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LIÇÃO 02 – O NASCIMENTO DE JESUS - 2° TRIMESTRE 2015 (IEAD/PE)

INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos algumas profecias do AT que tratam do nascimento de Jesus, estudaremos alguns aspectos
relacionados quanto ao local de sua natividade e a observância da Lei pelos seus pais. Ainda analisaremos a doutrina do
auto esvaziamento ou kenosis e também da união das duas naturezas que conhecemos como união hipostática.
I - O NASCIMENTO DE JESUS E AS PROFECIAS DO AT
Muitas pessoas duvidam que Jesus tenha realmente nascido e existido, mas muitos historiadores escreveram sobre
Ele como os historiadores romano Tácito, Plínio, o historiador judeu Flávio Josefo e até o Talmude se refere a Jesus de
Nazaré como uma pessoa histórica. Os dois primeiros capítulos do Evangelho de Lucas preocupam-se com as
circunstâncias do nascimento de Jesus e indicam claramente que a vinda do Salvador foi uma intervenção direta de Deus
nos negócios humanos. Há mais de trezentas referências do AT que se cumpriram em Jesus. Vejamos algumas:
PROFECIA PROFETIZADO EM: CUMPRIDO EM:
O Messias seria filho da mulher Gn 3.15 Gl 4.4
O Messias seria descendente de Abraão, Isaque e Jacó Gn 12.3; 17.19; 28.14 At 3.25; Lc 3.23; Mt 1.1-13
O Messias descenderia da tribo de Judá Gn 49.10; Sl 2.6-9 Lc 3.33,34; Mt 1.2-3
O Messias descendente de Davi e herdeiro do trono II Sm 7.12-13; Sl 132.11; Jr 23.5 Mt 1.1,6
O Messias nasceria de uma virgem Is 7.14 Mt 1.18 Lc 1.26-35
O Messias seria chamado do Egito Os 11.1 Mt 2.15
O Messias nasceria em Belém Mq 5.2 Mt 2.1-2
II – O NASCIMENTO DE JESUS, LOCAL E O TEMPO
Sete séculos antes de Cristo, já havia profecia sobre seu nascimento. O profeta Miqueias é bem explícito em indicar
o lugar desse acontecimento de forma peremptória (decisiva, incontestável) e inegável dando-lhe seu antigo nome aramaico
Efrata, além do nome hebraico Belém, ambos significando “casa de pão”. Tanto a divindade como a humanidade de Cristo
são claramente apresentadas neste versículo: como Homem, nasceu na estrebaria em Belém; como Deus, existia “desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Is 7.13,14; 9.6,7) (SHEDD, 1997, p. 1287 – acréscimo nosso). Lucas é o
único autor dos Evangelhos que data o seu material relacionando-o com o imperador reinante da época (Lc 3.1).
Analisemos:
3.1 “E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse”
(Lc 2.1). A expressão “Todo o mundo...” significa todo o império romano, e não todo o mundo conhecido. Augusto
ordenou que se fizesse um alistamento do império, o qual serviria de base para o lançamento dos impostos. O decreto foi
assinado cerca de 8 a.C., mas provavelmente não entrou em vigor senão alguns anos mais tarde (MOODY, sd, p. 13).
3.2 “Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino presidente da Síria” (Lc 2.2). Sulpicius Quirinius foi eleito
governador da Síria em 6 d.C., e realizou um recenseamento na Judéia naquela ocasião. Há boas evidências de que ele foi
governador duas vezes, e que o seu primeiro governo foi de 4 a.C. a 1 d.C. O recenseamento anterior devia estar
terminando quando ele assumiu o governo pela primeira vez (MOODY, sd, p. 14).
3.3 “E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade” (Lc 2.3). Na Judeia cada homem voltava à cidade dos seus
ancestrais onde ficavam guardados os registros de sua família. Tanto José quanto Maria (que estava prestes a dar à luz)
eram descendentes de Davi e, portanto, foram para a capital da sua tribo para serem registrados, uma viagem difícil de mais
de 112 quilômetros através de um terreno montanhoso (MACARTHUR, 2011, p. 11).
III – O NASCIMENTO DE JESUS E A OBSERVÂNCIA DA LEI
Lucas passa a nos contar algo acerca do menino Jesus (Lc 2.21-40). Sua coletânea de informações é maior do que
em qualquer dos demais Evangelhos. A circuncisão (Lc 2.21). Jesus foi circuncidado no oitavo dia de acordo com a lei
judaica (Gn 17.12). Nasceu “sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei” (G1 4.4-5) e foi, portanto, sujeitado às
exigências da lei. Lucas dá ênfase à nomeação do menino, como lhe chamara o anjo. A apresentação no Templo (Lc 2.22-
24). Duas cerimônias bem separadas são envolvidas aqui: a apresentação do menino e a purificação da mãe. A apresentação
do menino segue-se do fato de que todo primogênito ao Senhor será consagrado (Êx 13.2, 12, 15; Nm 18.15). Embora
Lucas não mencione o fato, sem dúvida os cinco siclos usuais foram pagos para “redimir” o primogênito (Nm 18.15-16).
A lei levítica estipulava que, depois do nascimento de um filho, uma mulher ficaria impura durante os sete dias até
a circuncisão do menino, e que, por mais trinta e três dias, devia manter-se afastada de todas as coisas sagradas num total
de 40 dias de purificação (para uma filha, o tempo era dobrado Lv 12.1-5). Na ocasião, devia sacrificar um cordeiro e uma
pomba ou pombo. Se fosse pobre demais para um cordeiro, bastaria uma segunda pomba ou pombo (Lv 12.6-13). A oferta
de Maria, portanto, foi a dos pobres.
IV - O NASCIMENTO DE JESUS E O “AUTO-ESVAZIAMENTO” OU KENOSIS
O vocábulo “kenosis”, é oriundo do verbo grego, “kenoun”, que significa “esvaziar”. Talvez ele tenha relação com
expressões do AT na Septuaginta (Tradução do Antigo Testamento para o hebraico), que descreve o ato de “derramar” (Gn
24.20), “esvaziar” (Is 53.12). A expressão “ekenôsen” não tem a intenção de falar do sentido metafísico, isto é, que Cristo
tenha se despojado de seus atributos divinos, mas é uma expressão da totalidade de sua autorrenúncia. Ele não quis usar de
todos os seus direitos pessoais e seus interesses a fim de assegurar o bem-estar dos outros (MOODY, sd, p. 15). Abaixo
destacaremos duas interpretações da kenosis para melhor nosso melhor entendimento:
4.1 A maneira errada desta doutrina. A kenosis ou Teoria Kenótica ou ainda Teologia Kenótica surgiu quando vários
teólogos interpretaram Filipenses 2.5-7 erroneamente ensinando que Jesus deixou de ser Deus no seu auto esvaziamento.
Essa opinião da doutrina da kenosis postula que Jesus se “esvaziou da forma de Deus”, retendo apenas os atributos éticos
de sua divindade como amor, misericórdia, paz etc, e abriu mão dos atributos infinitos como onipotência, onipresença,
onisciência assumindo qualidades humanas.
4.2 A maneira correta desta doutrina. Concordamos com a ideia do “auto esvaziamento de Cristo”, mas não com a
noção de que ele deixou de ser divino, como alguns teólogos afirmam. A kenosis foi mais uma aquisição de atributos
humanos do que uma desistência dos atributos divinos. O Logos se tornou carne e, enquanto nesta forma, assumiu uma
subordinação temporária. Em outras palavras, sendo o Deus encarnado, ele livremente deixou de usar seus atributos (não
deixou de tê-los) especialmente os atributos incomunicáveis, como onipresença ou onipotência, embora estes atributos
ainda fizessem parte de sua natureza divina. [...] ao retornar ao trono celestial, ele assumiu novamente a plena igualdade,
em todos os sentidos, com o Pai (FERREIRA, 2010, pp. 529,530).
V - O NASCIMENTO DE JESUS E A UNIÃO “HIPOSTÁTICA” OU A UNIÃO DAS DUAS NATUREZAS
A afirmação correta da plena divindade de Cristo, bem como de sua plena humanidade, tem implicações
soteriológicas fundamentais. Cristo é 100% Deus e 100% homem. A doutrina da união “hipostática” é definida pela
existência de Cristo em duas naturezas, divina e humana, que não se fundem nem se alteram; por outro lado, não se
separam e nem se dividem, compondo e estabelecendo uma só pessoa e uma só “subsistência” eternamente (GRUDEM,
1999, p. 454). Em suma, isso quer dizer que Cristo é plenamente divino e totalmente humano para todo o sempre, visto que
Cristo, mesmo agora, na eternidade, possui um corpo humano (At 1.11; Ap 5.6). Vejamos:
5.1 Jesus é plenamente Deus. Há abundante relato bíblico afirmando a divindade de Cristo. Jesus é apresentado na
Escritura como sendo preexistente (Jo 1.3; 1Co 15.47), qualidade logicamente restrita à Deidade. O Senhor também
manifestou, mesmo em sua primeira vinda, todos os atributos chamados incomunicáveis, logicamente pertencentes somente
a Deus (Jo 17.5; Hb 13.8; Mt 18.20; Jo 2.23; Jo 5.17; etc.). Do fato de Cristo ter, ele mesmo, perdoado pecados (Mt 9.2),
aceitado adoração (Jo 13.13), exercido poder sobre demônios e realizado milagres e sinais (Jo 5.21), além de ter declarado
explicitamente sua divindade (Jo 10.30), depreende-se também a realidade de sua natureza divina.
5.2 Jesus é plenamente homem. Tal como a Escritura declara nitidamente a divindade de Cristo, aponta também sua plena
humanidade. Esta humanidade pode ser vista no fato de que Cristo chamava a si mesmo por nomes que designam
humanidade (Lc 19.10), e foi assim chamado por seus apóstolos (1Tm 2.5). Como homem, Cristo esteve sujeito às
limitações condizentes ao ser humano: sentiu fome, sede, se cansou, chorou etc. (Mt 4.2; Jo 19.28; 4.6; 11.35). Cristo
também possuía e possui uma natureza humana completa, isto é, ele não tinha (ou tem) apenas um corpo humano (Lc 2.52),
mas também alma e espírito humanos (Mt 26.38; Lc 23.46). Em suma, Cristo, desde sua encarnação, é um ser humano
completo. Em Cristo, Deus se fez homem e, novamente, se assim não fosse, não poderia redimir a humanidade. Quem
recebeu a promessa de morte não foi o corpo de um ser humano, mas um homem completo, com sua constituição material e
imaterial. Logo, somente alguém que possuísse uma natureza humana completa poderia sofrer a penalidade estipulada
(MORRIS, 2007, p. 83).
CONCLUSÃO
Aprendemos que Jesus é Deus, que há diversas profecias a seu respeito no AT que se cumpriram cabalmente no
NT, e ainda estudamos sobre duas importantes doutrinas sobre a pessoa do Cristo, a saber, a doutrina do auto esvaziamento
e a das duas naturezas com suas inferências na ortodoxia cristã.