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LIÇÃO 13 – A IGREJA E A LEI DE DEUS - 1° TRIMESTRE 2015 (IEAD/PE)

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 13 - A IGREJA E A LEI DE DEUS - 1º TRIMESTRE 2015
(Mt 5.17-20; Rm 7.7-12)
INTRODUÇÃO
A Lei e os profetas duraram até João Batista e tiveram seu cumprimento pleno em Jesus Cristo. Todavia, os
princípios morais nela contidos devem ser praticados pelos cristãos, com exceção do sábado como nos ensina o NT. Nesta
lição destacaremos as diferenças entre Israel e a Igreja pois ambos encontram-se sob alianças diferentes. Destacaremos
ainda se a Igreja necessita guardar a lei ou não; e por fim, veremos que o amor é o cumprimento da Lei.
I – A LEI, SUA TRÍPLICE DIVISÃO E SEU CUMPRIMENTO EM CRISTO
“A Lei de Deus contida no Pentateuco, é a expressão máxima da vontade Divina quanto a condução dos negócios,
interesses e necessidades humanas na família, na sociedade e no Estado. Embora entregue a Israel, a parte ética da Lei de
Deus é aplicável aos demais povos, tendo em vista a sua universalidade e reivindicações eternas (ANDRADE, 2006, p.
252). Segundo Stamps (1995, p, 146) a Lei de Moisés, do hebraico “Torah” que significa “ensino ou instrução” admite
uma tríplice divisão: (a) a lei moral, que trata das regras determinadas por Deus para um santo viver (Êx 20.1-17); (b) a
lei civil, que trata da vida jurídica e social de Israel como nação (Êx 21.1 – 23.33); e, (c) a lei cerimonial, que trata da
forma e do ritual da adoração ao Senhor por Israel, inclusive o sistema sacrificial (Êx 24.12 – 31.18). Toda esta lei durou
até João Batista (Mt 11.13) e foi cumprida completamente por Cristo (Mt 5.17).
II – A LEI MORAL É IRREVOGÁVEL
As leis morais de Deus são aquelas leis que são baseadas na natureza de Deus. O próprio Deus é o padrão
absoluto de justiça. Visto que as leis morais refletem sua natureza e caráter, elas são “imutáveis e irrevogáveis, mesmo
pelo próprio Deus. Visto que a natureza moral de Deus não muda e não pode mudar (Êx 3.14; Is 41.4; Hb 1.11, 12), as leis
que são baseadas nessa natureza são absolutas. Elas são perfeitas, universalmente obrigatórias, e eternas. A lei moral de
Deus é resumida nos Dez Mandamentos (o Decálogo). O número dez na Escritura indica plenitude ou completude. Assim,
os Dez Mandamentos representam o padrão ético inteiro dado à humanidade por toda a Bíblia. Diante dessa afirmação
nos perguntamos: se os dez mandamentos dados na Antiga Aliança já passaram, vivem então os cristãos sem eles? Podem
tomar o nome de Deus em vão, matar, roubar etc.? Por certo que não, pois que o Novo Testamento proíbe tais pecados
(Êx 20.3; Mt 4.10; Êx 20.4; Lc 16.13; Êx 20.7; Mt 5.34; Êx 20.8; At 15.28,29; Êx 20.12; Mt 10.37; Êx 20.13; Mt 5.22; Êx
20.14; Mt 5.28; Êx 20.15; Mt 5.40; Êx 20.16; Mt 12.36; Êx 20.17; Lc 12.15). Somente a guarda do sábado é que não
encontramos referência no NT para que o cristão guarde (At 15.28,29; Cl 2.16).
III – AS DIFERENÇAS ENTRE A ANTIGA E A NOVA ALIANÇA
O termo pacto ou aliança em hebraico é de berit, e berit karat que significa “fazer (lit. ‘cortar’ ou ‘lapidar’) uma
aliança”. Em grego o termo é diatheke (que pode significar tanto um “pacto” como “último desejo e testamento”), e o
verbo diatithemi (At 3.25; Hb 8.10; 9.16; 10.16). Uma aliança é um acordo feito entre duas ou mais pessoas. A Antiga
Aliança foi feita no deserto do Sinai entre Deus e a nação de Israel (Êx 19; 24). Já a Nova Aliança foi feita por Cristo na
cruz do Calvário entre Deus e a Igreja (Mt 26.28). Vejamos as diferenças entre ambas alianças, a fim de que possamos
entender a superioridade de uma em relação a outra.
ANTIGA ALIANÇA NOVA ALIANÇA
Antiga (Êx 34.27-28) Nova (Jr 31.31-34; Hb 12.24)
Ratificada com sangue de animais (Êx 24.6-8) Ratificada com o sangue do Filho de Deus (Hb 9.14; Lc 22.20)
Mediador: Moisés (II Co 3.7-b) Mediador: Cristo (II Co 3.3-14; Hb 8.6- 9,15)
Alcance: Israel (Êx 24.7,8) Alcance: Povos, tribos, línguas e nações (Mt 26.28; Ap 5.9)
Gravada em pedras (II Co 3.7-a) Escrita no coração (II Co 3.2,3)
Veio em glória (II Co 3.7-a) Tem excelente glória (II Co 3.10)
Ministério da condenação (II Co 3.9) Ministério da justificação (At 13.38,39)
É um jugo de servidão (At 15.10) Traz liberdade (II Co 3.17)
Acaba com morte (II Co 3.6,7) Vivifica (II Co 3.6)
Era transitória (II Co 3.7,11) É permanente (II Co 3.11; Hb 13.20)
IV – A IGREJA DEVE GUARDAR OU NÃO A LEI
A palavra “lei”, nas quatrocentas vezes em que ocorre na Bíblia, nunca se refere apenas ao decálogo como sendo
este a lei moral, nem aos demais preceitos como sendo lei cerimonial. Toda vez que o Novo Testamento fala de lei referese
à lei contida no Pentateuco como um todo. Cristo nos libertou da maldição da lei fazendo-se maldição por nós
(Gl 3.13). Pelo fato de, como cristãos, estarmos libertos da lei, não significa que estamos sem lei, pois estamos debaixo da
lei de Cristo (I Co 9.21).
4.1 Neolegalismo. O legalismo é a “tendência a se reduzir a fé cristã aos aspectos puramente materiais e formais das
observâncias práticas e obrigações eclesiásticas. No Novo Testamento, o legalismo foi introduzido na Igreja Cristã pelos
crentes oriundos do Judaísmo que, interpretando erroneamente o evangelho de Cristo, queriam forçar os gentios a
guardarem a Lei de Moisés afim de serem salvos” (ANDRADE, 2006, p. 251). Os modernos defensores do neolegalismo
procuram enganar os incautos com citação de textos bíblicos isolados, os quais eles torcem em favor de seus pontos de
vista. Mas a Bíblia, inspirada pelo Espírito Santo, constitui um todo em si mesma. “Só podemos aceitar como doutrina
bíblica aquelas que estão respaldadas em todo o contexto bíblico. É errado considerar toda palavra “mandamento” como
uma referência ao Decálogo, e é errado ensinar que Jesus cumpriu na cruz somente os mandamentos “cerimoniais”, ele
cumpriu toda a Lei em si mesmo” (ALMEIDA, 1996, p. 09).
4.2 Antinomismo (contra lei). “Doutrina que assevera não haver mais necessidade de se observar as leis morais do
Antigo Testamento. Alegam os antinomistas que, salvos pela fé em Cristo Jesus, já estamos livres da tutela de Moisés.
Ignoram, porém, serem as ordenanças morais do Antigo Testamento pertencentes ao elenco do direito natural que o
Criador incrustara na alma de Adão. Todo crente piedoso os observa; pois o Cristo não veio ab rogá-los; veio cumpri-los e
sublimá-los” (ANDRADE, 2006, p. 51). Certos grupos libertinos que vieram depois de Paulo, levaram seus ensinamentos
ao extremo. Estes afirmavam que, desde que uma pessoa tivesse fé em Cristo (isto é, cresse nas coisas certas a respeito de
sua divindade e em sua obra realizada para conceder perdão), não importaria se os atos dela fossem bons ou maus. O
próprio Paulo havia previsto este abuso, repudiando-o completamente (Rm 6.1,2).
V – O AMOR É O CUMPRIMENTO DA LEI
A obediência aos mandamentos somente por obediência, trata-se de puro legalismo. O intuito divino é que o
mandamento fosse obedecido por amor. Esse padrão está delineado tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (Dt 6.5;
11.1; Mt 22.37-39; Lc 10.27).
5.1 O amor a motivação certa para a obediência da Lei. Deus esperou de Israel que a Lei entregue por Ele, fosse
obedecida tendo como motivação o amor e não por medo, interesses pessoais ou por obrigação (Dt 6.5; 11.1), embora a
sujeição a Lei tinha como implicações o temor, as bençãos materiais e o compromisso assumido na aliança (Êx 20.20;
24.7; Is 1.19; Dt 28.1-2; Lv 26.15). A palavra motivação diz respeito a intenção, propósito ou objetivo com que se faz as
coisas. Foi justamente nesse ponto que o povo de Israel tropeçou (Is 29.13; Mt 15.8). A mesma motivação se exige dos
cristãos no NT (Jo 14.15,21;23-24; I Jo 5.2).
5.2 O amor é o cumprimento da Lei. Ao ser indagado sobre qual os dois maiores mandamentos da Lei, Jesus respondeu:
“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração [...] este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante
a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.30,31). Como podemos ver, o amor é o cumprimento da Lei
(Mt 22.35-40). Essa mesma perspectiva nos ensinou o apóstolo Paulo (Rm 13.8,10).
5.3 O amor a capacidade para a cumprimento da Lei. No ato da conversão, o Espírito Santo passa a habitar no crente e
a produzir o fruto do Espírito, que são qualidades morais e espirituais cultivadas na personalidade cristã dentre eles o
amor (Gl 5.22). A Bíblia diz que Deus é amor (Ef 5.2; I Jo 4.8) e ele nos confere o seu amor, pela operação do Espírito na
alma. O amor é a virtude que pré dispõe alguém desejar o bem de outrem. Do grego “ágape”, é o maior de todos os
sentimentos e o fundamento sobre o qual os dons e as as outras virtudes do Espírito Santo estão edificados (I Co 13.1-3).
“O amor é uma planta tenra da qual o Espírito cuida. Se o amor estiver ausente, então é que o Espírito não habita em nós”
Assim sendo, é impossível amar a Deus e odiar a um ser humano. Só ama verdadeiramente aquele que nasceu de Deus,
porquanto o “amor cristão” é uma qualidade eminentemente espiritual. Outrossim, aquele que não ama também não
conhece a Deus (I Jo 4.8), porque Deus é a própria essência do amor, sendo altruísmo puro. Por semelhante modo, não
amar é andar nas trevas (I Jo 2.11)” (CHAMPLIN, 2004, vol. 1, p. 141).
CONCLUSÃO
A Lei não foi concedida a Israel como um fim em si mesma, pois o homem por si só não tem condições de
cumpri-la, fazendo-se necessário ser salvo pela graça independente das obras. Todavia, este homem depois de salvo, passa
a produzir, pelo Espírito a virtude do amor que lhe dá condições de andar nos princípios da Lei.