (17:16). Refere-se aos gentios no cântico de Simeão (2:32) e nos conta que Jesus falou com aprovação acerca de não israelitas tais como a viúva de Sarepta e Naamã, o sírio (4:25-27). Conta-nos acerca da cura do escravo de um centurião (7:2-10). Registra palavras acerca de pessoas que vem de todas as direções da bússola para assentarem-se no reino de Deus (13:39) e da grande comissão para pregar o evangelho em todas as nações (24:47). Sustenta-se geralmente que sua história da missão dos setenta (10:1-20) tem relevância para os gentios. Fica claro que Lucas tinha profundo interesse pela solicitude de Deus para com todas as pessoas. Não devemos, no entanto, entender tudo isto como se ele quisesse dizer que todos seriam salvos. Vê a igreja existente num mundo hostil. Distingue entre “os filhos do mundo” e “os filhos da luz” (16.8; cf. 12.29-30, 51 ss.). O evangelho é oferecido gratuitamente a todos os homens, mas eles têm uma responsabilidade no sentido de se arrependerem, e serão julgados no devido tempo (Atos 17:30-31). O julgamento não é um tema infrequente neste Evangelho (cf. 12.13ss.; 17.26ss.). Nem devemos entender isto no sentido de depreciar a importância de Israel no propósito de Deus. Uma das coisas fascinantes no escrito de Lucas é a maneira em que este gentio ressalta a importância do Templo e de Jerusalém. Começa e termina seu Evangelho com pessoas no templo em Jerusalém, em contraste com o Evangelho “judaico” de Mateus, cuja cena de abertura ressalta o lugar dos magos gentios e que termina com uma comissão na Galiléia no sentido de os seguidores de Jesus irem para todo o mundo. Lucas menciona que Jesus foi apresentado no Templo como nenê, e que o visitou como menino. Ocorre de novo como o clímax da narrativa da tentação de Jesus, e como o lugar para o clímax da obra de Jesus em prol dos homens. Entre estas referências, uma seção considerável do Evangelho é ocupada com uma viagem para Jerusalém (9.51-19.45; note a ênfase em Jerusalém como o destino, 9.51, 53; 13.22; 17.11; 18.31; 19.28; cf. 13.33-34). Ao todo, refere-se a Jerusalém 31 vezes em contraste com 13 vezes em Mateus, 10 vezes em Marcos e 12 vezes em João. O universalismo de Lucas é real, mas não devemos deixar que ocultasse de nós uma “qualidade judaica” muito real.] 

SÍNTESE DO TÓPICO III
Todos estão incluídos no plano salvífico de Deus: gentios e judeus.

O discipulado, para ser autêntico, deve fundamentar-se na veracidade dos fatos da fé cristã.


IV- A IDENTIDADE DE JESUS. O MESSIAS ESPERADO

1. Jesus, o homem perfeito. No Evangelho de Lucas, Jesus aparece como o "Filho de Deus" (Lc 1.35) e Filho do Homem" (Lc 5.24). São expressões messiânicas que revelam a deidade de Jesus. A primeira expressão mostra Jesus como verdadeiro Deus enquanto a segunda, que ocorre 25 vezes no terceiro Evangelho, mostra-o como verdadeiro homem. Ele é o Filho do Homem, o Homem Perfeito. Ao usar o título "Filho do Homem" para si mesmo, Jesus evita ser confundido com o Messias político esperado pelos judeus. Como Homem Perfeito, Jesus era obediente a seus pais. Todavia, estava consciente de sua natureza divina (Lc 2.4-52). É como o Homem Perfeito que Jesus enfrenta, e derrota, Satanás na tentação do deserto (Lc 4.1-13).[Comentário: O Novo Testamento se refere a Jesus como o “Filho do Homem” 88 vezes. O que isso significa? A Bíblia não diz que Jesus era o Filho de Deus? Então como Jesus também poderia ser o Filho do Homem? O primeiro significado para o termo "Filho do Homem" é usado em referência à profecia de Daniel 7:13-14: "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído." O termo "Filho do Homem" era um título Messiânico. Jesus é o único a quem foi dado domínio, glória e o reino. Quando Jesus usou esse termo em referência a Si mesmo, Ele estava atribuindo a profecia do “Filho do Homem” a Si mesmo. Os judeus daquela época com certeza estariam bem familiarizados com o termo e a quem se referia. Ele estava proclamando ser o Messias. O segundo significado para o termo "Filho do Homem" é que Jesus realmente era um ser humano. Deus chamou o profeta Ezequiel de "filho do homem" 93 vezes. Deus estava simplesmente chamando Ezequiel de um ser humano. Um filho do homem é um homem. Jesus era 100% Deus (João 1:1), mas Ele também era um ser humano (João 1:14). 1 João 4:2 nos diz: "Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus." Sim, Jesus era o Filho de Deus – Ele era Deus em Sua essência. Sim, Jesus também era o Filho do Homem – Ele era um ser humano em Sua essência. Em resumo, a frase "Filho do Homem" indica que Jesus é o Messias e que Ele realmente é um ser humano. Leia mais:http://www.gotquestions.org/Portugues/Jesus-filho-homem.html#ixzz3VjhVKV9u.]
2. O Messias e o Espírito Santo. Lucas revela que Jesus, o Messias, como Homem Perfeito, dependia do Espírito Santo no desempenho do seu ministério (Lc 4.18). Isaías, o profeta messiânico, mostra a estreita relação que o Messias manteria com o Espírito do Senhor (Is 11.1,2; 42.1). 0 Messias seria aquele sobre quem repousaria o Espírito do Senhor, tal como profetizara Isaías e Jesus aplicara a si, na sinagoga em Nazaré (Lc 4.16-19; Is 61.1).[Comentário: Os escritores dos evangelhos, especialmente Lucas, concebiam em todo o ministério de Jesus como estando sob o poder do Espírito Santo. Depois de declarar que Jesus estava “cheio do Espírito Santo” e que foi levado pelo Espírito no deserto por quarenta dias, em Lc 4.1, ele declara, em Lc 4.14, que Jesus “retornou no poder do Espírito para a Galiléia.” Isto é seguido no versículo seguinte, um resumo geral de suas atividades: “E ensinava nas sinagogas, sendo glorificado por todos.” Então, como que para completar o ensino como a relação entre o Espírito de Jesus, ele narra a visita à Nazaré e a citação por Jesus na sinagoga das palavras de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim”, com a descrição detalhada da sua atividade messiânica, ou seja, a pregação aos pobres, o anúncio da liberação aos cativos, a recuperação da vista aos cegos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor (Is 61.1). Jesus proclama o cumprimento desta profecia em si mesmo (Lc 4.21). Em Mt 12.18 uma citação de Is 42.1-3 é feita em conexão com o trabalho de cura milagrosa de Jesus. É uma passagem de rara beleza e descreve o Messias como um tranquilo e discreto ministro das necessidades humanas, dotado de poder irresistível e paciência infinita. Assim, os ideais do Antigo Testamento sobre as operações do Espírito de Deus se realizam, especialmente no ministério público de Jesus. Os termos globais da descrição tornam incontestavelmente claros em que os escritores do Novo Testamento encaravam toda a vida pública de Jesus como sendo dirigida pelo Espírito de Deus.]

SÍNTESE DO TÓPICO IV
Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus e o Filho do Homem, ressaltando tanto a sua humanidade quanto a sua divindade.

A descendência de Cristo, o Messias prometido, vai até Adão, o pai de todos, e não apenas até Abraão, o pai dos judeus.


CONCLUSÃO

O terceiro Evangelho é considerado a coroa dos Evangelhos sinóticos. Enquanto o Evangelho de Mateus enfoca a realeza do Messias e Marcos o poder, Lucas enfatiza o amor de Deus. Lucas é o Evangelho do Homem Perfeito; da alegria (Lc 1.28; 2.11; 19-37; 24.53); da misericórdia (Lc 1.78,79); do perdão (7.36-50; 19.1-10); da oração (Lc 6.12; 11.1; 22.39-45); dos pobres e necessitados (Lc A.18) e do poder e da força do Espírito Santo (Lc 1.15,35; 3-22; 4.1; 4.14; 4.17-20; 10.21; 11.13; 24.49). Lucas é, portanto, o Evangelho do crente que quer conhecer melhor o seu Senhor e ser cheio do Espírito Santo.  [Comentário: “Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem” (Lc 1.1-4). O Evangelho de Lucas apresenta Jesus não somente como o Messias prometido por Deus ao povo de Israel, mas como Salvador da Humanidade. Ele nos conta sobre os pais de Jesus, conta também sobre o nascimento de seu primo João Batista (Lc 3.16), a trajetória de José e Maria até Belém, lugar em que Jesus nasceu, e ficou numa manjedoura (Lc 2. 4-7). O Evangelho de Lucas apresenta muitos fatos importantes e lições significantes sobre Jesus Cristo. Primeiro, o Evangelho claramente estabelece que Jesus Cristo é o Messias profetizado no Velho Testamento. Segundo, o Evangelho prova que Jesus é o Filho de Deus, assim como Ele clama. Terceiro, esse evangelho confirma que Jesus tem autoridade completa sobre qualquer coisa nesse mundo, incluindo o mal (Lucas 4.12, 35, 9.38, 11.14), a natureza (Lucas 8.22-25, 9.12-17, 5.4-11), a morte (Lucas 8.41-42, 7.11-15), doenças (Lucas 5.12-13, 7.1-10, 4.38-35, 5.18-25, 6.6-10, 18.35-43), perdão de pecados (Lucas 5.24, 7.48), bênçãos (Lucas 6.20-22) e a autoridade de dar vida eterna no céu (Lucas 23.43). Jesus demonstrou o milagre de superar Sua própria morte através da Sua ressurreição depois de ter sido crucificado na cruz romana. O Evangelho de Lucas providencia uma narrativa de primeira mão dos eventos da vida de Cristo, baseado nos próprios Apóstolos ou outras testemunhas.]  “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Março de 2015

LIÇÃO 01 – O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - 2° TRIMESTRE 2015 (IEAD/PE)

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
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LIÇÃO 01 – O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - 2º TRIMESTRE 2015
(Lc 1.1-4)
INTRODUÇÃO
A lição do segundo trimestre de 2015 tem como título: Jesus, o Homem Perfeito – O Evangelho de Lucas, o médico amado, onde teremos a oportunidade de estudar treze lições baseadas no Evangelho de Lucas - o terceiro livro do NT. Nesta primeira lição, traremos importantes informações sobre a autoria, propósito, destinatário, tema do livro, contexto e data. Destacaremos características específicas do evangelho segundo Lucas; e, por fim, pontuaremos os três aspectos da contribuição lucana para a Igreja de Cristo.
I – INFORMAÇÕES SOBRE O TERCEIRO EVANGELHO
1.1 Autoria. Embora o nome de Lucas não conste, explicitamente nas páginas do evangelho que leva o seu nome, as evidências disponíveis tendem a concordar e confirmar a tradição. Clemente de Alexandria, Tertuliano, Orígenes (pais da igreja) o identificam como autor deste evangelho. Eusébio, historiador da igreja, escreveu: “Lucas, natural de Antioquia, médico de profissão, fora companheiro de Paulo por longo tempo e conhecia os demais apóstolos. Ele nos deixou em dois livros divinamente inspirados, a saber o Evangelho e Atos” (EUSÉBIO, apud, HENDRIKSEN, 2003, p. 24). Ainda “de acordo com a tradição, Lucas era um gentio. O apóstolo Paulo parece confirmar isso quando distingue Lucas daqueles que eram “da circuncisão” (Cl 4.11, 14). Isso faria de Lucas o único gentio que escreveu livros da Escritura. Ele é responsável por uma porção significativa do Novo Testamento, tendo escrito tanto o Evangelho quanto o livro de Atos (Lc 1.1-4; At 1.1-3). Muito pouco se sabe sobre Lucas. O apóstolo Paulo se refere a Lucas como médico (Cl 4.14). Eusébio e Jerônimo o identificam como natural da Antioquia da Síria (o que pode explicar por que muito do livro de Atos é centrado em Antioquia (At 11.19- 27; 13.1-3; 14.26; 15.22-23,30-35; 18.22-23). Lucas foi companheiro constante do apóstolo Paulo, ao menos no tempo entre a visão sobre a Macedônia (At 16.9-10) até a época do martírio do apóstolo (II Tm 4.11)” (MACARTHUR, 2011, p. 5 – acréscimo nosso).
1.2 Propósito do Autor e destinatário. Parece que muitas pessoas haviam escrito a respeito de Jesus e sua vida admirável, talvez de maneiras incompletas e contraditórias; e Lucas desejava suprir uma narrativa em ordem e digna de confiança para Teófilo (cujo nome significa literalmente “que ama a Deus”) (Lc 1.1-4). “Essa designação, que pode ser um apelido ou um pseudônimo, é acompanhada por um tratamento formal “excelentíssimo” possivelmente significando que “Teófilo” fosse um renomado dignitário romano, talvez um dos que haviam se voltado para Cristo “da casa de César” (Fp 4.22)” (MACARTHUR, 2011, p. 6). O fato de Lucas ter dado o mesmo título a Teófilo que deu depois a Félix (At 23.26; 24.3) e Festo (At 26.25), indica que Teófilo era uma personagem de posição e influência. “É possível também que Teófilo não fosse o único destinatário porque Lucas pode ter tido o interesse de suprir um evangelho em ordem e completo para leitores não judeus. E Lucas também desejava apresentar um Salvador universal, um grande e compassivo Médico, Mestre e Profeta, que viera aliviar os sofrimentos humanos e salvar as almas dos homens” (CHAMPLIN, 2004, vol. 3, pp. 909,910 – acréscimo nosso). “Orígenes afirmava que o Evangelho de Lucas foi escrito “por amor aos conversos gentílicos” (HENDRIKSEN, 2003, p. 36).
1.3 Tema do livro. “Enquanto João trata da divindade dAquele que tornou-se homem, Lucas ressalta a humanidade dAquele que é divino. A frase chave é o “Filho do homem” (Lc 5.23; 6.5,22; 7.34; 9.22,26,44,56,58). O versículo chave é: “O Filho do homem veio para buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19.10). É com esse intento, de destacar Jesus como Filho do homem, que Lucas narra os eventos, salientando a humanidade de Jesus. Sua genealogia é traçada até Adão (Lc 3.23-38). É esse Evangelho que registra mais detalhadamente os eventos na vida de Sua mãe, do Seu nascimento, da Sua infância e da Sua mocidade. São as parábolas de Lucas que têm mais cor humana. Contudo Lucas não se esquece, de forma alguma, da superabundante glória da divindade e da majestade de Jesus Cristo (Lc 1.32-35)” (BOYER, 2011, vol. 02, p. 16 – acréscimo nosso).
1.4 Contexto e Data. O lugar da composição deste evangelho tem de ser deixado na área das hipóteses, porquanto não temos qualquer evidência certa a esse respeito. “Embora a tradição antiga associe Lucas a Antioquia da Síria, não, poderíamos afirmar que, só por isso, Lucas ali escreveu o seu evangelho. As cidades de Roma, Éfeso e Corinto também têm sido sugeridas. Quanto a data alguns crêem que há evidências que indicam que esse evangelho foi escrito após a destruição de Jerusalém, o que também é verdade quanto ao evangelho de Mateus, o que o situaria entre 70 e 80 d.C., como data de sua autoria. Todavia, pode ter precedido a esse acontecimento; e, nesse caso, poderia ser situado entre 60 e 70 d.C. Lucas teve contatos constantes com Marcos (Cl 4.10,14; Fm 24; At 12.12,25; 13.13; 15.37,41; II Tm 4.11-13), pelo que teve acesso ao seu evangelho, provavelmente pouco tempo depois de haver sido completado” (CHAMPLIN, 2004, vol. 3, p. 909 – acréscimo nosso).
II – CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO EVANGELHO CONFORME LUCAS
CARACTERÍSTICAS REFERÊNCIAS
O evangelho
detalhista
O Evangelho segundo Lucas é a narrativa mais completa da vida de Jesus que veio até nós proveniente da era apostólica. Teve a intenção de ser uma descrição minuciosa do curso da vida do Salvador. É ele quem descreve o nascimento e a infância de Jesus Cristo e de Seu precursor (Lc 15-25; 2.26-45).
O evangelho
da oração
Lucas disse mais sobre a oração do que qualquer outro Evangelista. Ele mostra Jesus em oração nos momentos mais importantes da sua vida. Somente Lucas nos relata as parábolas do “Amigo importuno” (Lc 11.5-13), do “Juiz Iníquo” (Lc 18.1-8), e do “Fariseu e o Publicano” (Lc 18.9-14) que visam estimular a prática da oração.
O evangelho que ressalta as mulheres
Lucas em seu Evangelho dá um lugar muito especial à mulher. O relato do nascimento é dado do ponto de vista de Maria (Lc 2.26,27). Em Lucas nós lemos a respeito de Isabel, de Ana, da viúva de Naim, da mulher que lavou os pés do Jesus na casa do Simão o fariseu (Lc 1.5,6; 7.12,37). É Lucas o que nos faz vívida a imagem de Marta e Maria e de Maria Madalena (Lc 10.38-40; 24.10).
O evangelho
do louvor
Neste evangelho a frase louvando a Deus aparece com mais frequência que em todo o resto do Novo Testamento. Este louvor alcança seu ponto culminante nos três grandes hinos que Lucas registrou: o Cântico de Maria “Magnificat” (Lc 1.46-55), o Cântico de Zacarias “Benedictus” (Lc 1.68-79); e o Cântico de Simeão “Nunc Dimittis” (Lc 2.29-32).
O evangelho
das parábolas
(1) Os dois devedores (Lc 7.41-43), (2) O bom samaritano (Lc 10.25-37), (3) O amigo importuno (Lc 11.5-8), (4) O rico insensato (Lc 12.116-21), (5) Os servos vigilantes (Lc 12.35-40), (6) O mordomo (Lc 12.42-48), (7) A figueira estéril (Lc 13.6-9), (8) A grande ceia (Lc 14.16-224), (9) A construção de uma torre (Lc 14.28-33), (10) A moeda perdida (Lc 15.8-10), (11) O filho perdido (Lc 15.11-32), (12) O administrador infiel (Lc 16.1.13), (13) O senhor e seu servo (Lc 17.7-10), (15) A viúva importuna (Lc 18.1-8), (16) O fariseu e o publicano (Lc 18.10-14), (17) As dez minas (Lc 19.12-27).
O evangelho
universal
A característica mais proeminente de Lucas é que seu evangelho é universal. Jesus é para todos os homens sem distinção. O reino dos céus está aberto para os samaritanos (Lc 9.51-56). Ele mostra Jesus falando dos gentios a quem os judeus ortodoxos consideravam impuros, citando à viúva da Sarepta e a Naamã o sírio como exemplos de fé (Lc 4.25-27). Elogia o centurião romano por sua fé (Lc 7.9). E, ainda destaca as palavras do Mestre a cerca da inclusão dos gentios no Reino de Deus (Lc 13.29).
III – A CONTRIBUIÇÃO LUCANA SOB DIVERSOS ASPECTOS
3.1 Lucas como escritor. “Como historiador Lucas é um escritor extremamente cuidadoso. Os primeiros quatro versículos proclama que seu trabalho é o produto de uma investigação esmerada” (BARCLAY, p. 5 – acréscimo nosso). Ao escrever este evangelho ele fala que: (1) o evangelho é um fato não um mito ou uma lenda (Lc 1.1-b); (2) diz também que fez uma pesquisa de campo, entrevistando as testemunhas oculares (Lc 2.2-a); (3) discorre ainda a história de forma ordenada, não sem nexo (Lc 3.1-a); e (4) tinha a finalidade de dar fundamentação histórica a fé cristã (Lc 1.4).
3.3 Lucas como médico. Paulo se refere a Lucas como médico (Cl 4.14). Sem dúvida, Ele teria sido uma verdadeira ajuda para o apóstolo em suas aflições, algumas das quais eram de caráter físico. O interesse de Lucas por questões médicas é evidente pelo grande destaque que ele dá ao ministério de curas de Jesus (Lc 4.38-40; 5.15-25; 6.17-19; 7.11-15; 8.43-47, 49-56; 9.2,6,11; 13.11-13; 14.2-4; 17.12-14; 22.50-51). Vejamos ainda o recorte que Lucas dá aos detalhes das enfermidades: Lucas 4.38 com Mateus 8.14 e Marcos 1.30 (a natureza ou grau da febre da sogra de Pedro); Lucas 5.12 com Mateus 8.2 e Marcos 1.40 (a lepra); e Lucas 8.43 com Marcos 5.26 (a mulher e os médicos).
3.3 Lucas como missionário. Lucas, mais do que qualquer outro dos evangelistas, destacou o âmbito universal do convite do evangelho. Ele retratou Jesus como Filho do Homem, rejeitado por Israel, e então oferecido ao mundo. Lucas repetidamente conta relatos de gentios, samaritanos e outros personagens tidos como indignos que encontraram graça aos olhos de Jesus (Lc 7.36-50; 19.1-10; 23.43).
CONCLUSÃO
Ao estudarmos o evangelho conforme Lucas, aprendemos que Deus ama judeus e gentios e que Cristo é o Salvador de todo aquele que crê independente de cor, raça, sexo, condição social. Esta é a principal verdade que Lucas desejou dizer a Teófilo e ao mundo.

LIÇÃO 01 – O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - 2° TRIMESTRE 2015 (Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa)

O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS
  Texto Áureo Lc. 1.4 – Leitura Bíblica  Lc. 1.1-4


 Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD

INTRODUÇÃO
Este trimestre da Escola Bíblica Dominical será predominantemente cristocêntrico. Estudaremos o evangelho segundo Lucas, enfocando a vida e o ministério de Jesus. Na aula de hoje faremos uma incursão sobre os aspectos contextualizadores desse livro: autoria, data, local e destinatário. Trataremos também a respeito do gênero, contexto e ênfase teológica. Ao final, ressaltaremos a pessoa de Jesus na teologia lucana, como Servo e Filho do Homem.

1. AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIO
Esse evangelho não explicita diretamente quem teria sido o autor do livro. Irineu, um dos pais da igreja, escreveu que “Lucas, companheiro de viagem de Paulo, registrou o evangelho por este pregado em um livro”. O médico amado, como ficou conhecido esse evangelista, escreveu depois da ascensão de Jesus, durante o período que acompanhava Paulo em suas viagens missionárias (Cl. 4.14; Fm. 24; II Tm. 4.11). O autor se aproxima da teologia paulina, principalmente em relação à universalidade da salvação (Lc. 4.27; 24.47), a necessidade da fé para a salvação (Lc. 8.12; 18.8), o amor de Deus pelos pecadores (Lc. 15.11), bem como a identificação de Jesus como Senhor (Kyrios em grego). Como Paulo, Lucas não viu o Senhor em carne, por isso dependeu de informações coletadas. Esse evangelho foi escrito por volta do ano 60 d. C., provavelmente fora da Palestina, considerando que Lucas era um cristão gentio. Os estudiosos admitem que Mateus tenha escrito para os judeus, Marcos para os romanos, e Lucas para os gregos. O evangelista destinou o seu livro a Teófilo, um homem culto e influente, a quem também dedicou o livro de Atos (At. 1.1-4). É possível que Teófilo tenha recebido a fé cristã, e tenha sentido a necessidade de conhecer melhor o Salvador. Esse deveria circular entre os gentios, a fim de que todos os povos fossem alcançados pela graça salvadora de Jesus Cristo.

2. DIVISÃO, GÊNERO E ÊNFASE TEOLÓGICA
Esse evangelho, diferentemente dos demais, inicia com um prólogo, no qual o autor expõe o material que dispôs para escrever (Lc. 1.1-4). O autor destaca, em sua narrativa, a infância de Jesus, dando atenção especial também às mulheres e aos pobres. O texto pode ser assim dividido: Introdução (1.1-4.13), o ministério de Jesus na Galileia (4.14 – 9.50), relato de viagem e sermões (9.51-19.27) e o ministério de Jesus em Jerusalém (19.28 – 24;53). No texto grego esse evangelho é o maior livro do Novo Testamento, com aproximadamente 96 páginas, sendo caracterizado por um estilo literário mais refinado, bastante próximo do grego que lembra a erudição da Septuaginta, tradução grega do Antigo Testamento hebraico. A fim de evitar confusão em relação à cultura judaica, o autor deixa de enfocar aspectos tratados nos outros sinópticos, tais como os sentimentos de Jesus (Lc. 6.10; 18.22), a cura de Jesus pelo toque (Lc. 6.19;b5.13), entre outros. Logo no início Jesus é identificado como Kyrios, o Senhor (Lc. 5.8; 7.13; 10.1,41; 22.61). A narrativa lucana é caracterizada pela acuidade histórica, pois mesmo não tendo sido uma testemunha ocular, busca informações confiáveis das testemunhas oculares. Ele investigou tudo cuidadosamente, “desde o princípio” (1.3), com a meticulosidade de um historiador. O resultado pode ser identificado na exposição de relatos desconsiderados nos outros evangelhos, tais como a infância de Jesus, a pesca maravilhosa, o chamado de Pedro, as parábolas da ovelha perdida, moeda perdida e do filho perdido, do rico insensato, do administrador infiel, do fariseu e do publicano, entre outros. Lucas também é considerado um evangelista pentecostal, considerando suas alusões ao Espírito Santo, tanto no evangelho quanto em Atos.

3. JESUS, O HOMEM PERFEITO EM LUCAS
O tema central do evangelho segundo Lucas é Jesus Cristo, reconhecido como o Senhor (Lc. 2.1), e o Homem Perfeito (Lc. 5.24). Em sua narrativa Lucas ressalta a identificação de Jesus com os marginalizados, notadamente as mulheres, as crianças e os pobres. Os pecadores que eram desprezados pela sociedade eram acolhidos por Jesus (Lc. 5.1; 7.36) Até mesmo os samaritanos, que eram desdenhados pelos judeus, são alcançados pela graça de Cristo (Lc. 10.30). Lucas mostra que o amor de Deus se destina a todos, principalmente aos grupos minoritários, como os pobres. Historicamente, o autor responsabiliza a liderança judaica, em consonância com as autoridades romanas, pela morte de Jesus (Lc. 20.20,26; 23.2-25). Lucas utiliza expressões messiânicas, que aludem à divindade de Jesus, como Deus Verdadeiro. Ele faz referência ao título “Filho do Homem”, que Jesus atribuiu a Si mesmo, a fim de demonstrar sua natureza humana. Por outro lado, o Senhor também estava ciente da Sua natureza divina (Lc. 2.4-52), sendo Ele o modelo de Homem Perfeito, que enfrenta e derrota Satanás (Lc. 4.1-13). Como Homem Perfeito, Jesus dependeu da atuação do Espírito Santo, realizando por intermédio dEle, milagres e maravilhas (Is. 11.1,2; 42.1). O Messias tinha uma missão a cumprir, e essa seria realizada pelo poder do Espírito (Lc. 4.16-19; Is. 61.1). Jesus não deixou de ser Deus ao se fazer Homem, mas abdicou das prerrogativas de usar Seu poder para fazer milagres, dependendo dos dons do Espírito Santo.

CONCLUSÃO


Que dizem ser o Filho do Homem? Perguntou certa feita o próprio Jesus (Mt. 16.13-20). A resposta a esse pergunta é crucial a fim de distinguir uma cristologia falsa ou verdadeira. Ao longo das próximas aulas estudaremos com maiores detalhes a respeito da vida e ministério de Jesus, com base no evangelho segundo Lucas. Esperamos que, ao longo das próximas semanas, possamos reconhecer o senhorio de Cristo, como fez Tomé, prostrando-se aos Seus pés, chamando-O de “meu Senhor, e Deus meu” (Jo. 20.28).

LIÇÃO 13 – A IGREJA E A LEI DE DEUS - 1° TRIMESTRE 2015 (ALRS)

O Quê? DA LIÇÃO 13 - A LEI É PERFEITA OU IMPERFEITA? - 1° TRIMESTRE 2015 (ALRS)

SOBRE A RELAÇÃO LEI E EVANGELHO (Samuel Bolton)

"A lei remete-nos ao evangelho, para que possamos ser justificados; o evangelho remete-nos à lei novamente para que sejamos informados de nossos deveres, estando justificados."(Samuel bolton)

LIÇÃO 13 – A IGREJA E A LEI DE DEUS - 1° TRIMESTRE 2015 (Prof. Luciano de Paula Lourenço)

INTRODUÇÃO

Com esta Aula finalizamos o estudo do Decálogo, salientando que ele é um fundamento sólido sobre o qual podemos construir nossa vida moral; é uma moldura que continua sendo preenchida pelo andar diário no Espírito. Com relação ao Decálogo, Hans Ulrich afirma: (1)

O Decálogo é um modelo para o exercício de boas obras. As multiformes obras de misericórdia e diaconia, a defesa da honra, da propriedade e da vida do próximo, bem como as ações sociais, que visam o bem-estar social e comunitário, emanam das versões construtivas dos dez mandamentos. O cristão anda nas boas obras que Deus preparou de antemão para ele (Ef 2:10).

O Decálogo é um modelo para a vida abundante. Ele mesmo contém a promessa de bênção: “...faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos" (Ex 20:6; Dt 5:10). Repetidas vezes Deus promete Sua bênção aos que guardam diligentemente Seus mandamentos: "Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais..." (Dt 4:1). Levítico 26:3-13; Deuteronômio 5:33; 7:12-26; 28:1-14 também mostram as bênçãos decorrentes da obediência aos dez mandamentos. O profeta Isaías reconhece que, se tivesse dado ouvidos aos mandamentos do Senhor, o povo escolhido não teria passado pelo exílio, mas sim desfrutado da vida abundante. Então, a paz do Senhor seria como um rio e Sua justiça, como as ondas do mar (Is 48:18).

O Decálogo é um modelo para a transformação da sociedade. Ele não é apenas um modelo para o exercício de boas obras e um meio para a vida abundante, é também um modelo exemplar para a transformação da sociedade. A obediência simples ao Decálogo transforma as atitudes do homem para com seu próximo. Em vez de assassinar um inimigo pessoal, ele o abençoa; em vez de furtar, trabalha e ajuda ao necessitado; em vez de dizer falso testemunho, pratica e diz a verdade; em vez de roubar a mulher do próximo vive na pureza sexual e apoia o matrimônio monogâmico; em vez de cobiçar, faz atos de misericórdia. Em vez de guardar para si a fé e a experiência do senhorio de Cristo, o ser humano brilha como luz e penetra como sal neste mundo (Mt 5:14-16); não conserva este mundo na situação em que se encontra, mas transforma-o com o amor, a paz e a esperança de Deus. Não se conforma com a injustiça, a miséria e a desonestidade generalizada. É um exemplo de devoção e fidelidade a Cristo em seu lar, no trato com seus vizinhos, no exercício de boas obras, na profissão e nos deveres e responsabilidades civis, para que o reino do Senhor venha e Sua vontade seja feita tanto nos céus como na terra.

I. O QUE SIGNIFICA “CUMPRIR A LEI”?

“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir”(Mt 5:17).  Aqui, o Filho de Deus está afirmando que veio a este mundo para cumprir a Lei com todas as suas 613 disposições, ordenanças e proibições. Ele conduziu a Lei ao seu final; ela está cumprida. Por que Ele o fez? Encontramos a resposta quando lemos o versículo inteiro: “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). Jesus cumpriu a Lei para todos, mas Sua obra é eficaz apenas para todo aquele que crê.

Segundo Samuel Rindlisbacher, o Senhor Jesus, cabeça da Igreja (Ef 5:23), validou toda a Lei Mosaica, inclusive as 613 disposições, ordens e proibições, ao afirmar: “É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei” (Lc 16:17). Ele avançou mais um passo, dizendo: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5:17). Jesus, ao nascer, também foi colocado sob a Lei: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4:4). Ele foi criado e educado segundo os preceitos da Lei, pois cumpria suas exigências. Todavia, foi essa mesma Lei que O condenou à morte. Quando tomou sobre Si todos os nossos pecados, teve de morrer por eles, pois a Lei assim o exige. Vemos que a Lei foi cumprida e vivida por Jesus, e através dEle ela alcançou seu objetivo. Por isso está escrito que “... o fim da Lei é Cristo” (Rm 10:4).

Quando sou confrontado com a Lei Mosaica, ela me apresenta uma exigência que devo cumprir. Deus diz em Sua Lei: “... eu sou santo...” e exige de nós: “... vós sereis santos...” (Lv 11:44-45). Assim, a Lei me coloca diante do problema do pecado, que não posso resolver sozinho. O apóstolo Paulo escreve: “... eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado” (Rm 7:14).

A lei expõe e revela nossa incapacidade de atender às exigências divinas, pois ela nos confronta com o padrão de Deus. Ela nos mostra a verdadeira maneira de adorá-lo, estabelece as diretrizes segundo as quais devemos viver e regulamenta nossas relações com nosso próximo. Além disso, a Lei é o fundamento que um dia norteará a sentença que receberemos quando nossa vida for julgada por Deus. Pela Lei, reconhecemos quem é Deus e como nós devemos ser e nos portar. Mas existe uma coisa que a Lei não pode: ela não consegue nos salvar. Ela nos expõe diante de Deus e mostra que somos pecadores culpados. Essa é sua função.

II. O SENHOR JESUS VIVEU A LEI

Deus enviou a sua Lei com os preceitos morais, civis e cerimoniais para ajudar as pessoas a amá-lo com seu coração e mente. Entretanto, na época de Jesus os lideres religiosos haviam transformado a Lei de Deus em confuso emaranhado de regras. Quando Jesus falou sobre nova forma de entender a Lei, Ele estava tentando fazer com que as pessoas se voltassem ao seu significado original. Jesus não falava contra a Lei, mas contra os danos e excessos aos quais ela havia sido submetida.

Os textos de Mateus 5:17,18 mostram a expressa e total obediência de Jesus à Lei do Antigo Testamento, pois a Lei não pode ser anulada. Jesus não veio como um rabino trazendo um ensino recém-elaborado, Ele veio como o Messias prometido com uma mensagem que fora transmitida desde o início dos séculos – “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir”. Jesus completa e transcende a Lei. Ele viveu a Lei. Ele cumpriu todos os preceitos.

Quanto aos preceitos morais, o pr. Esequias Soares diz que os Dez Mandamentos são representados pelos dois grandes mandamentos: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mc 12:28-33). Na verdade, “desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22:40). Trata-se de uma combinação de duas passagens da lei (Lv 19.18; Dt 6.4,5). São preceitos que foram resgatados na Nova Aliança e adaptados à graça, de modo que a Igreja segue a lei de Cristo, ou seja, a lei do amor, e não o sistema mosaico (Rm 6:14; 13:9,10;Gl 5:18).

Quanto aos preceitos cerimoniais, o Senhor Jesus cumpriu o sistema cerimonial da lei na sua morte (Lc 24:46). As instituições de Israel com suas festas, os holocaustos e os diversos tipos de sacrifícios da lei de Moisés eram tipos e figuras que se cumpriram em Cristo (Hb 5:4,5; 1Co 5:7). Assim, as cerimônias cessaram, mas o significado foi confirmado (Cl 2:17). 

Quanto aos preceitos civis, segundo o pr. Esequias Soares, Jesus cumpriu também o sistema jurídico da lei. Com sua morte, Ele transferiu os privilégios de Israel para a Igreja (1Pe 2:9,10). Jesus disse às autoridades judaicas que "o Reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que dê os seus frutos" (Mt 21:43). Com isso, Israel deixou de ser um Estado Teocrático. A Igreja é a plataforma de Deus na Terra, a coluna e firmeza da verdade (1Tm 3:15).

Portanto, a Lei do Antigo Testamento deve ser agora interpretada e reaplicada à luz de Jesus. Deus não mudou de ideia e a vinda de Jesus fazia parte do plano de Deus para trazer novamente o ser humano ao status quo da Criação.

III. A LEI NÃO PODE SER REVOGADA

Jesus posicionou-se claramente a favor do código legal mosaico, pois disse: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17). “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido” (Mt 5:18).

Entretanto, Ele rejeitou com veemência as ordenanças humanas e as obrigações impostas apenas pela tradição judaica (compiladas, posteriormente, no Talmude), afirmando: “Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens, como o lavar dos jarros e dos copos, e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição. invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas” (Mc 7:8-10,13).

A maioria dos líderes revolucionários se desfaz de todas as ligações com o passado e repudiam a ordem tradicional em questão, mas o Senhor Jesus Cristo não. Ele sustentou a lei de Moisés e insistiu em que ela tinha de ser cumprida.

Jesus não veio para revogar a Lei ou os profetas, mas para cumprir. Ele deixou bem claro que nem um “jota” ou um “til” jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. O “jota” é a menor letra do alfabeto hebraico; ocupa a metade da linha na escrita, é a décima letra e se chama iode; o “til” é um pequeno sinal diacrítico que serve para distinguir uma letra da outra. Jesus acreditava na inspiração literal da Bíblia, mesmo que fosse aparentemente um detalhe insignificante. Nada nas Escrituras, mesmo o menor “til”, existe sem significado.

“... até que o céu e a terra passem...”.  Jesus não só cumpriu a lei, mas “até que o céu e a terra passem” (significando até o fim do mundo) a lei não será modificada. Nem um jota ou um til se omitirá da lei, nem o menor traço de uma pena será colocado ao lado da lei de Deus. A afirmação de Jesus certifica a absoluta autoridade de cada palavra e letra da Escritura. Tudo o que foi profetizado na lei de Deus será cumprido, e os seus propósitos serão alcançados. Tudo se cumprirá.

E Jesus continua dizendo:

“Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus “(Mt 5:19).

Notamos que Jesus antecipou uma tendência natural das pessoas de abrandar os mandamentos de Deus. As pessoas tendem a atenuar, racionalizar os significados. Mas aquele, pois, que violar um destes mandamentos, e ensinar outras pessoas a fazerem o mesmo, será considerado omenor no reino dos céus. O espantoso é que tais pessoas são permitidas no reino, mas devemos lembrar que a entrada no reino é determinada por sua obediência e fidelidade enquanto estiver na terra.

Como a Lei e os Profetas apontam na direção de Jesus e dos seus ensinos, aquele que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. Aqueles que tratarem qualquer parte da Lei como “pequena” e, portanto, passível de ser infringida, serão chamados de “menores” e, provavelmente excluídos. Jesus explicou aos seus discípulos que os homens responsáveis pela transmissão da mensagem deveriam viver e ensinar cuidadosamente, levando em consideração a importância da Palavra de Deus, se quiserem realizar grandes conquistas para Ele.

IV. A LEI E O EVANGELHO

A lei não foi dada como meio de salvação (At 13:39; Gl 2:16,21; 3:11), mas com a intenção de mostrar ao povo sua pecaminosidade (Rm 3:20b; 5:20; 7:7; 1Co 15:56; Gl 3:19) e então encaminhá-lo a Deus para a graciosa salvação oferecida por ele. Foi dada à nação de Israel, apesar de conter princípios morais válidos para o povo de qualquer época (Rm 2:14,15). Deus testou Israel sob a lei como um exemplo da raça humana, e a culpa de Israel provou a culpa do mundo (Rm 3:19).

A lei tinha atrelada a ela a penalidade da morte (Gl 3:10); e a quebra de um mandamento tornava o homem culpado de todos (Tg 2:10), já que as pessoas tinham quebrado a lei, estavam sob pena de morte. A retidão e a santidade de Deus exigiam que a penalidade fosse paga. Foi por essa razão que Jesus veio ao mundo: para pagar a penalidade por meio da sua morte. Ele morreu como substituto para os transgressores da lei, a pesar de ele mesmo não ser transgressor. Ele não deixou a lei de lado; pelo contrário, preencheu todas as exigências da lei cumprindo os mais rígidos requisitos mediante sua vida e morte. Assim, o evangelho não derruba a lei, mas a sustenta, e mostra como as exigências da lei foram totalmente satisfeitas pela obra redentora de Cristo.

Portanto, a pessoa que confia em Jesus não está mais sob a lei, está sob a graça (Rm 6:14). Ela está morta para lei por intermédio da obra de Cristo. A penalidade da lei deve ser paga uma única vez; já que Cristo pagou a pena, o crente não precisa pagá-la. É nesse sentido que a lei perdeu o brilho para o crente (2Co 3:7-11). A lei era um preceptor até a chegada de Cristo, mas, após a salvação, esse preceptor não é mais necessário (Gl 3:20,25).

No entanto, enquanto o crente não está sob a lei, isso não significa que ele está sem lei. Ele está atado por uma corrente mais forte que a lei, pois ele está sob a lei de Cristo (1Co 9:21). Seu comportamento está moldado não por temor à punição, mas por um desejo de agradar o Salvador. Cristo se tornou a lei da sua vida (João 13:15; 15:12; Ef 5:1,2; 1João 2:6; 3:16).

Uma pergunta comum numa discussão quanto à atitude do crente para com a lei é: “Devo obedecer aos Dez Mandamentos?”. A resposta é que certos princípios contidos na lei são de relevância duradoura. Sempre foi errado roubar, cobiçar ou assassinar. Nove dos Dez Mandamentos são repetidos no Novo Testamento, com uma distinção importante: não foram dados como lei (atrelados a uma penalidade), mas como treinamento para a justiça ao povo de Deus (2Tm 3:16b). O único mandamento não repetido é o preceito do sábado; os crentes nunca são ensinados a guardar o sábado (isto é, o sétimo dia da semana – sábado).

O ministério da lei para os que não são salvos ainda não cessou: “Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo” (1Tm 1:8). E seu uso legítimo é produzir o conhecimento do pecado e, assim, levar ao entendimento. Mas a lei não é para os que já são salvos: “não se promulga lei para quem é justo” (1Tm 1:9).

A justiça exigida pela lei é cumprida naqueles “que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8:4). De fato, os ensinamentos do Senhor no sermão do Monte estabeleceram um padrão mais elevado que o estabelecido pela lei. Por exemplo, a lei disse: “Não matarás”. Jesus, porém, disse: “Nem mesmo irai-vos”. Portanto, o sermão do Monte não apenas sustenta a lei e os profetas, mas os intensifica e os conduz implicações mais intensas (2) .

CONCLUSÃO

O nosso Senhor resumiu toda a lei ao dizer que o seu objetivo é levar os homens à plenitude do amor. Portanto, quer cumprir a Lei de Deus de todo coração? Ame! Contra o amor não há lei. Por quê? O amor é o cumprimento da lei. Em vez de decorarmos uma lista de "pode não pode", devemos fazer tudo baseado no amor divino, então cumpriremos a lei de Deus na íntegra.  Disse o apóstolo Paulo: “... tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13:9,10).

Deus os abençoe sobremaneira e até o próximo trimestre, se Deus quiser!

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com